“Petra", com Bete Coelho e grande elenco, volta aos palcos

reaReafirmando o poder das mulheres, nova montagem do clássico de Fassbinder "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant" pode ser vista no Teatro Sérgio Cardoso.

FERNANDO SANT ANA
07/03/2025 15h30 - Atualizado há 3 dias
“Petra, com Bete Coelho e grande elenco, volta aos palcos
Luiza Ananias / Cia.BR116 – Teatrofilme
A partir da sexta, 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, no Teatro Sérgio Cardoso, espaço da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), em São Paulo, a Cia.BR116 – Teatrofilme volta a apresentar, em curta temporada, o espetáculo Petra, nova montagem do clássico de Rainer Werner Fassbinder As Lágrimas Amargas de Petra von Kant. Estrelado pelas atrizes Bete Coelho, Luiza Curvo, Lindsay Castro Lima, Clarissa Kiste, Renata Melo, Miranda Diamant Frias e Laís Lacôrte, com direção de Bete Coelho e Gabriel Fernandes e cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara, este espetáculo é uma reafirmação de três poderes universais: o feminino, o amor e a arte teatral.

Essas três imensas forças estão evidentes na performance do elenco exclusivamente feminino, que dá vida a Petra e suas assistente, amiga, amante, mãe e filha. Mulheres de personalidades fortes que, mesmo tão diferentes entre si, compartilham a busca incessante pelo amor e a cruel incompetência em lidar com este sentimento, invariavelmente não correspondido ou desvirtuado pelas implacáveis relações de poder. Cada uma com idades, aspirações, níveis culturais ou condições sociais diferentes, mas com algo em comum: a necessidade de aceitar e ser aceita pela outra, até mesmo se para isto for preciso sacrificar o amor próprio.

Com tradução direta do original em alemão feita por Marcos Renaux, uma trama fortemente emocional que se sustenta em diálogos tensos e muito bem construídos, em que, para muito além do amor, é a paixão, o desejo e a insatisfação que norteiam o comportamento das personagens, de certa forma refletindo a contínua busca pela tal felicidade comum a qualquer ser humano. “Mesmo mais de cinco décadas após sua estreia, um texto lapidado para o teatro, que ultrapassa as marcas setentistas do ótimo filme e continua muito atual. As louváveis intenções feministas e provocações políticas do autor à época continuam relevantes nos dias de hoje, mas é o desconforto decorrente das relações humanas e suas frustrações que funciona como principal ponto de identificação com o espectador”, reflete Bete Coelho.

“Como poucos em sua época, Fassbinder soube tão bem usar o teatro e o cinema para provocar o espectador abusando da carga emocional, com interpretações precisas e ambientes enxutos, frios até. Temas ousados apresentados com altas doses de tensão emocional e, ao mesmo tempo, um distanciamento que deixa evidente a intenção de posicionar o público como observador e crítico do comportamento humano, como sugeria Brecht”, afirma Gabriel Fernandes.

Este clima é naturalmente percebido na cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara, que favorece a performance das atrizes ao criar um ambiente limpo, intimista, que tem uma cama móvel como peça central, e ao dar maior amplitude a gestos, deslocamentos e expressões, por meio de espelhos em ângulo que reforçam as características narcisistas das personagens. Tudo ganhando ainda mais relevo com a iluminação concebida por Beto Bruel, indicada ao Prêmio Shell. O figurino criado por Renata Corrêa foi construído a partir das ideias de transparência (revelando a nudez da alma, o despir da dignidade) e desconstrução (assimétricos, inacabados e sobrepostos loucamente, acompanhando o delírio de Petra). Em contraposição à fluidez da seda, casacos pesados remetem a uma Berlim moderna e fria.

Em três momentos de transição entreatos, o público ouvirá marcantes canções de filmes de Fassbinder interpretadas ao vivo pela cantora Laís Lacôrte e o piano de Chicão: ⁠Lili Marleen (por Hanna Schygulla, no filme Lili Marlene), ⁠⁠Memories are Made of This (por Rosel Zech, no filme O Desespero de Veronika Voss) e ⁠⁠Capri Fischer (por Barbara Sukowa, no filme Lola).

O autor e cineasta Rainer Werner Fassbinder (1945-1982) foi um dos principais representantes do chamado cinema novo alemão. Estudou teatro em Munique, quando conheceu Hanna Schygulla, sua atriz preferida, que imortalizou a personagem Karin no filme As Lágrimas Amargas de Petra von Kant (1972). Foi cocriador do antiteatro, iniciativa que contribuiu para definir seu estilo preciso, metafórico, político e inovador, quase sempre criticando a burguesia e a nova Alemanha do pós-guerra. Dirigiu 42 filmes (o último foi Querelle, em 1982) e escreveu muitas peças de teatro, entre as quais, As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, obra que consagrou Fernanda Montenegro no início dos anos 80, ao lado de Renata Sorrah, Rosita Tomás Lopes, Juliana Carneiro da Cunha, Joyce de Oliveira e Paula Magalhães, sob a direção de Celso Nunes.

Sinopse
Petra von Kant é uma estilista de alta costura esmagada por sua paixão não correspondida. Por meio das intrincadas relações de poder entre mulheres, esta nova montagem do clássico de Rainer Werner Fassbinder “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant” reafirma três forças universais: o feminino, o amor e a arte teatral. Seis mulheres de personalidades fortes que compartilham da incessante busca pelo amor e da desesperada necessidade de aceitar e ser aceita pela outra, mesmo que para isto seja preciso sacrificar o amor próprio.

Petra
Estreia: sexta-feira, 7 de março de 2025, às 20h
Curta temporada: de 7 a 30 de março de 2025
Horários: sextas a sábados, às 20h; domingos, às 16h (no domingo, 23/mar, será às 18h)
Local: Teatro Sérgio Cardoso - Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista, São Paulo - SP
Telefone: (11) 3882- 8080 / 3288-0136
Lotação do Teatro: 835 lugares
Valor dos ingressos: Até 6 de março - Plateia e Balcão: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia entrada). A partir de 7 de março - Plateia: R$ 70,00 (inteira) e R$ 35,00 (meia entrada) | Balcão: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia entrada)
Os ingressos podem ser adquiridos na Sympla -  https://bit.ly/4gEThWs  ou na bilheteria do teatro (sem taxa)
Horário de funcionamento da bilheteria: de terça a sábado, das 14h às 19h.
Em dia de espetáculo, das 14h até o horário de início da sessão.
Reservas para grupos:
[email protected]

Duração: 80 minutos
Classificação: 14 anos
Acesso para pessoas com mobilidade reduzida
Todas as sessões terão tradução em libras

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FERNANDO OLIVEIRA DE SANT ANA
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FONTE: Cia.BR116 - Teatrofilme
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