Após 35 anos de história, o Miss Holanda encerra suas atividades, marcando um momento de transição que tem gerado debates sobre os rumos dos concursos de beleza. A organização anunciou que o evento será substituído por uma plataforma voltada para saúde mental e empoderamento feminino, deixando para trás coroas e desfiles tradicionais.
Evandro Hazzy, referência nacional nos concursos de beleza e presidente do Miss Grand Brasil, não esconde sua preocupação. “Estamos em tempos onde tudo é colocado sob julgamento. Modernizar é válido, mas apagar o que construímos com décadas de história é perigoso. Os concursos de beleza, quando bem estruturados, celebram não apenas estética, mas também comunicação, desenvoltura e resiliência. São mais do que desfiles, são oportunidades”.
Para Hazzy, a exclusão do Miss Holanda é simbólica de um mundo que, muitas vezes, confunde evolução com desconstrução. Ele pontua que os concursos já enfrentam desafios como a falta de investidores e o desinteresse de grandes veículos de comunicação, mas reforça que o digital é um espaço poderoso para a reinvenção. “Podemos levar essas competições para as redes sociais ou transformá-las em realities de sucesso, como já acontece. O que não podemos é abrir mão da essência: o concurso é sobre competição, sobre eleger a melhor dentro dos critérios estabelecidos. E isso precisa ser respeitado”.
Ele ainda critica o que chama de “hipersensibilidade” atual. “Hoje vivemos em um mundo que qualquer comentário ou decisão vira motivo para questionamento jurídico ou cancelamento. Isso tira a leveza e a beleza do que esses eventos representam. No passado, as misses aplaudiam as vencedoras. Hoje, muitas entram já com a ideia de processar, caso percam. Onde está a capacidade de lidar com derrotas, algo tão essencial na vida?”.
A decisão do Miss Holanda, segundo Hazzy, também reflete mudanças no papel do feminismo dentro desses concursos. “As mulheres têm mesmo que ter mais voz e espaço, mas não podemos esquecer que o foco principal desses eventos sempre foi a celebração da beleza e força feminina em conjunto com outras habilidades. Feminismo não precisa significar o fim de um concurso de beleza; pode significar mais possibilidades dentro dele”.
Hazzy conclui com um posicionamento firme: “Não sou contra mudanças, mas sou contra perder a essência. Modernizar não é destruir; é adaptar. O mundo Miss ainda tem muito a oferecer, desde que respeite sua história e seus valores. No Brasil, enquanto eu estiver aqui, essa tradição não será apagada”.
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MARCIA ROSANE STIVAL
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