Chocolate é o alimento da felicidade?

Os benefícios para saúde sempre dependerão da concentração de cacau. Quanto mais escuro e amargo, melhor.

Edna Vairoletti
17/04/2025 16h21 - Atualizado há 1 dia

Chocolate é o alimento da felicidade?
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Na Páscoa, apesar do caráter religioso da data, é à mesa que a principal iguaria é aguardada: os ovos de chocolate. Em variadas texturas e sabores - dos básicos aos mais gourmetizados - não podem faltar na celebração. E não são só as crianças que esperam ansiosas, muitos adultos não resistem à tentação é até exageram. Mas por que o chocolate, em formato de ovos, bolos e sobremesas, faz tanto sucesso?

O chocolate é um dos alimentos mais apreciados no mundo. Produzido a partir do cacau, um fruto que nada lembra a iguaria, nasce da  árvore Theobroma cacao, cujo significado é  "alimento dos deuses" e, talvez, aí esteja um dos  segredos. Mas muitos dizem que é o alimento da felicidade. Se as coisas não andam bem, basta comer um pedaço de chocolate que tudo melhora. E há explicações científicas para isso.


O alimento é rico em vitaminas, esteróis, fosfolipídios, alcaloides e polifenóis que apresentam efeitos antioxidantes, anti-hipertensivos, anti-inflamatórios, antiaterogênicos e antitrombóticos. Porém, estes benefícios para saúde sempre dependerão da concentração de cacau. Quanto mais escuro e amargo, melhor. É a ação de certos compostos no organismo, que pode provocar a tal felicidade. Destaque para a teobromina, um alcaloide, quimicamente semelhante à cafeína, e que tem um efeito estimulante e a feniletilamina, responsável por despertar a sensação de prazer. 

Um consumo equilibrado de chocolate pode contribuir para elevar a serotonina e, consequentemente, a sensação de bem-estar no organismo, reduzindo a ansiedade, o stress e contribuindo para a saúde cerebral. O ideal é uma porção diária, de cerca de 30 a 40 gramas, de preferência com alto teor de cacau, a partir de 70%.

E como aproveitar todos estes benefícios? As dicas são Prof. Dr. Durval Ribas Filho - Médico Nutrólogo, Fellow da The Obesity Society – TOS (USA), Presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e docente da pós-graduação CNNUTRO.
 
  1. Há um chocolate mais saudável?
Sempre dependerá da concentração de cacau. Quanto maior, a partir de 70%, e o chocolate for mais escuro e amargo, melhor para a saúde.  Os mais consumidos - ao leite - possuem baixa concentração de cacau, onde há os principais benefícios do chocolate, porque para se obter um sabor menos amargo, que é próprio do cacau, a maioria dos ovos contém um alto teor de açúcar e gorduras, o que aumenta seu índice calórico e se perde parte de suas propriedades, favoráveis para a saúde.
 
  1. A concentração do cacau faz diferença para saúde?
Sim. No amargo a concentração é entre 60% e 100%; o meio amargo contém de 40% a 55%. Os amargos - a partir de 70% - são fonte de antioxidantes e fibras, levam pouco ou nenhum leite, o que reduz a chance de se ter gordura saturada e são elaborados com menos açúcar, gordura e sódio. Os dois tipos são ricos em magnésio, ferro e selênio e aliados da circulação sanguínea, do bom colesterol (HDL) e podem contribuir na redução do apetite e aumento do metabolismo.  O Ao leite está entre os preferidos por sua cremosidade e ser mais doce. Mas, por conter menos cacau, traz menos benéficos à saúde.  O Branco é produzido a partir da manteiga do cacau. É mais calórico e seus benefícios estão na característica de não possuir cafeína, em sua composição, e oferecer mais energia para o corpo e o Ruby, apesar da cor, não leva corantes. É produzido a partir de um tipo de cacau, cuja fruta possui sementes na cor rosada, resultado do ambiente do cultivo e que dão esta característica peculiar à matéria-prima. Menos doce, possui 47,3% de cacau – semelhante a um chocolate meio amargo - e sua quantidade de gordura é de cerca de 36%, próximo ao chocolate branco. É rico em ácido cítrico, antioxidantes e fonte de vitaminas A e B.

 
  1. Diabéticos, intolerantes e veganos não podem comer chocolate?
Para as pessoas com restrições alimentares, como os diabéticos ou os que possuem intolerâncias a glúten, lactose ou veganos, há chocolates à base de soja - produzidos com extrato de soja 100% vegetal e sem adição de lactose e pouco sódio. Outra opção é a alfarroba, fruto semelhante a uma vagem de feijão, de onde se extrai a polpa, que é torrada e moída para obter o pó utilizado em substituição ao cacau. É saudável e menos calórica, tem cor marrom escuro e sabor adocicado. Não possui estimulantes, como a cafeína e teobromina, e tem um baixo Índice Glicêmico. Tem em torno de 0,7% de gordura e açúcares naturais como sacarose, glucose e frutose e é isenta de lactose e glúten.  Já o cacau possui cerca de 23% de gordura e 5% de açúcar.
 
  1. Quando devo me privar do chocolate?
Na Páscoa, esse controle nem sempre acontece. A privação, não apenas do chocolate, mas de vários alimentos, pode gerar uma compulsão posterior por influenciar numa descompensação psicológica, em especial nos diabéticos, pelo risco de afetar o controle da doença. Não precisa se privar do prazer de consumir chocolate, desde que se tenha uma dieta equilibrada e a glicemia sob controle. 
 
  1. Quais os prejuízos de se comer chocolate demais?
A ingestão de muita gordura, açúcar e leite – base da maioria dos chocolates – traz prejuízo, principalmente, para o funcionamento adequado do fígado e pode causar sintomas como náuseas, refluxo, diarreia, dor de cabeça, no estômago e mal-estar por alguns dias. Estes distúrbios digestivos são as principais queixas quando se exagera no chocolate. É preciso lembrar que a vida continua no pós-Páscoa.
 
  1. O que fazer se exagerei?
Ter uma alimentação mais leve, com muitas frutas, verduras e legumes, evitando carnes vermelhas e reduzindo o consumo de pães, massas, biscoitos - fontes de carboidrato simples - optando por carboidratos complexos, como a batata-doce. A boa hidratação também é fundamental, após se comer muito chocolate.
 
  1. Posso me viciar em chocolate?
É um risco, quando se consome qualquer alimento de forma exagerada - inclusive o chocolate - mesmo sem ter fome e sem a necessidade de ingeri-lo, chegando ao ponto de comer escondido, para saciar o desejo e ter a sensação de bem-estar, gerado pelo aumento na liberação de serotonina no cérebro. Este descontrole pode causar uma dependência e um quadro de compulsão alimentar, um transtorno ligado à saúde mental, desencadeando gatilhos emocionais como tristeza, medo, ansiedade e alegria.
 
  1.  Como não ultrapassar os limites?
  • Tente não se guiar pelo impulso de consumir chocolate em excesso, mesmo numa comemoração como a Páscoa.
  • Fique atento aos rótulos: ingredientes e quantidades. Opte pelo menor teor de açúcar, gordura e carboidrato e maior de cacau, mesmo nas versões diet e light.
  • Se ganhar muito chocolate, consuma algumas porções e congele as que sobrarem. Assim sua Páscoa durará mais tempo.

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EDNA APARECIDA VAIROLETTI
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FONTE: www.vspresscomunicacao.com.br
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