23/12/2024 às 18h14min - Atualizada em 25/12/2024 às 08h03min

Evandro Hazzy sobre o fim do Miss Holanda: “No Brasil essa tradição não será apagada”

Presidente do Miss Grand Brasil comenta sobre os novos rumos dos concursos de beleza

MáRCIA STIVAL ASSESSORIA
Reprodução da Internet

Após 35 anos de história, o Miss Holanda encerra suas atividades, marcando um momento de transição que tem gerado debates sobre os rumos dos concursos de beleza. A organização anunciou que o evento será substituído por uma plataforma voltada para saúde mental e empoderamento feminino, deixando para trás coroas e desfiles tradicionais.

Evandro Hazzy, referência nacional nos concursos de beleza e presidente do Miss Grand Brasil, não esconde sua preocupação. “Estamos em tempos onde tudo é colocado sob julgamento. Modernizar é válido, mas apagar o que construímos com décadas de história é perigoso. Os concursos de beleza, quando bem estruturados, celebram não apenas estética, mas também comunicação, desenvoltura e resiliência. São mais do que desfiles, são oportunidades”.

Para Hazzy, a exclusão do Miss Holanda é simbólica de um mundo que, muitas vezes, confunde evolução com desconstrução. Ele pontua que os concursos já enfrentam desafios como a falta de investidores e o desinteresse de grandes veículos de comunicação, mas reforça que o digital é um espaço poderoso para a reinvenção. “Podemos levar essas competições para as redes sociais ou transformá-las em realities de sucesso, como já acontece. O que não podemos é abrir mão da essência: o concurso é sobre competição, sobre eleger a melhor dentro dos critérios estabelecidos. E isso precisa ser respeitado”.

Ele ainda critica o que chama de “hipersensibilidade” atual. “Hoje vivemos em um mundo que qualquer comentário ou decisão vira motivo para questionamento jurídico ou cancelamento. Isso tira a leveza e a beleza do que esses eventos representam. No passado, as misses aplaudiam as vencedoras. Hoje, muitas entram já com a ideia de processar, caso percam. Onde está a capacidade de lidar com derrotas, algo tão essencial na vida?”.

A decisão do Miss Holanda, segundo Hazzy, também reflete mudanças no papel do feminismo dentro desses concursos. “As mulheres têm mesmo que ter mais voz e espaço, mas não podemos esquecer que o foco principal desses eventos sempre foi a celebração da beleza e força feminina em conjunto com outras habilidades. Feminismo não precisa significar o fim de um concurso de beleza; pode significar mais possibilidades dentro dele”.

Hazzy conclui com um posicionamento firme: “Não sou contra mudanças, mas sou contra perder a essência. Modernizar não é destruir; é adaptar. O mundo Miss ainda tem muito a oferecer, desde que respeite sua história e seus valores. No Brasil, enquanto eu estiver aqui, essa tradição não será apagada”.


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MARCIA ROSANE STIVAL
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