Stella do Cärmo lança novo clipe e transforma música em ritual de pertencimento e resistência amazônica

Vídeo chega ao canal do YouTube da artista neste sábado (10), às 12h, com imagens gravadas no Marajó e em Belém

AMANDA MARTINS
05/05/2025 20h15 - Atualizado há 1 dia

Stella do Cärmo lança novo clipe e transforma música em ritual de pertencimento e resistência amazônica
Stella do Carmo - Divulgação

A cantora e compositora paraense Stella do Cärmo lança neste sábado (10), às 12h, o videoclipe da música Meu Chamado” em seu canal no YouTube. O clipe é o quinto registro audiovisual do álbum homônimo lançado em 2024, e presta uma homenagem à ancestralidade afroindígena amazônica por meio de imagens gravadas na Ilha do Marajó e em Belém. Radicada em Brasília, a artista retornou à sua cidade natal após alguns meses longe para apresentar um trabalho que une música, espiritualidade e identidade cultural em uma produção escrita, dirigida e interpretada por ela mesma. 

O clipe é descrito por Stella como uma “oferenda visual”, um reencontro com saberes que atravessam gerações. A artista revela que o roteiro e a direção artística foram criados por ela mesma, de maneira profundamente intuitiva.  Cada cena, segundo Stella, foi pensada como uma invocação da memória coletiva e dos elementos naturais — como as águas, as matas, os encantados — que compõem o imaginário e o cotidiano da região. 

“Quis mergulhar na minha própria ancestralidade, escutar as histórias que correm nas veias da minha família e da nossa terra. Foi um processo íntimo e transformador”, conta.

Segundo a cantora, a canção carrega uma mensagem de despertar espiritual, pertencimento e reconexão com as raízes. Stella afirma que se trata de uma invocação musical, onde cada palavra entoada é atravessada por sentidos que misturam reza, canto e manifesto. A escolha cenários de locações não foi apenas estética, mas simbólica.

“Essas paisagens são territórios vivos que fortalecem a narrativa. O Marajó tem uma espiritualidade que se sente na terra. Belém, com sua energia urbana e suas raízes culturais, dialoga com tudo isso de forma intensa”, explica a artista.

O videoclipe apresenta Stella entre rituais, águas encantadas e matas, conectando o corpo ao sagrado e à natureza. A linguagem visual transita entre o simbólico e o cotidiano, buscando refletir o modo como a espiritualidade afroindígena se manifesta no dia a dia das populações amazônicas: nos mercados, nos terreiros, nas casas, nos banhos de ervas e nas canções populares.

FUTURO

O álbum, compartilhado ano passado com o público, reúne 12 faixas autorais e conta com participações de nomes como Raidol, Malu Guedelha, Coral Matamba e Trio da Mata. Produzido na capital paraense, o disco tem direção musical de Rafael du Vale e Lucas Miranda, e une elementos da musicalidade tradicional do Pará, como curimbós, maracás, atabaques e guitarras, a arranjos contemporâneos que expandem o alcance da obra.

A arista, que participou dos shows de Rafael du Vale e do grupo Fé no Batuque, respectivamente, no dia 29 de abril e 2 de maio este ano, também realizará suas apresentações solo, de forma mais intimista. As datas serão divulgadas em breve.

Para Stella, cada apresentação musical passou a ter o significado de um ritual, em que o palco se transforma em espaço de celebração da existência e da ancestralidade. 

“Hoje, cada show é uma entrega. Quero que o público sinta no corpo e na alma essa força ancestral que pulsa na música. Que os shows em Belém e fora daqui carreguem essa experiência viva de conexão”, afirma.

Morando atualmente em Brasília, a artista retornou a Belém para ações ligadas à divulgação do álbum e para reencontros afetivos e criativos com sua cidade natal. O videoclipe marca também esse retorno, ao conectar memória, território e identidade em uma única obra.

Stella ressalta a importância de valorizar e visibilizar a cultura amazônica para além dos estereótipos. “É muito bonito ver a música paraense ganhando mais espaço, mesmo enfrentando muitos estigmas. Nosso território é um centro de produção artística e espiritual sofisticado, potente e plural. Quero contribuir para esse coro de vozes que ecoam da Amazônia com orgulho e responsabilidade”, disse. 


 

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AMANDA GABRIELA MARTINS MAGALHÃES
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