Apesar dos avanços sociais e do crescimento da pauta da diversidade no cenário empresarial, muitas marcas ainda demonstram resistência em abordar o tema com a profundidade que ele exige. A inclusão real continua sendo tratada como um tabu por parte do mercado, que muitas vezes prefere se manter em silêncio a enfrentar possíveis críticas de setores mais conservadores.
Nilton Serson, advogado e ativista, acredita que muitas empresas ainda confundem diversidade com uma simples contratação simbólica. Para ele, a inclusão verdadeira só acontece quando há um ambiente acolhedor e seguro. “Contratar uma pessoa LGBTQIA + não é suficiente. É preciso garantir que ela se sinta respeitada, valorizada e possa expressar sua identidade sem medo de sofrer discriminação”, explica.
A realidade nas organizações brasileiras ainda é desafiadora. Uma pesquisa recente aponta que mais da metade dos profissionais LGBTQIA + já esconderam sua identidade no trabalho por medo de rejeição ou represálias. Para Serson, isso é reflexo direto da falta de preparo e da ausência de políticas inclusivas consistentes dentro das empresas. “Diversidade não pode ser só discurso bonito em campanha publicitária. É preciso incorporar essa pauta na estrutura da organização, desde o topo até a base”, ressalta.
A criminalização da LGBTfobia no Brasil foi um marco importante, equiparando esse tipo de discriminação ao crime de racismo. No entanto, o advogado e ativista Nilton Serson alerta que o simples reconhecimento legal não resolve o problema. “As empresas precisam entender que garantir um ambiente diverso e seguro é, além de uma obrigação moral, uma exigência legal”, diz.
Outro dado preocupante é a escassez de representatividade LGBTQIA + em cargos de liderança. Apenas uma pequena parcela dos executivos brasileiros assume publicamente sua orientação sexual ou identidade de gênero, o que revela o quanto ainda é difícil romper com barreiras estruturais dentro do mundo corporativo. Para Nilton Serson, a presença de lideranças diversas é essencial para transformar a cultura empresarial. “Além de ser justo, lideranças diversas aumentam a criatividade, a inovação e o desempenho financeiro das empresas”, afirma.
Casos recentes, como o do Walmart, que recuou em suas ações de inclusão após pressões externas, ilustram o quanto as companhias ainda tratam a diversidade como um tema negociável. Para o advogado, esse tipo de atitude demonstra fragilidade. “Quando uma empresa retrocede por medo de boicotes, passa a mensagem de que seus valores não são firmes, e isso compromete sua credibilidade”, critica.
Na visão de Nilton Serson, as empresas que desejam realmente se comprometer com a diversidade precisam adotar medidas práticas: repensar seus processos internos, oferecer treinamentos constantes, eliminar vieses inconscientes e, principalmente, assumir um posicionamento claro por parte da liderança. Para ele, só assim será possível construir um ambiente verdadeiramente inclusivo, onde todos se sintam representados e respeitados.
O receio de falar sobre diversidade diz mais sobre as inseguranças internas das empresas do que sobre o público. A ideia de que isso pode gerar rejeição está, cada vez mais, sendo superada por dados que comprovam o contrário: investir em inclusão é bom para a sociedade e para os negócios.
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Andreia Souza Pereira
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