Eduardo Camargo dos Santos
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (SIMECS) realizou, na terça-feira (1º/04), uma reunião-jantar com o tema
“Perspectivas Econômicas para 2025”, reunindo empresários e especialistas para discutir os desafios e oportunidades que se desenham para o próximo ano.
O presidente do SIMECS,
Ubiratã Rezler, fez a fala de abertura do evento, agradecendo a presença de todos e destacando a importância de compreender o cenário econômico como ferramenta essencial para enfrentar os desafios diários das empresas. “É fundamental que estejamos atentos às tendências e preparados para tomar decisões com base em informação qualificada”, afirmou.
O encontro contou com a participação da
economista-chefe da Fecomércio, Patrícia Palermo, do
economista-chefe da FIERGS, Giovani Baggio, e da
assessora econômica do Sistema Farsul, Danielle Montiel Guimarães. Cada um dos convidados apresentou uma visão técnica e aprofundada sobre o cenário econômico, com foco nos impactos para a indústria, o comércio e os setores ligados ao agronegócio, destacando também as ações das federações diante do contexto regional e nacional.
A primeira a apresentar foi a assessora econômica do Sistema Farsul,
Danielle Montiel Guimarães, que abordou o impacto das estiagens na produção agropecuária e as perspectivas do setor para 2025. Segundo ela, o Brasil acumulou, entre 2020 e 2024, uma perda de 49,9 milhões de toneladas em grãos, sendo 9,3 milhões somente em 2024. O volume equivale a 875.438 carretas bitrem de 57 toneladas, que, enfileiradas, ocupariam mais de 26 mil Km.
“Estamos deixando de produzir o equivalente a milhares de carretas cheias de alimento por causa da estiagem. E ainda enfrentamos burocracias e entraves ambientais, para a construção de reservatórios que agravam o problema”, alertou. Danielle também destacou que
“o preço do alimento está caro não por culpa do produtor rural, mas pelo aumento do consumo interno impulsionado pelo crédito, pelos programas sociais e pela maior massa salarial”. Ainda assim, a perspectiva para 2025 é positiva, com expectativa de crescimento em um cenário onde o Brasil segue como o maior exportador de alimentos do mundo.
Na sequência, o economista-chefe da FIERGS,
Giovani Baggio, apresentou uma análise detalhada sobre o desempenho da indústria brasileira e os principais fatores que impactam o setor. Segundo ele, a indústria gaúcha ainda enfrenta um cenário de estagnação, agravado pelos efeitos dos eventos climáticos recentes, enquanto a indústria nacional registrou leve crescimento em 2024
. “A performance da indústria gaúcha foi comprometida por fatores locais, e o crescimento previsto de 0,6% ainda é modesto frente aos desafios enfrentados em 2023”, destacou. Baggio também chamou atenção para os elevados índices de incerteza política e comercial:
“Os níveis de incerteza estão próximos aos registrados durante a pandemia. Isso afeta diretamente a confiança do empresariado”. O economista ainda apontou que, apesar da valorização dos produtos brasileiros e do crescimento dos principais parceiros comerciais — como China, Estados Unidos e Argentina, o cenário fiscal brasileiro, com déficit elevado, juros altos e inflação em trajetória de alta, exige cautela nas decisões de investimento.
Encerrando o painel, a economista-chefe da Fecomércio,
Patrícia Palermo, apresentou o panorama positivo para o comércio de 2024 e compartilhou projeções realistas para 2025. Segundo ela,
“o comércio gaúcho teve desempenho acima da média nacional, mesmo com os impactos severos das enchentes em outros setores, já que o desastre climático aumentou o consumo no varejo, gerando resultado positivo”. Já o setor de serviços, explicou, teve uma performance melhor em nível nacional do que no Rio Grande do Sul, prejudicado principalmente pela queda no turismo e na movimentação econômica regional. Para o próximo ano, a projeção é otimista no início, com a força da colheita estimulando os resultados do primeiro semestre. No entanto,
“a inflação vai corroendo os ganhos mês a mês, com pressão sobre alimentos e serviços, agravada pela desvalorização cambial”, alertou. Patrícia ainda apontou que o cenário para o comércio e os serviços será influenciado por fatores como juros altos, inadimplência elevada e crédito restrito, além de desafios estruturais como o envelhecimento da população e a concorrência com a informalidade. “
Hoje, a pirataria e a economia informal representam 17,8% do PIB, o que impõe uma concorrência desleal para os negócios formais”, concluiu.
O evento proporcionou uma análise estratégica sobre o atual momento da economia gaúcha e brasileira, promovendo um espaço de reflexão e troca de ideias entre lideranças industriais da Serra Gaúcha. A reunião-jantar foi realizada no restaurante Sica, localizado na CIC Caxias.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
ALANA GABRIELA PAULS HAEUSER
[email protected]