19/12/2024 às 16h56min - Atualizada em 22/12/2024 às 08h07min

Médica de Recife (PE) conta como supera obstáculos para ter espaço em neurocirurgia

Natural de Cabo Verde, Dra. Ana Cristina Veiga Silva quer inspirar outras profissionais mulheres a ocuparem espaços na medicina

BRUNA QUINTANILHA
Crédito: divulgação Medtronic
Crédito: divulgação Medtronic
Quem vê o currículo da médica radicada em Recife (PE), Ana Cristina Veiga Silva, neurocirurgiã, mestre em neurotrauma, vice-presidente da Associação de Neurocirurgiões dos PALOP, doutoranda na UFPE e participante do Programa de Jovens Lideranças Médicas da Academia Nacional de Medicina, não imagina os obstáculos que a profissional precisou superar para conquistar seu espaço. Como mulher negra em uma especialidade majoritariamente masculina, ela frequentemente enfrentou situações em que precisou ser validada por colegas ou provar sua qualificação técnica para ser ouvida.
Natural de Cabo Verde, a Dra. Ana, hoje, com 37 anos de idade, chegou ao Brasil aos 20, pelo Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G). Se formou em medicina pela Universidade Federal do Pará, fez especialização em neurocirurgia pelo Hospital da Restauração e segue em formação acadêmica no doutorado pela Universidade Federal de Pernambuco. 
A doutora é uma das 20 médicas integrantes do Programa ELISA (Edições de Livre Iniciativa de Solidariedade e Apoio), ação criada pela empresa Medtronic, líder em tecnologia na saúde, para ampliar o número de mulheres em especialidades médicas com maior participação masculina. O ELISA une médicas experientes de áreas com mais homens em atuação a jovens doutoras, em um formato de mentoria, para que as mais experientes preparem e encorajem as jovens profissionais. No programa, a Dra. Ana Veiga é mentorada pela Dra. Viviana Guzzo Lemke, cardiologista intervencionista. 
“O objetivo é trabalharmos juntas para superar as barreiras impostas às mulheres nas especialidades médicas, uma incontestável demonstração de comprometimento com a equidade de gênero na medicina”, comenta a Dra. 
De acordo com a neurocirurgiã, o preconceito na carreira veio, muitas vezes, dos próprios pacientes e funcionários dos hospitais. “Não cogitavam ter uma pessoa como eu prestando assistência, principalmente em ambientes elitistas. Mesmo estando fardada, com crachá de identificação, solicitavam que chamasse o médico. O que as pessoas enxergam primeiro é o fato de ser preta e mulher, o que não seria problema se não fosse limitador e excludente”.

Apesar dos obstáculos, a Dra Ana sempre seguiu seu propósito. Durante o segundo ano da residência em neurocirurgia, teve uma gravidez inesperada, o que acrescentou mais um desafio à continuidade de sua formação. Mesmo diante das adversidades, a médica superou os obstáculos com resiliência e seguiu determinada em sua carreira.

Hoje, é neurocirurgiã e neurocientista, estudando e atuando na assistência a pacientes com afecções neurológicas que necessitam de intervenção cirúrgica principalmente por neurotrauma.
Além do trabalho assistencial, a doutora é membro fundadora uma associação que conecta neurocirurgiões dos países africanos de língua oficial portuguesa - PALOP, promovendo colaboração e desenvolvimento na neurocirurgia lusófona africana. 

Ela também faz parte do grupo de pesquisas advances in neurscience e trabalha como facilitadora do centro de simulação da Faculdade pernambucana de saúde, contribuindo para a formação da próxima geração de médicos, e, quem sabe, neurocirurgiões.
A neurocirurgia é uma área que exige conhecimento profundo, habilidades específicas e extrema dedicação. Dra. Ana encontrou nesta especialidade uma paixão que a impulsionou a seguir adiante, mesmo em um ambiente predominantemente masculino. 

“O fascínio pelo modo de funcionamento do cérebro é instigante, sempre fui movida pela curiosidade e possibilidade de desmembramento de coisas complexas em porções acessíveis que efetivamente tivessem impacto no dia a dia das pessoas. A neurocirurgia parece distante e complexa, quase intangível”, comenta a doutora.

No programa ELISA da Medtronic, a Dra Ana Veiga espera poder estimular ainda mais jovens médicas, como representação como a força de vontade e a dedicação, aliadas às oportunidades certas, podem romper barreiras e transformar destinos. 

“Acredito que a minha história evidencia que o lugar de onde se vem, não necessariamente precisa determinar o futuro, e que o acesso a oportunidades pode proporcionar o desenvolvimento necessário para alcançar o sucesso em qualquer área e lugar do mundo”, finaliza.

Obrigada

Abs.,

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BRUNA OLIVEIRA QUINTANILHA
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