Grupo Redimunho comemora 20 anos com novo espetáculo
Couro Duro: A Saga do Fim do Mundo tem texto e direção de Rudifran Pompeu e reúne, entre atores e músicos, 19 artistas em cena
NOSSA SENHORA DA PAUTA ASSESSORIA DE COMUNICAçãO
05/05/2025 10h09 - Atualizado há 1 dia
Crédito Jardiel Carvalho
Comemorando 20 anos nos palcos, o Grupo Redimunho de Investigação Teatral apresenta COURO DURO: A SAGA DO FIM DO MUNDO, uma sequência de histórias cruzadas entre a literatura e a realidade, que, por consequência, se entrecruzam com o atual momento histórico e político do Brasil. O espetáculo estreia dia 11 de maio, domingo, às 19h, no Teatro Redimunho, e traz à cena o encontro entre figuras simbólicas das obras de Guimarães Rosa, como Diadorim, Riobaldo e Joca Ramiro com dois personagens reais e não ficcionais, Lampião e Maria Bonita. Contemplado pela 41° Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo COURO DURO: A SAGA DO FIM DO MUNDO mostra um grupo de artistas que está filmando um longa-metragem com o patrocínio de um grande mecenas. A partir desse enredo, a encenação traz para a cena questões sobre a produção teatral contemporânea numa clara metáfora com as tensões e incertezas enfrentadas nos bastidores do teatro paulista. O filme que está sendo “rodado” no espetáculo conta a convocação para uma reunião com todos os jagunços das obras de Guimarães Rosa feita por Joca Ramiro, um dos personagens da obra Grande Sertão: Veredas. Mescla de ficção e realidade, Lampião e Maria Bonita chegam para participar da reunião, porém Joca Ramiro não aparece. Em uma espécie de Esperando Godot do sertão, o grande chefe não dá as caras, mas os jagunços ficam ali cheios de esperança em encontrar o líder. Decifrando um país A dramaturgia de COURO DURO: A SAGA DO FIM DO MUNDO tenta mostrar um ponto ficcional dentro da própria ficção roseana. “Apesar de você saber que Lampião existiu na história brasileira, ao mesmo tempo ele também é recheado de questões ficcionais, coisas que não se sabe se são reais, se são mentiras”, explica o diretor e dramaturgo Rudifran Pompeu. Para ele, COURO DURO: A SAGA DO FIM DO MUNDO propõe um embate simbólico entre o Brasil arcaico e o moderno e a cidade e o sertão. “Faço então uma relação entre a equipe de filmagem que reúne artistas com poucos recursos financeiros e de produção com os homens do campo, trabalhadores rurais e a jagunçagem expondo a face contraditória da nação ao sugerir que o arcaísmo não é apenas resíduo do passado, mas um dos modos mais efetivos do presente”. É a partir de reflexões sobre a vida dos trabalhadores rurais que o Grupo Redimunho baliza suas experiências e as coloca em contraponto com a vida no espaço urbano, tratando dos aspectos políticos, sociais e culturais que, em seguida, servem de referências para a construção de um discurso artístico, simbólico e político com o objetivo de traçar um eixo capaz de ser o suporte para o estudo de um teatro que se propõe a transpassar a lógica do entretenimento. “Evidenciamos a fonte inesgotável do universo roseano nessa árdua e necessária tarefa de interpretar o país, bem como a importância de uma pesquisa continuada que fornece raras possibilidades de debate, produção de conhecimento, fomento cultural e formação de profissionais”, pontua Rudifran Pompeu. Filme dentro do espetáculo Com música executada ao vivo por cinco músicos, COURO DURO: A SAGA DO FIM DO MUNDO reúne 19 artistas em cena. A presença constante da trilha sonora contribui para a construção de uma ambiência sensorial, na qual a música, os ruídos e a movimentação do elenco se entrelaçam à dramaturgia. A cenografia é construída como um set de filmagem improvisado, com estruturas móveis, equipamentos cênicos aparentes e objetos multifuncionais que remetem tanto ao universo do cinema quanto ao sertão árido e simbólico. Grua, tripés, refletores, cabos e câmeras dividem o espaço com elementos de terra batida, galhos secos e lonas esgarçadas, criando uma justaposição entre o real e o ficcional, entre o processo e a representação. Já os figurinos transitam entre o literal e o simbólico: os personagens jagunços vestem trajes que evocam o imaginário do sertão – chapéus de couro, lenços, botas empoeiradas –, mas que carregam também uma marca de artifício, revelando, por vezes, a costura, o desgaste e a teatralidade dos tecidos. Essa escolha reforça a dualidade entre os atores e os personagens, entre os cineastas e os sertanejos míticos, revelando as camadas de construção que permeiam tanto o filme dentro do espetáculo quanto a própria encenação teatral. Sobre o Grupo Redimunho de Investigação Teatral O coletivo surgiu como uma ideia no final de 2003. Trata-se de um grupo com 23 pessoas, entre atores e técnicos, que hoje possui um núcleo de artistas que simbolicamente é chamado de “núcleo duro”, representando o meio de produção, uma vez que seus componentes trabalham na parte criativa do processo com dedicação em tempo integral para o desenvolvimento de condições ao trabalho do grupo todo. As primeiras leituras e estudos realizados em salas de ensaio do teatro Sérgio Cardoso (e em salas de apartamentos diversos), possibilitaram, dentre tantas coisas, o encontro com a obra singular de Guimarães Rosa e, desde então, o norte do trabalho do Redimunho foi o universo do homem do campo. O primeiro espetáculo A Casa (2004/2005) permaneceu em cartaz por dois anos seguidos e recebeu o prêmio APCA de Teatro de melhor dramaturgia. Em 2008, o grupo estreia o segundo trabalho: Vesperais nas Janelas, indicado ao prêmio APCA de Teatro de melhor dramaturgia e vencedor do prêmio Quem Acontece (Ed.Globo/RJ) de melhor direção. A terceira montagem – Marulho: O Caminho do Rio – estreia em 2011 na inauguração do Teatro Redimunho no centro de São Paulo e é premiado pela APCAcomo melhor dramaturgia e, também, pela Cooperativa Paulista de Teatro por melhor ocupação e utilização de espaço não convencional. Durante os anos de 2011 e 2012, o coletivo desenvolveu a pesquisa Não Precisa SobrarNada!, culminando com a publicação do livro Por trás das Vidraças. Em 2013 estreia oquarto espetáculo, Tareias: atrás do vidro verde tem um mundo que não se vê..., trabalho que se estendeu com apresentações até 2015. No período entre 2016 e 2018, o grupo volta-se para a criação e apresentações do espetáculo Siete Grande Hotel: a sociedade das portas fechadas, contemplado com o prêmio APCA de Teatro de melhor dramaturgia de 2017. Em 2022 estreia Woyzeck: uma desterritorialização em curso, espetáculo que permaneceu em cartaz na Ocupação Nove de Julho em parceria com o Movimento Sem Teto do Centro (MSTC). Redes sociais – @gruporedimunho Serviço: COURO DURO: A SAGA DO FIM DO MUNDO Com o Grupo Redimunho 11 de maio a 1º de julho, domingo às 19h e segunda e terça-feira às 20h. Teatro Redimunho – Rua Álvaro de Carvalho, 75 - Centro, São Paulo. 120 minutos | 14 anos | R$ 30,00; R$ 15,00 (meia-entrada) e R$ 10,00 (moradores do entorno do teatro). Ficha técnica: Texto e Direção – Rudifran Pompeu. Elenco – Danilo Amaral, Giovanna Galdi, Keyth Pracanico, Anisio Clementino, Ricardo Saldaña, Bruna Aragão, Neide Nell, Amanda Preisig, Alberto Vizoso, Agatha Selva, Camila de Castro, Francisco Gaspar, Diogo Cintra, Heitor Vallim, Emilio Negreiro e Rodrigo Pinto. Músicos – Luis Aranha, Cíntia Gasparetto, Ricardo Saldaña, Hugo Nalbert e Agatha Selva. Assistência de Direção – Danilo Amaral. Direção Musical – Luis Aranha. Iluminação – Léo Xymox. Figurinos – Keyth Pracanico e Grupo Redimunho. Cenografia – Rudifran Pompeu e Grupo Redimunho. Artista Colaborador – Breno Carvalho. Programação Visual – Danilo Amaral. Pesquisa e Consultoria Literária – Ivan Forneron. Produção – Giovanna Galdi. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Fotografia – Jardiel Carvalho. Realização – Grupo Redimunho de Investigação Teatral. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
FREDERICO PAULA JUNIOR
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