3º Fórum de Tiradentes conclui trabalhos e divulga documento com desafios importantes a políticas públicas para o audiovisual

KARINA MANCINI
31/01/2025 10h28 - Atualizado há 7 horas
3º Fórum de Tiradentes conclui trabalhos e divulga documento com desafios importantes a políticas públicas para o audiovisual
Divulgação
Entre os dias 25 e 29 de janeiro, a 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes sediou a terceira edição do Fórum de Tiradentes – Encontros pelo Audiovisual, a cada ano se consolidando como espaço de debate e articulação do setor. Com 89 participantes representando diversos segmentos do ecossistema audiovisual, o evento destacou a necessidade de políticas públicas sustentáveis, reforçou a importância do audiovisual como setor estratégico e reafirmou demandas para os próximos anos. A Carta de Tiradentes 2025, documento resultante das discussões, sintetiza diretrizes e reivindicações que serão encaminhadas às instâncias governamentais.
 
A conjuntura do audiovisual brasileiro tem passado por transformações desde a primeira edição do Fórum, realizada em 2023, impulsionada pela retomada do Ministério da Cultura e da Secretaria do Audiovisual. Apesar de avanços significativos, como a renovação das cotas de tela e o fortalecimento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), desafios persistem, especialmente no que diz respeito à regulação do vídeo sob demanda (VoD), ao fortalecimento dos polos regionais e à ampliação do acesso ao cinema brasileiro. A Carta de Tiradentes enfatiza a urgência de uma política de desenvolvimento do audiovisual que contemple todas as etapas da cadeia produtiva, desde a formação e produção até a distribuição e exibição.
 
Em 2025, a Mostra trouxe como tema “Que Cinema é Esse?”, de forma a explorar a diversidade cinematográfica brasileira, a partir do pressuposto da construção de uma “soberania imaginativa”. Para participantes do Fórum, essa diversidade deve constituir o foco das políticas públicas, e consideradas nas dimensões políticas, culturais, sociais e econômicas.
 
Hoje, os desafios que abrangem os segmentos de Produção, Distribuição e Circulação, Exibição e Difusão, Formação e Educação, Pesquisa e Preservação têm encontrado ressonância no processo liderado pelo Ministério da Cultura, visando a formulação do Plano de Diretrizes e Metas do Audiovisual, atualmente em construção.
 
Especialistas enfatizaram a necessidade de reconhecer o audiovisual como um setor econômico estratégico. A relação entre cultura e desenvolvimento foi um dos pontos centrais das discussões, com participantes defendendo medidas para garantir previsibilidade e continuidade dos investimentos públicos. "O Fórum é um espaço colaborativo de encontro entre representações de vários setores do audiovisual. Foram cinco dias de articulações e definições de perspectivas para a política pública", destacou Raquel Hallak, uma das coordenadoras, que divide a função com Mário Borgneth.
 
A transversalidade das pautas abordadas durante o Fórum refletiu a complexidade do setor, abrangendo temas como formação, preservação, democratização do acesso e descentralização dos investimentos. Uma das propostas discutidas foi a revitalização do Programa Nacional de Cinema na Escola, visto como uma estratégia essencial para a formação de público e a valorização do cinema brasileiro. Alice Muniz, presidenta da Associação de Profissionais Trans do Audiovisual, destacou a importância de aproximar o debate setorial da sociedade: “A gente precisa pensar em como mobilizar para além das salas fechadas dos festivais. Eu, como pessoa da periferia, nunca imaginei fazer cinema, mas foi a educação que abriu esse caminho para mim.”
 
Outro ponto de destaque do Fórum foi a articulação para a aprovação da regulação do VoD, medida considerada fundamental para equilibrar o mercado e garantir espaço a produções nacionais nas plataformas de streaming. A proposta, que já tramita em instâncias governamentais, enfrenta resistência, mas tem sido defendida como essencial para fortalecer a indústria audiovisual brasileira e garantir maior autonomia às produções independentes.
 
A Carta de Tiradentes cita ainda a necessidade de medidas para garantir o não contingenciamento dos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, além da criação de um calendário plurianual de editais que contemple a diversidade de agentes do setor. Outras ações, como a ampliação do circuito de salas de cinema e o fortalecimento da presença do audiovisual nas escolas, foram apontadas como estratégicas para consolidar uma política de longo prazo.
 
Além disso, a Carta destaca a importância da governança e participação social no setor, propondo a criação de Câmaras Técnicas na Ancine e de um Conselho Consultivo na Secretaria do Audiovisual. A implementação de uma Comissão Tripartite, envolvendo estados, municípios, o Distrito Federal e o Ministério da Cultura, foi apontada como uma estratégia essencial para fortalecer a descentralização e a efetividade das políticas públicas. A necessidade de regulamentação dos direitos autorais dos profissionais criadores também foi enfatizada, como forma de garantir segurança jurídica e valorização dos trabalhadores do setor.
 
Outro eixo central do documento trata a expansão e fortalecimento do circuito de exibição e defende investimentos na manutenção e ampliação de salas de cinema, com especial atenção às regiões fora dos grandes centros. A proposta de um sistema oficial de dados e indicadores para contabilizar a audiência e a circulação de obras em espaços não comerciais também foi ressaltada como essencial para qualificar políticas de fomento e distribuição. 
O documento final será encaminhado ao Ministério da Cultura, à Ancine e a outras instâncias federativas, buscando transformar as reivindicações em políticas efetivas. 
  
28ªMOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES CELEBRA RETORNO DA PETROBRAS COMO PATROCINADORA MASTER
 
A Mostra de Cinema de Tiradentes tem o orgulho de anunciar o retorno da Petrobras como patrocinadora master em sua 28ª edição, que acontece de 24 janeiro a 1º de fevereiro de 2025. Após 10 anos desde a última parceria, em 2015, a retomada do apoio reafirma o compromisso da Petrobras com a valorização da cultura brasileira e com o fortalecimento do cinema nacional. Reconhecida por fomentar a cultura brasileira ao longo de décadas, a Petrobras une-se novamente à Mostra em uma programação especial, repleta de encontros, estreias e debates que consolidam a Mostra Tiradentes como principal vitrine do cinema brasileiro contemporâneo.
 
SOBRE A MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
PLATAFORMA DE LANÇAMENTO DO CINEMA BRASILEIRO
 
Maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão realizado no país e chega a sua 28ª edição de 24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2025, em formato online e presencial. Apresenta, exibe e debate, em edições anuais, o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias mundiais e nacionais – uma trajetória rica e abrangente que ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.
O evento exibe mais de filmes brasileiros em pré-estreias nacionais e mostras temáticas, presta homenagem a personalidades do audiovisual, promove seminário, debates, a série Encontro com os filmes, oficinas, Mostrinha de Cinema, Fórum de Tiradentes, Conexão Brasil CineMundi e atrações artísticas. Toda a programação é gratuita. Mais informações www.mostratiradentes.com.br
 

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KARINA MANCINI DE CANHA
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