Burnout no Home Office: liberdade ou armadilha para a saúde mental?

O home office trouxe flexibilidade, mas também dissolveu as barreiras entre trabalho e vida pessoal - e o custo disso pode ser alto.

SI COMUNICAçãO
28/03/2025 09h29 - Atualizado há 2 dias
Burnout no Home Office: liberdade ou armadilha para a saúde mental?
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Nos últimos anos, o home office deixou de ser uma tendência para se tornar realidade para milhões de trabalhadores. No entanto, a flexibilidade que ele proporciona também trouxe desafios invisíveis que têm impactado diretamente a saúde mental dos profissionais. Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem de burnout. Nos Estados Unidos, esse número chega a 66%, com um índice alarmante de 83% entre jovens de 25 a 34 ano

A pergunta não é mais se o burnout no home office existe, mas por que ele se tornou um fenômeno global. O trabalho remoto eliminou deslocamentos e aumentou a produtividade, mas também dissolveu as fronteiras entre vida pessoal e profissional, criando um ambiente de hiperconexão e sobrecarga”, explica a Dra. Simone Nascimento, médica especializada em saúde mental corporativa.

O home office trouxe vantagens inegáveis. Segundo o IBGE, cada vez mais brasileiros aderem ao modelo remoto, o que permite menos tempo no trânsito e maior convivência familiar. Empresas também perceberam ganhos de produtividade, especialmente em tarefas individuais. Para pessoas com deficiência ou responsabilidades de cuidado, o trabalho remoto também ampliou a inclusão no mercado. Mas o custo pessoal também é alto. 

Cerca de 40% dos profissionais em home office ultrapassam a jornada de 40 horas semanais. A invasão digital é um fenômeno crescente: 63% dos brasileiros nesse modelo dizem ter dificuldade em separar vida profissional e pessoal. O isolamento também pesa, com 81% dos jovens abaixo dos 35 anos relatando solidão. “A falsa sensação de autonomia pode levar à sobrecarga. Muitos sentem a necessidade de estarem sempre online, o que impacta diretamente a saúde mental”, explica a Dra. Simone Nascimento, médica especialista em saúde mental corporativa.

O home office exige uma capacidade de autogestão que nem todos conseguem desenvolver de imediato. No Brasil, 72% dos trabalhadores afirmam não conseguir estabelecer limites claros entre trabalho e lazer. Outros 43% dizem não conseguir se desconectar após o expediente e a cultura do "sempre online", o que eleva o risco de esgotamento.

Impacto do Burnout no financeiro
Para as empresas, os efeitos do burnout vão além do bem-estar dos colaboradores. Estudos mostram que o esgotamento profissional reduz significativamente a produtividade e aumenta as taxas de turnover, elevando custos com novas contratações e treinamentos. “As organizações precisam entender que ignorar o burnout tem um custo alto. Um funcionário exausto entrega menos, erra mais e, muitas vezes, acaba pedindo demissão. Empresas que não implementam políticas de suporte acabam perdendo talentos e enfrentam dificuldades para manter equipes engajadas”, alerta a Dra. Simone.

Além disso, o absenteísmo tem se tornado um problema crescente. Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o número de pessoas afastadas do trabalho por burnout aumentou 136% nos últimos anos, passando de 178 casos em 2019 para 421 em 2023. “Profissionais sobrecarregados adoecem mais e se afastam do trabalho com maior frequência. Isso gera um efeito dominó, pois sobrecarrega quem fica, aumentando ainda mais os índices de esgotamento dentro das equipes”, complementa a especialista.

Segundo a doutora, para os gestores, o desafio é manter a produtividade sem cair no micromanagement — estilo de gestão no qual o líder controla excessivamente o trabalho dos funcionários —. Apesar de ferramentas de análise de clima organizacional ajudarem, 20% dos líderes ainda priorizam apenas métricas de entrega, sem considerar o impacto emocional. E a cultura do suporte à saúde mental é falha: apenas 15% das empresas brasileiras estruturaram programas para garantir o "direito à desconexão" — ainda que medidas do tipo possam reduzir o turnover em até 51%.

Como transformar o home office em oportunidade?
Para evitar que o trabalho remoto se torne uma armadilha para a saúde mental, algumas medidas são essenciais. De acordo com a profissional, criar espaços físicos e horários definidos pode reduzir em 40% o risco de burnout. O uso inteligente da tecnologia também é fundamental: ferramentas de monitoramento emocional podem ajudar a identificar sinais de esgotamento antes que se agravem. 

Além disso, é imprescindível investir em liderança empática, pois treinar gestores para identificar sinais de burnout e estimular o diálogo pode aumentar a resiliência das equipes em até 65%. Por fim, normatizar o 'direito à desconexão' na CLT pode ajudar a evitar excessos e proteger tanto empregadores quanto funcionários de processos trabalhistas.

Lembre-se: o home office não é o vilão da história, mas a falta de estrutura e suporte pode transformar a liberdade do trabalho remoto em um fardo. A pergunta que fica é: a sua empresa já tem um plano anti-burnout?”, conclui a Dra. Simone Nascimento.

Sobre a Dra. Simone Nascimento
A Dra. Simone Nascimento é médica, mestre em Medicina pela Universidade de Lisboa, com capacitação em Saúde Mental Corporativa pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein. Possui formação e certificação em Medicina do Estilo de Vida pelo American College of Lifestyle Medicine. Simone é fundadora do Projeto Equilibria - Saúde Individual e Coletiva e atua como palestrante e consultora de programas de saúde mental no trabalho e saúde integral. 

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GHABRIELLA COSTERMANI MACHADO
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