De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em lavouras espalhadas por todo o território nacional, cerca de 15% da produção — com destaque à cultura de grãos — se perdem devido à ação de ervas daninhas. Essas plantas, de rápida expansão e ampla resistência, se tornam ameaças aos cultivos de diferentes culturas ao competirem com as mudas por luz, água e nutrientes, podendo ocasionar a perda total de colheitas e motivando gastos com manejo que podem variar de R$120 a R$285,98 por hectare, conforme revelou a revista Cultivar Grandes Culturas.
O desafio imposto pelas ervas daninhas abrange não apenas o combate à sua atuação nas lavouras, mas também como fazê-lo de forma sustentável, haja visto que elas são responsáveis por 58,45% do total de defensivos utilizados no país, segundo o CADE, e grande parte desses compostos está associado à poluição do meio ambiente.
Cientes sobre essa realidade, os pesquisadores Gustavo Vinícios Munhoz Garcia, Vanessa Takeshita Jhones, Luiz de Oliveira, Bruno Dalla Vecchia, Daniel Nalin Daniel Nalin, Camila de Werk Pinácio, Ana Laura Camachos de Oliveira, Brian Cintra Cardoso, Valdemar Luiz Tornisielo e Leonardo Fernandes Fraceto, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro), buscaram analisar de que forma a nanotecnologia pode combinar herbicidas — especificamente o glifosato — a polímeros “nanocarregadores” para possibilitar, simultaneamente, o combate eficaz a ervas daninhas e a garantia da segurança ambiental.
Em artigo publicado na ACS Publications, uma das editoras científicas mais prestigiadas no campo das ciências químicas, os pesquisadores defendem que a utilização de polímeros de zeína — substância de baixo custo encontrada em resíduos da cultura de milho — com o reticulador poloxâmero, permite aplicar herbicidas em dosagens mínimas e com eficácia maximizada. Segundo os cientistas, a solução é eficaz contra a ação das ervas Amaranthus hybridus, Ipomoea grandifolia e Eleusine, sem apresentar toxicidade ao solo ou a plantas que estejam próximas.
“Os sistemas de combinação entre zeína e o reticulador poloxâmero podem ser uma alternativa promissora para entrega de glifosato, usando materiais ecologicamente corretos, com eficiência melhorada para controle de ervas daninhas na agricultura. Nenhuma toxicidade de glifosato foi observada em culturas cultivadas nas proximidades, nem na respiração ou em enzimas do solo, indicando que não há efeitos tóxicos da nanoformulação nesses modelos. Essa pode ser uma saída ao uso de agrotóxicos para o combate às ervas daninhas, que é responsável por mais de 50% dos gastos dos produtores com defensivos agrícolas no Brasil”, explica Leonardo Fraceto.
A descoberta dos cientistas está ilustrada no infográfico abaixo:
Para mais informações sobre descobertas nanotecnológicas focadas em contribuir para o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro, acesse: https://inctnanoagro.com.br/.
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Criado com o objetivo de qualificar e congregar recursos humanos de alto nível de diferentes áreas para promover avanços na fronteira do conhecimento em nanotecnologia para Agricultura Sustentável, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro) faz uso de componentes da biodiversidade brasileira e de suas interações ecológicas para desenvolver sistemas integrados para o controle de pragas e doenças, nutrição e estímulo de crescimento vegetal, de forma a aumentar a produtividade agrícola sem desconsiderar a segurança ambiental e da saúde humana, criando um protagonismo do país no cenário mundial. Para saber mais sobre o Instituto, acesse: https://inctnanoagro.com.br/.
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LUIZ GUSTAVO DE ALMEIDA
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