12/11/2024 às 14h17min - Atualizada em 14/11/2024 às 00h02min

Gravações do documentário autoral 'NACHO' começam em Caxias do Sul e na Colômbia

Produtora da Serra Gaúcha também passa por reposicionamento e fortalecimento da identidade visual

MAIARA BACHI - DINAMICA CONTEUDO
Antonio Valiente

O novo projeto da produtora audiovisual Chamán Films, o documentário de longa-metragem “NACHO”, encontra-se em fase final de construção de roteiro. O cineasta Daniel Vargas assina a direção e a fotografia do filme. 

Natural de Bogotá, na Colômbia, e residente em Caxias do Sul (RS) desde 2007, o cineasta entende essa obra como o “projeto de sua vida”, por ter como pano de fundo uma história muito particular: a morte do pai, em 1989, por meio da queda do voo Avianca 203, destruído por uma bomba em um atentado narcoterrorista.

Por meio de uma narrativa formada por vídeo-cartas, arquivos pessoais e depoimentos de amigos e familiares, o filho vai relatando para o pai que se foi como vê o mundo, em primeira pessoa e de forma subjetiva. “Depois de 25 anos de planejamento, chegou o momento de contar essa história, uma forma de homenagear meu pai. Farei uso, também, de objetos que mostram quem ele é, com elementos que trazem sua memória à vida. Mesmo sendo algo tão íntimo e pessoal, entendo que o público poderá se identificar de alguma forma, pois morte e vida são temas universais”, explica Vargas.

Em setembro, o diretor e o roteirista André Luís Garcia passaram 10 dias na Colômbia fazendo novas pesquisas e iniciando a captura de material para o documentário. O projeto foi inicialmente intitulado Fragmentos, inspirado no estilo narrativo escolhido, por meio de “fragmentos” de memória que, reunidos, contam uma história. No decorrer das pesquisas e construção do roteiro, a potência do personagem principal deu o novo nome ao filme, Nacho, apelido de José Ignacio, pai de Daniel. A próxima visita ao país sul-americano será no final de novembro, dando continuidade às entrevistas e captação de imagens, inclusive no local da queda do avião, onde acontecem homenagens póstumas no dia 27 (data do atentado).

Aprovado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul, a produção tem o mês de agosto de 2025 como previsão para a finalização. Daniel comenta também que, devido ao alto volume de material encontrado a partir das pesquisas realizadas, a ideia é ampliar o documentário, transformando em filme de 107 minutos. 

No site da produtora https://www.chamanfilms.com.br/projeto/nacho podem ser encontradas mais informações sobre o projeto. Ao mesmo tempo, a Chamán Films trabalha na finalização e circulação do curta-metragem em stop motion “A Lenda da Bombacha”, selecionado para a mostra competitiva do 2º Festival de Cinema de Canoas, e no documentário “Quem é esse povo de branco”, sobre a história da Umbanda em Caxias do Sul, entre outros projetos culturais e empresariais.
 

Ficha técnica:

Direção: Daniel Vargas

Produção: Roberta Tiburri e Daniel Vargas

Produção Executiva: Rafael De Boni

Roteiro: André Luís Garcia

Direção de Fotografia: Daniel Vargas

Direção de Arte: Roberta Tiburri

Montagem: Tula Anagnostopoulos

Trilha Sonora e Desenho Sonoro: Gustavo Foppa

Identidade Visual: Gabriel Radaelli

Realização: Prefeitura de Caxias do Sul / Secretaria Municipal da Cultura / Lei Paulo Gustavo / Ministério da Cultura / Governo Federal
 

Momento de reposicionamento

Esse projeto vem para marcar uma nova fase da produtora Chamán Films, que atua em projetos voltados para a área cultural e que, atualmente, vem investindo mais em projetos autorais. Inaugurada em 2009, como “Xamã”, a produtora agora passa a levar em seu nome uma identificação maior com a essência e a língua materna de seu fundador, o cineasta colombiano radicado no Brasil, Daniel Vargas. A mudança de nome também é acompanhada de nova identidade visual, criação de Gabriel Radaelli, especializado em branding e design.

A Chamán Films trabalha com projetos híbridos entre o documental e as artes. A produtora atua também na área da formação, como mais um jeito de fazer cinema e de expandir novas e diversas formas de olhar, compreender e se relacionar com o mundo. Por isso, transita por vários espaços de ensino e aprendizagem, desde a universidade até oficinas e workshops, estimulando a troca de conhecimentos na área do audiovisual. “Nossas produções, sempre com equipes multidisciplinares, trazem no seu DNA um olhar documental, traduzindo formas de ver o mundo de um modo mais sensível e verdadeiro”, aponta Vargas. 

Com cerca de 60 projetos realizados até o momento, alguns dos principais trabalhos da Chamán Films são cinco temporadas da websérie “Causos e gaitas”, com um viés de memória e preservação da história por meio da música, além de trabalhos de artistas locais, entre outros.


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