23/12/2024 às 12h38min - Atualizada em 25/12/2024 às 08h03min
Cuidar e Adoecer: A Sobrecarga invisível de quem cuida no Brasil
JRC Comunicação
Foto produzida e autorizada para uso Os desafios emocionais, físicos e financeiros enfrentados pelos cuidadores no Brasil e a necessidade urgente de suporte e políticas públicas inclusivas
*Por Kennya Rodrigues Nézio
Cuidar é um ato de amor, mas também pode ser um fardo que muitos carregam em silêncio. No Brasil, milhões de pessoas dedicam suas vidas a cuidar de outros: crianças com necessidades especiais, idosos dependentes, pessoas com transtornos mentais, entre outros. Para essas pessoas, o ato de cuidar frequentemente vem acompanhado de exaustão emocional, física e financeira. E quem cuida de quem cuida? Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2022) revelam que quase um bilhão de pessoas em todo o mundo viviam com algum transtorno mental antes da pandemia de COVID-19, com 14% dos adolescentes globalmente enfrentando esses desafios. Além disso, transtornos como depressão e ansiedade aumentaram mais de 25% no primeiro ano da pandemia. Em 2023, a OMS reforçou a necessidade urgente de transformar os sistemas de saúde mental, destacando a importância de apoiar não apenas os que precisam de cuidados, mas também aqueles que os oferecem (PAHO, 2023). Cuidar e Adoecer: O alto preço do cuidado Para milhões de brasileiros, cuidar é um desafio diário que muitas vezes transforma suas vidas. São pais que cuidam de filhos com autismo, filhos que cuidam de pais idosos com Alzheimer, cônjuges que apoiam parceiros com depressão severa ou vizinhos que ajudam amigos em momentos de vulnerabilidade. "O envolvimento constante e intenso no cuidado de outra pessoa gera um desgaste que é, muitas vezes, invisível aos olhos da sociedade", afirma Kennya Rodrigues, psicóloga e pesquisadora na área de saúde mental. Essa sobrecarga não é restrita a cuidadores informais. Profissionais de saúde, como enfermeiros, auxiliares e psicólogos, também relatam níveis alarmantes de exaustão emocional. Estudos do Ministério da Saúde (2021) apontam que 70% dos cuidadores informais no Brasil apresentam algum nível de estresse crônico, enquanto profissionais enfrentam taxas crescentes de burnout devido à alta demanda e à falta de recursos. Sinais de Sobrecarga: Você está cuidando demais? Se você é um cuidador, é importante reconhecer os sinais de que sua saúde pode estar em risco: - Fadiga Constante: Sentir-se cansado o tempo todo, mesmo após períodos de descanso.
- Irritabilidade e Mudanças de Humor: Explosões emocionais ou tristeza frequente podem ser sinais de esgotamento.
- Problemas de Saúde Física: Insônia, dores musculares e até doenças crônicas são comuns em cuidadores sobrecarregados.
- Isolamento Social: A falta de tempo ou energia para socializar pode aumentar a sensação de solidão.
- Culpa Excessiva: Sentir-se incapaz de fazer o suficiente ou de dividir responsabilidades.
Os custos invisíveis do cuidado O impacto do cuidado vai além da saúde física e emocional. De acordo com a OMS (2022), cuidadores em todo o mundo perdem mais de 12 bilhões de dias de trabalho anualmente devido ao estresse relacionado ao cuidado. No Brasil, grande parte desse peso recai sobre mulheres, que frequentemente assumem o papel de cuidadoras principais em suas famílias, sacrificando suas carreiras, relações sociais e saúde. Como apoiar quem cuida? É urgente adotar medidas para proteger a saúde e o bem-estar dos cuidadores. Algumas estratégias essenciais incluem: - Reconhecimento Público: Valorização do papel dos cuidadores por meio de campanhas de conscientização.
- Acesso a Serviços de Saúde Mental: Políticas públicas que garantam apoio psicológico gratuito para cuidadores.
- Iniciativas de Respite: Programas que ofereçam períodos de descanso e suporte logístico aos cuidadores informais.
- Redes de Apoio Comunitário: Grupos de apoio que promovam trocas de experiências e acolhimento mútuo.
Cuidar sem adoecer Cuidar de outra pessoa é um gesto que transforma vidas, mas não deve custar a saúde de quem cuida. Seja você um profissional da saúde que lida com a pressão do dia a dia ou um familiar que equilibra responsabilidades domésticas e emocionais, a sobrecarga precisa ser reconhecida e enfrentada. Cuidar de si mesmo não é egoísmo; é a base para continuar cuidando de quem precisa. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
ANDREA TORRES MATOS SILVEIRA
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