Mineração Paragominas, da Hydro, transforma resíduos orgânicos em material para reflorestamento de áreas

Projeto Tecnossolo é uma iniciativa inovadora que gerou resultados positivos na mineração de bauxita e tem potencial de aplicação em outros setores

GABRIEL MARTINO
11/04/2025 15h00 - Atualizado há 1 dia

Mineração Paragominas, da Hydro, transforma resíduos orgânicos em material para reflorestamento de áreas
Crédito: Divulgação/Hydro
Comparação entre áreas sem a presença da matéria orgânica (à esquerda) e com a utilização dela (à direita)


Paragominas (PA), 11 de abril de 2025 – A Mineração Paragominas, a mina de bauxita da Hydro, líder em alumínio e energias renováveis, traz uma iniciativa inovadora para a recuperação de áreas mineradas. Trata-se do Tecnossolo, projeto que transforma resíduos orgânicos que seriam incinerados em material nutritivo para solos estéreis.

“Trata-se de um importante passo para a Mineração Paragominas, um projeto que não só contribui para a redução de emissões geradas pela queima de resíduos como colabora para a economia circular e ainda traz ganhos econômicos. É uma alternativa sustentável, de baixo custo, que pode ser aplicada não só na cadeia de alumínio, como em outras operações industriais e na agricultura”, afirma Anderson Martins, vice-presidente de Operações de Mineração.

A Mineração Paragominas foi pioneira ao adotar práticas sustentáveis na cadeia de Bauxita e Alumina (B&A) da Hydro, convertendo resíduos alimentares em material nutritivo para o solo. Desde 2015, em quase uma década de ação, a mina evitou a queima de mais de 1,1 milhão de toneladas de resíduos, transformando em 1.166 toneladas de material enriquecedor de solo, chamado torta orgânica. Além de contribuir diretamente para a recuperação ambiental, esse processo evitou a emissão de mais de 2.137 toneladas de CO2, o que representa uma significativa redução da pegada de carbono. Isso gerou também uma economia de mais de R$ 1,3 milhão, com custos que seriam destinados à incineração.

Com o sucesso da iniciativa, Albras e Alunorte, operações da Hydro em Barcarena (PA), passaram a participar, visando apoiar na meta global da empresa de reduzir em 30% suas emissões de carbono até 2030. Em conjunto essas duas unidades produzem e fornecem 11 toneladas de torta orgânica por mês, com a possibilidade de aumentar a produção. Somando as 4 toneladas produzidas pela Mineração Paragominas, a Hydro produz 15 toneladas de torta orgânica por mês, o suficiente para aplicá-la em uma área de 7.500 m2 (0,75 ha).

O Tecnossolo é uma alternativa sustentável que nasceu no Projeto IXOHA (Palavra em Tupi Guarani, que significa “vida” e condensa as iniciativas de melhorias da Gestão Ambiental da mina de bauxita), para a recuperação de áreas alteradas pela mineração, especialmente em locais com escassez de topsoil, a camada superficial do solo rica em nutrientes. A torta orgânica é mesclada com solo estéril, criando um substrato fértil, o Tecnossolo, que possibilita o restabelecimento da vegetação.

Em 2021, a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) foi convidada para encontrar a melhor formulação de aplicação do Tecnossolo, o resultado desse estudo gerou uma dissertação de mestrado, conduzida por empregado da mina, que tem servido de referência para novos estudos nessa linha de pesquisa.

Em 2024, a EMBRAPA se juntou ao projeto, analisando o material e oferecendo parecer técnico para sua aplicação. Agora em 2025, a Mineração Paragominas assinou um contrato com o SENAI, que realizará análises físicas, químicas e biológicas do Tecnossolo. Essas parcerias com as três instituições de pesquisas fortalecem ainda mais esse projeto inovador.

Atualmente, a Mineração Paragominas possui mais de 15 hectares que foram reflorestados com uso de Tecnossolo. Este volume tem potencial de crescimento, à medida que as unidades aprimoram seus processos de gestão de resíduos.

Dessa forma, além da recuperação de áreas mineradas, as instituições também se beneficiam pela redução de emissões de gases de efeito estufa, a diminuição dos custos operacionais e a diminuição dos custos com adubo ou outros insumos, além de gerar produção cientifica e contribuição para o conhecimento e a ciência. No caso da Alunorte, por exemplo, todo resíduo que seria incinerado é utilizado na produção do Tecnossolo, o que além de evitar a emissão de duas toneladas por mês, diminui os custos da operação em cerca de cinco vezes — uma vez que agora os gastos para a empresa se resumem apenas ao transporte para Paragominas.

Para Anderson, os benefícios desse projeto vão muito além da aplicação da torta orgânica das unidades. Ele demonstra o fortalecimento da economia circular, ao transformar um resíduo que seria incinerado em um insumo para a recuperação de áreas mineradas; além de auxiliar no atingimento de metas globais de conservação ambiental e inspirar outros projetos colaborativos, mostrando o poder de unir equipes e plantas em torno de um objetivo comum.

“Cada etapa dessa jornada reforça nosso compromisso com a sustentabilidade e com a inovação, destacando o valor da colaboração entre equipes e unidades. Estamos apenas começando, e os frutos desse projeto certamente inspirarão novas iniciativas em prol do meio ambiente” comentou o executivo.

Além do Tecnossolo, a Mineração Paragominas demostra esse compromisso com projetos em diversas frentes. São exemplos iniciativas como o uso de caminhões elétricos e o método Tailings Dry Backfill, que permite a devolução dos rejeitos inertes de bauxita para áreas mineradas, evitando a criação de barragens.

Produção de torta orgânica em apenas 48 horas

O diferencial na produção da torta orgânica, é o tempo que se leva para sua geração. A forma convencional de produzir adubo ou torta orgânica é a compostagem, que é um conjunto de técnicas para estimular a decomposição dos resíduos orgânicos, o que dura cerca de 90 dias e é feito em um ambiente controlado. Na Mineração Paragominas, isso leva 48 horas, pois as matérias são processadas por um equipamento adequado.

O equipamento funciona como uma panela de pressão, que faz o pré-compostamento dos resíduos, desidratando-os até se tornarem pó. Assim, o material é totalmente reaproveitado, sem adição de qualquer agente químico.

Além de ser mais fácil de produzir, a inovação é fundamental, pois resolve o problema da aplicação de adubo em solos estéreis. “Por não terem agentes orgânicos (cargas negativas), os solos estéreis não retêm os fertilizantes (cargas positivas), ou seja, ficam indisponíveis para a vegetação, impedindo sua sobrevivência. No Tecnossolo, a torta orgânica realiza a função dos agentes orgânicos encontrados no topsoil, fixando os fertilizantes sem problemas e deixando-os disponíveis para a vegetação, já que o Tecnossolo aplicado traz uma concentração maior de matéria orgânica, suprindo a ausência nos solos estéreis”, afirma Vicente Sousa, Engenheiro Ambiental da Mineração Paragominas e Doutorando em produção de tecnossolo pela Universidade Federal do Pará (UFPA).

O uso da torta orgânica ainda confere outros benefícios ao solo. Os pesquisadores observaram aumentos nos níveis de atividades biológicas positivas e na capacidade de retenção de nutrientes, e o enriquecimento de macro e micronutrientes. Tudo isso, além de reabilitar áreas, acelera o processo de desenvolvimento de vegetação. Sendo assim, o produto se mostra importante também para áreas com topsoil e áreas já reflorestadas, seja na mineração ou em qualquer outra operação.

Após esse desenvolvimento, o projeto Tecnossolo agora se encontra em uma nova fase, onde o foco é dado em desenvolver uma nova torta orgânica com outras matérias-primas. “Estamos buscando produzir tortas orgânicas que utilizem materiais de baixo valor agregado, como caroço de açaí e madeira em decomposição. Essa estratégia de economia circular visa complementar o produto que já temos, a fim de expandir a recuperação para mais hectares o mais rápido possível”, destaca Vicente.

Sobre a Hydro:
A Hydro é uma empresa líder em alumínio e energia renovável, comprometida com um futuro sustentável. Com o objetivo de criar sociedades mais viáveis, desenvolve indústrias que importam para as pessoas e para a sociedade. Desde 1905, a Hydro transforma recursos naturais em soluções e negócios relevantes de forma inovadora, criando um local de trabalho seguro para 33.000 empregados em mais de 140 unidades e 40 países. No Brasil, a Hydro está presente em toda a cadeia de valor do alumínio, com quase 7 mil empregados. Atuando desde a extração de bauxita, produção de energia renovável, refino de alumina, produção de alumínio e extrusão, oferece conhecimentos e competências únicas para indústrias da construção, automotiva e de embalagens, entre outras.

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GABRIEL MARTINO DE CASTRO MACHADO
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