Plano clima até 2035 - a importância e os desafios

*Por Thomas Law

PIAR GROUP
06/02/2025 00h14 - Atualizado há 3 meses

Plano clima até 2035 - a importância e os desafios
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*Por Thomas Law

As mudanças climáticas deixaram de ser uma preocupação distante para se tornarem uma realidade que desafia governos, empresas e cidadãos em todo o mundo. No Brasil, os impactos já são devastadores, como vimos na recente tragédia no Rio Grande do Sul, com mortes, desabrigados e cidades inteiras destruídas. Diante desse cenário, a adoção de políticas climáticas é indispensável, e o Plano Clima surge como uma iniciativa para mitigar os efeitos do aquecimento global.

 

O Plano Clima, promovido pelo governo brasileiro, estabelece metas para a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente os relacionados à ação climática (ODS 13) e à energia limpa e acessível (ODS 7). O compromisso inclui uma redução de 59% a 67% das emissões líquidas de GEE até 2035, em comparação com os níveis de 2005. Essa meta busca atender aos compromissos do Acordo de Paris.
 

De acordo com o relatório da Organização Meteorológica Mundial, a probabilidade da temperatura média global anual exceder em 1,5ºC os níveis pré-industriais em pelo menos um dos próximos cinco anos é de 80%, gerando impactos extremos: enchentes, secas, ondas de calor e elevação do nível do mar. Aqui no Brasil, além da tragédia no Sul, enfrentamos secas severas e o avanço do desmatamento que compromete nosso papel estratégico no equilíbrio climático global. Sem uma ação imediata, o impacto será imensurável em todas as esferas.
 

Apesar de sua relevância, o Plano Clima já enfrenta críticas. Empresários têm apontado a falta de planejamento do governo em incluir o setor privado na discussão e construção das diretrizes do plano. Além disso, há muitos obstáculos relacionados à governança, como a necessidade de maior integração entre os diferentes níveis de governo e setores da sociedade.
 

A superação desses desafios começa com a criação de um diálogo mais estruturado entre governo e setor privado. Isso porque as empresas também podem agir na solução, investindo em tecnologias verdes e liderando projetos de sustentabilidade.
 

A tecnologia será outro elemento-chave. Soluções envolvendo inteligência artificial e ferramentas de big data já têm desempenhado um papel fundamental no monitoramento de emissões, na previsão de desastres naturais e na otimização de recursos naturais. Um exemplo é o uso de tecnologia em cidades inteligentes (smart cities), onde é possível contar com sistemas de mobilidade urbana mais eficientes, gerenciar recursos energéticos de forma sustentável, entre outras ações.
 

Para essa discussão, gostaria de destacar o Plano Climático da Cidade de São Paulo. O PlanClima SP, assim como o Plano Nacional, propõe ações concretas para mitigar os impactos das mudanças climáticas, mas com foco específico no município. O objetivo é levar São Paulo a zerar as emissões de carbono até 2050. Um diferencial importante aqui é a existência da Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas (SECLIMA), coordenando e centralizando as políticas ambientais. Na minha opinião, os outros municípios também deveriam adotar essa estrutura.
 

Entre as iniciativas do plano municipal estão a ampliação de ciclovias, substituição gradual das frotas de ônibus por veículos de zero emissões, redução da produção de resíduos, maximização dos processos de compostagem, implantação de ecoparques e outras ações. Além disso, neste ano, a cidade de São Paulo lançou o Movimento São Paulo pelo Clima, uma ação que reúne governo, setor privado e sociedade civil para avançar em soluções climáticas.
 

Enfim, o Brasil, com sua biodiversidade e recursos naturais, tem a oportunidade de se posicionar como líder global no combate às mudanças climáticas. Com políticas públicas integradas e apoio ao empreendedorismo inovador, é possível construir uma economia que combine crescimento e preservação ambiental. No entanto, o sucesso do Plano Clima depende de uma execução bem planejada.
 

*Thomas Law, é doutor em Direito Comercial pela PUC-SP, com pós-doutorado na USP e sócio-proprietário do escritório de advocacia que leva seu nome. Fundador do hub de inovação Ibrawork, é reconhecido por sua contribuição na interseção entre o campo jurídico e a inovação, integrando o poder público, a iniciativa privada e as universidades, especialmente na área de smart cities.

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Gabriela Calencautcy
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