Cibersegurança : imperativo estratégico para os negócios
O mundo digital exige vigilância permanente e ação rápida
ADRIANA AYRES
13/05/2025 16h55 - Atualizado há 7 horas
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Diante de um mundo cada vez mais conectado, onde dados, transações e decisões circulam em ambientes digitais complexos e vulneráveis, a cibersegurança deixa de ser um assunto exclusivo das áreas técnicas para se tornar pauta prioritária nos Conselhos de Administração, Conselhos Consultivos e na alta gestão de empresas de todos os portes e setores. O desafio é urgente. Prova disso são os casos que se acumulam ao redor do mundo. Recentemente, em Hong Kong, um episódio emblemático mostrou o alcance das ameaças tecnológicas: criminosos utilizaram deepfake para simular uma reunião virtual, clonando a imagem e a voz de diretores financeiros e outros executivos. O golpe milionário foi possível porque, naquela chamada, a única pessoa real era a vítima. Situações como essa não estão restritas a grandes multinacionais — elas podem atingir qualquer organização ou indivíduo. Eu mesmo passei por isso, quando um notebook em minha casa foi invadido e os dados do meu filho sequestrados com um pedido de resgate em criptomoedas. Ninguém está imune. As estatísticas são alarmantes. De acordo com o relatório Cost of a Data Breach 2024, da IBM, o custo médio de um ataque cibernético já ultrapassa US$ 4,8 milhões por incidente. Segundo a Cybersecurity Ventures, o prejuízo global anual deve chegar a impressionantes US$ 10,5 trilhões até 2025. Na América Latina, a média de perda por empresa é de US$ 1,42 milhão, segundo a LexisNexis Solutions. No Brasil, 41% das companhias identificam incidentes cibernéticos como a maior ameaça aos negócios — à frente, inclusive, das mudanças climáticas. Apesar desses números, ainda é comum que o tema só ganhe relevância dentro dos conselhos após um incidente grave. A falta de envolvimento da alta liderança antes da crise contribui para a fragilidade digital de muitas organizações. A boa notícia é que esse cenário começa a mudar. A FIESP, por meio de seu Departamento de Segurança e Defesa, lançou recentemente uma cartilha sobre Cibersegurança para Conselhos de Administração — uma iniciativa essencial, que reforça que a segurança digital deve ser um dos pilares da governança corporativa, independentemente do porte da empresa ou da formalidade do conselho. A frase dita durante o workshop de lançamento dessa cartilha resume o momento atual: “Na era digital, a segurança cibernética não é apenas uma questão técnica, mas um imperativo estratégico. Conselhos eficazes antecipam riscos, reagem inteligentemente a ameaças e lideram a proteção do presente e futuro dos negócios.” Isso significa que o papel do conselho vai muito além de aprovar investimentos em tecnologia. Ele precisa garantir políticas de proteção de dados, gestão de riscos digitais e protocolos claros de resposta a incidentes. Além disso, deve promover a conscientização em todos os níveis da organização, afinal, a segurança é responsabilidade coletiva. Outro ponto fundamental é que a cibersegurança impacta diretamente a reputação e o valor de mercado das empresas. Segundo estudos da NASDAQ, um incidente desse tipo pode derrubar 7% das ações de uma companhia em poucos dias. Ou seja, a falta de preparo digital não ameaça apenas os sistemas — ameaça a credibilidade, os ativos e a perenidade dos negócios. Por isso, é indispensável que conselhos, diretores e empreendedores estejam atualizados sobre LGPD, direito digital (cyberlaw), riscos de ataques cibernéticos e inovação. É preciso compreender que segurança não se limita a firewalls ou antivírus — envolve decisões estratégicas, processos éticos e políticas integradas de prevenção e gestão de crises. O mundo digital exige vigilância permanente e ação rápida. Se antes a proteção digital era vista como suporte operacional, hoje é fator decisivo de competitividade, governança e sustentabilidade empresarial. Empresas e líderes que compreendem isso saem na frente — não apenas por evitar prejuízos, mas por inspirar confiança em clientes, investidores e parceiros. A cibersegurança deixou de ser uma opção. É responsabilidade de todos — e deve estar no centro das decisões estratégicas de quem lidera, Autor. Alexandre Chaves é sócio da Auddas Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
ADRIANA AYRES VAZ
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