Silêncio seletivo: o apagamento das mulheres judias vítimas do terrorismo

ANDREIA SOUZA
21/03/2025 14h15 - Atualizado há 1 semana
Silêncio seletivo: o apagamento das mulheres judias vítimas do terrorismo
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No último Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, organizações feministas e ativistas ao redor do mundo exaltaram discursos sobre equidade, direitos e proteção contra a violência. No entanto, um silêncio ensurdecedor pairou sobre um grupo de vítimas que deveria estar no centro dessas pautas: as mulheres israelenses sequestradas, violentadas e assassinadas pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro de 2023. O caso da família Bibas, incluindo a mãe Shiri Bibas e seus dois filhos pequenos, sequestrados e posteriormente mortos por terroristas palestinos, simboliza não apenas a brutalidade do terrorismo, mas também a omissão de um movimento que se apresenta como defensor dos direitos das mulheres.

Na última semana, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) promoveu um ato solene em memória da família Bibas, relembrando a atrocidade cometida pelo Hamas e prestando homenagem às vítimas do massacre de 7 de outubro. A cerimônia reforçou a necessidade de manter viva a lembrança das vítimas do terrorismo e de cobrar justiça, especialmente em um momento em que vozes progressistas, que historicamente condenam a violência contra mulheres, escolhem ignorar os crimes quando as vítimas são judias.

Para o advogado e ativista judeu Dr. Nilton Serson, essa seletividade no discurso feminista revela um viés ideológico preocupante. "Os crimes cometidos pelo Hamas contra mulheres israelenses foram documentados, denunciados e confirmados por investigações internacionais. Ainda assim, vemos o silêncio das grandes organizações de direitos humanos e das feministas que sempre foram combativas contra a violência sexual em conflitos. Por que, desta vez, essas mulheres não merecem solidariedade?", questiona.

A ONU Mulheres, que em outros momentos se posicionou contra a violência de gênero em conflitos como a guerra na Ucrânia e a crise no Afeganistão, demorou mais de quatro meses para reconhecer oficialmente os relatos de violência sexual contra mulheres israelenses pelo Hamas. O comunicado foi emitido apenas após intensa pressão internacional e uma série de provas divulgadas por jornalistas e especialistas forenses.

"Se essas atrocidades tivessem sido cometidas contra mulheres de qualquer outro grupo, haveria indignação imediata. Mas quando se trata de mulheres israelenses, parece haver um receio político de condenar os responsáveis. Essa postura não apenas enfraquece o movimento feminista, mas também normaliza crimes hediondos", enfatiza Nilton Serson.

O sequestro de mulheres e crianças por grupos terroristas não é um fenômeno novo, mas a omissão da comunidade internacional diante dos crimes de 7 de outubro levanta um alerta sobre a seletividade no reconhecimento das vítimas. Relatórios de organizações independentes apontam que centenas de mulheres foram estupradas e brutalizadas durante os ataques do Hamas em Israel, além daquelas que seguem reféns em condições desconhecidas. Ainda assim, o tema segue ignorado por muitas lideranças progressistas que, em outras ocasiões, não hesitam em levantar suas vozes contra violência de gênero.

"O feminismo não pode ser usado como uma ferramenta de conveniência política. Se nos preocupamos verdadeiramente com os direitos das mulheres, não podemos fazer distinção entre as vítimas. O que está acontecendo é um apagamento deliberado da dor das mulheres judias, e isso precisa ser denunciado", conclui Serson.

O ato solene promovido na Alesp é um dos poucos momentos em que a memória das vítimas do terrorismo foi reconhecida publicamente no Brasil. No entanto, para ativistas dos direitos humanos, isso não é suficiente. Enquanto a comunidade internacional hesitar em condenar de forma clara os crimes do Hamas contra mulheres, o silêncio seletivo seguirá sendo um dos maiores cúmplices da barbárie.

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Andreia Souza Pereira
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