Em busca de inclusão social, evento reuniu lideranças LGBTQIAP+, indígenas, pretas e periféricas para desafiar as normas binárias do sistema tecnológico
O Non-Binary Code trouxe a certeza de que a tecnologia pode ser hackeada para servir a quem realmente precisa. A tecnologia de hoje não é neutra, mas pode ser transformada, ressignificada e reprogramada para um futuro mais consciente e inclusivo. “O futuro não é binário, não é cis, e não é heteronormativo. Ele é trans, fluido e resistente, e já está pulsando nas redes e nas ruas”, destacou Gabriela Luz, travesti e indígena de Belém do Pará.
A abertura do evento ficou por conta de Gabriela Luz, e Jackson Cruz Magalhães, homem trans e quilombola, que deram boas-vindas aos participantes com uma provocação: “Imaginem um futuro onde inteligências artificiais são treinadas em línguas indígenas; blockchains registram nomes sociais como atos irrevogáveis de resistência e a tecnologia deixa de ser um mecanismo de vigilância para se tornar uma ferramenta de emancipação.” A abertura também destacou a plataforma Transistor, um projeto inovador, criado por desenvolvedores trans, que utiliza NFTs para financiar cirurgias de afirmação de gênero para pessoas trans.
O primeiro painel, Desenvolvedores: Hackeamento Trans, contou com a presença de Pietro Henrique e Daniele Junior com mediacao de Gabriela Luz, que discutiram a presença trans na tecnologia e como a programação pode ser usada para desmantelar estruturas opressoras. Pietro ressaltou que sistemas de reconhecimento facial ainda falham ao lidar com identidades trans e pretas, que a inclusão de mais pessoas trans no desenvolvimento dessas tecnologias é essencial para corrigir essas distorções. “As tecnologias atuais são desenhadas prioritariamente para atender ao capitalismo, e não para melhorar a vida das pessoas. Precisamos redesenhar esses sistemas de forma coletiva e diversa”, destacou.
Cultura Maker e Inteligência Artificial: da Fablab ao futuro
Na oficina criativa IA e Cultura Maker, Raphael Rossato, diretor da rede Fablab Livre SP na Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia de
Durante a oficina foi apresentado um software de código aberto utilizado na Fab Lab Livre SP para a criação de cenografias e mobiliário, provando que a cultura maker vai muito além da impressão 3D. Também foi demonstrado o potencial da IA na gamificação da educação e nos impactos sociais que ela pode oferecer como, por exemplo, a produção de um braço mecânico para a melhora na qualidade de vida de pessoas com deficiência.
Pluriverso: novas lideranças e novos códigos sociais
O segundo painel, Pluriverso: Novas Lideranças LGBTQIAP+, reuniu Van Marcelino, pessoa trans não binária e queer; Luiza Franco Machado, Jovem Líder Global da ONU para os ODS; e Benício Paiva, homem trans e empreendedor afroindígena, para discutir como a diversidade pode reprogramar o mercado e a sociedade. O debate enfatizou que projetos de diversidade que não funcionam representam uma perda econômica significativa para as instituições, sejam elas governamentais ou não. Também ressaltou-se a necessidade de criar novas instituições, ao invés de tentar reformar sistemas historicamente excludentes.
Saberes Ancestrais e a Expansão da Consciência
Um dos momentos mais inspiradores do evento foi o painel Saberes Ancestrais e a Expansão da Consciência, que trouxe reflexões sobre como o uso de plantas medicinais e psicodélicas pode influenciar na conexão entre o "Eu e Nós". Especialistas e ativistas discutiram como esses saberes tradicionais ampliam nossa capacidade criativa e revelam novas perspectivas de realidade, promovendo bem-estar e transformação pessoal. O debate ressaltou a importância de resgatar práticas ancestrais para fortalecer a coletividade e abrir novos caminhos de inovação e resistência.
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ANA PAULA PENTEADO
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