Hormônios e estética: até onde vale arriscar a saúde?

Doutora Fernanda Fonseca explica como pressão social e desinformação levam ao uso indiscriminado de hormônios, trazendo consequências graves para a saúde

FLáVIA SCHOTT
31/03/2025 15h20 - Atualizado há 1 dia
Hormônios e estética: até onde vale arriscar a saúde?
Divulgação

O uso indiscriminado de hormônios, especialmente a testosterona, tem se tornado cada vez mais comum entre pessoas que buscam resultados rápidos na estética e no desempenho físico. Motivadas pela promessa de aumento da massa muscular, melhora do desempenho esportivo e efeitos rejuvenescedores, muitas recorrem à substância sem acompanhamento médico, o que pode trazer sérios riscos à saúde. A endocrinologista Dra. Fernanda Fonseca alerta para os perigos dessa prática e destaca a importância de um tratamento seguro e supervisionado.

A popularização do uso descontrolado de testosterona está ligada a diversos fatores. A pressão estética imposta por padrões corporais irreais e a influência das redes sociais contribuem para a disseminação da ideia de que o hormônio pode ser um atalho para um corpo mais musculoso e maior disposição. Além disso, a chamada “terapia antienvelhecimento” tem sido promovida sem critérios adequados, levando muitas pessoas a utilizarem hormônios sem uma real necessidade clínica. O problema se agrava com a facilidade de acesso a essas substâncias, muitas vezes obtidas sem prescrição médica.

No entanto, os riscos do uso indiscriminado de testosterona são significativos. Um dos principais problemas é a supressão da produção natural do hormônio pelo organismo. “Quando há um excesso externo de testosterona, o corpo reduz ou até interrompe a produção própria, o que pode levar à infertilidade e à atrofia testicular em homens”, explica a Dra. Fernanda. Além disso, o uso descontrolado está associado a graves complicações cardiovasculares, como hipertensão, arritmias, infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Problemas hepáticos também são frequentes, especialmente no caso dos hormônios administrados por via oral, que podem causar danos irreversíveis ao fígado.

Os impactos psicológicos não são menos preocupantes. Segundo a médica, muitas pessoas que fazem uso inadequado da testosterona apresentam distúrbios psiquiátricos. “A agressividade e a ansiedade podem aumentar significativamente, e em alguns casos há um quadro de depressão severa”, alerta. Além disso, os desequilíbrios hormonais podem resultar em efeitos colaterais como ginecomastia (crescimento anormal das mamas em homens), acne severa, queda de cabelo e retenção de líquidos.

É importante ficar atento aos sinais de que o uso inadequado de hormônios está prejudicando a saúde. Aumento da pressão arterial, alterações no humor, diminuição da libido, disfunção erétil e crescimento anormal das mamas são alguns dos principais sintomas. Segundo a especialista, esses efeitos podem ser apenas o começo de um problema ainda maior, já que algumas das complicações são irreversíveis. “Infertilidade permanente, ginecomastia que exige cirurgia corretiva e danos hepáticos e cardiovasculares irreparáveis estão entre as consequências mais graves do uso inadequado de testosterona”, afirma.

Para evitar esses riscos, é essencial diferenciar um tratamento seguro da automedicação perigosa. A reposição hormonal deve ser prescrita por um médico apenas quando há uma deficiência comprovada por exames laboratoriais e sintomas clínicos relevantes. “O tratamento seguro não é baseado apenas na estética ou no desejo de melhorar o desempenho físico. Ele deve ser indicado após uma avaliação criteriosa e sempre acompanhado por um profissional”, destaca a endocrinologista.

Os exames essenciais antes de iniciar uma reposição hormonal incluem a dosagem de testosterona total e livre, SHBG, FSH e LH, além de avaliações da função hepática, renal e do perfil lipídico. “Sem exames detalhados e acompanhamento médico, a pessoa pode estar colocando a própria saúde em risco de maneira irreversível”, reforça a especialista.

A reposição hormonal só deve ser feita quando há indicação médica clara. Entre os casos em que o tratamento é realmente necessário estão o hipogonadismo masculino, caracterizado por baixa produção de testosterona, a andropausa, que pode causar fadiga, perda de massa muscular e baixa libido, e a reposição hormonal feminina na menopausa, quando os sintomas afetam a qualidade de vida. Além disso, algumas condições médicas específicas, como insuficiência adrenal e hipopituitarismo, podem exigir tratamento hormonal adequado.

Para aqueles que estão considerando o uso de testosterona sem orientação médica, a Dra. Fernanda Fonseca faz um alerta: “Antes de qualquer decisão, procure um especialista. O desejo por resultados rápidos pode custar caro no longo prazo. O corpo humano é um sistema equilibrado, e qualquer alteração hormonal deve ser feita com responsabilidade.”

Ela reforça que a saúde deve sempre estar em primeiro lugar. “Se a preocupação for estética ou de performance, há alternativas mais seguras e eficazes, como um treino bem estruturado, uma alimentação balanceada e um descanso adequado. O uso de hormônios sem acompanhamento médico não é uma solução milagrosa e pode trazer consequências irreversíveis”, conclui.

 

Sobre a Dra. Fernanda Fonseca

A Dra. Fernanda Fonseca é médica, formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pós-graduada em Endocrinologia pela Ipemed e especializada em reposição hormonal, terapias injetáveis, emagrecimento, longevidade e qualidade de vida. Com uma abordagem integrativa, alia medicina tradicional a terapias complementares baseadas em evidências, oferecendo tratamentos personalizados para promover saúde de forma plena e sustentável.

Atende pacientes a partir dos 12 anos, focando em condições como obesidade, diabetes, disfunções tireoidianas, menopausa e andropausa. Seus atendimentos ocorrem em Minas Gerais (Vazante e Patos de Minas) e São Paulo, com consultas aprofundadas e individualizadas.

Acompanhe nas redes sociais: @drafernandafonsecaa


 

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FLÁVIA CARINA SCHOTT RIBEIRO
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