Os avanços tecnológicos, a automação, a crescente digitalização e as inteligências artificiais têm impulsionado uma grande transformação no cenário brasileiro do trabalho, fazendo surgir novas profissões, reconfigurando outras ou colocando em risco a existência de algumas delas.
Em meio a esse novo contexto, a qualificação e requalificação profissional, tanto dos profissionais que estão no mercado como daqueles que estão em busca de oportunidades de trabalho, tornou-se essencial para que possam enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem a um ritmo acelerado frente às mudanças.
Segundo a projeção elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), considerando o crescimento da economia e do mercado de trabalho, para atender à demanda da indústria nos próximos anos, o Brasil deve formar até 2027 mais de 2,2 milhões de novos profissionais e requalificar 11,8 milhões que já estão no mercado.
Em contrapartida, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2023), em 2023, havia no Brasil 8,5 milhões de desempregados e 440 mil vagas de emprego abertas, uma conta que não fecha, e um dos motivos é a falta de qualificação adequada dos profissionais disponíveis no mercado.
A inovação tecnológica e as mudanças no mundo do trabalho têm transformado profundamente as exigências acerca da qualificação profissional no Brasil. Um relatório da McKinsey & Company (2021) aponta que em torno de 15% a 20% dos empregos atuais no Brasil poderão ser automatizados até 2030. Portanto, todo trabalho repetitivo e de baixa complexidade, em um futuro muito próximo, certamente será realizado por robôs, o que põe em xeque profissões mais operacionais.
Por outro lado, áreas em expansão como tecnologia da informação, logística e saúde têm demandado profissionais altamente qualificados com expertise em tecnologias inovadoras. Um estudo sobre o futuro do trabalho no Brasil, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2022, destacou que profissões ligadas à ciência de dados, cibersegurança, inteligência artificial e desenvolvimento de software estão em alta, sendo as mais promissoras para os próximos anos.
Porém, não somente de competências técnicas que incluem o domínio de tecnologias emergentes como big data, blockchain e inteligência artificial, se mantêm a empregabilidade do profissional. Segundo o Relatório do Fórum Econômico Mundial (2020), no novo contexto do mercado de trabalho, as competências comportamentais, como a resolução de problemas complexos, pensamento crítico, criatividade e inteligência emocional estão entre as mais demandadas. Profissionais de Recursos Humanos têm afirmado que as competências comportamentais podem ter um peso maior na hora de selecionar o candidato para a vaga de emprego. É o que confirma o levantamento realizado pela Page Personnel Consultoria, apontando que nove em cada dez profissionais são contratados pelo perfil técnico e demitidos pelo comportamental.
Nesse sentido, a qualificação e requalificação tornam-se essenciais para a empregabilidade de qualquer profissional. As empresas estão atentas a isso, muitas implantando Universidades Corporativas para a formação continuada dos funcionários ou oferecendo benefícios como cursos de graduação, pós-graduação, línguas entre outros para a capacitação profissional.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) do IBGE em 2023, apenas 23% dos profissionais que estão no mercado de trabalho possuem nível superior completo, e a maioria dos trabalhadores ainda atua em profissões de baixa qualificação, o que justifica a defasagem entre a qualificação dos profissionais disponíveis e as exigências do mercado de trabalho para salários atrativos e grande possibilidade de crescimento na carreira.
(*) Andressa Bueno Serigato Meneghelli, Mestra em Administração e professora da Escola Superior de Gestão Comunicação e Negócios do Centro Universitário Internacional Uninter.
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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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