06/11/2024 às 13h41min - Atualizada em 07/11/2024 às 04h03min
3ª edição da Mostra de Cinema Israelense destaca coexistência e visões de uma sociedade e, permanente mobilização
Evento online e gratuito realizado pelo Instituto Brasil-Israel traz filmes inéditos e destaca cineasta brasileiro David Perlov, que revolucionou o cinema israelense
DENIS DANA
IBI / Divulgação Entre os dias 21 e 27 de novembro, o Instituto Brasil-Israel (IBI) realiza a 3ª edição da Mostra de Cinema Israelense. O evento, que tem apoio do Sesc e acontece de forma online e gratuita, apresenta ao público filmes com visões de uma sociedade em permanente mobilização. Haverá eventos de abertura e encerramento de forma presencial na cidade de São Paulo. Sob a curadoria de Bruno Szlak, as obras escolhidas também servem como importante contribuição da sétima arte para ilustrar a coexistência possível na região, justamente em tempos de conflito. Na programação da 3ª Mostra de Cinema Israelense, a abertura presencial para convidados acontece no dia 21 de novembro, em São Paulo, com o filme June Zero, inédito no Brasil. Na obra, o diretor Jack Paltrow faz um retrato terno, embora cínico, de Israel: um novo país em uma terra velha, lutando contra as dores crescentes de estabelecer sua presença tanto para a comunidade internacional quanto para seu próprio povo. Exibido online, o filme Hamenaztchim, de Eliran Peled, será exibido pela primeira vez no Brasil. Trata-se de um musical cativante que acompanha dois casais do Kibutz Netzer Sirani, cujas vidas tomam rumos dramáticos no pós-guerra de 1967. No centro está Neta Agmon, cuja carreira de atriz decola assim que seu marido retorna do conflito, mudado para sempre. Enquanto a estrela de Neta sobe, ela enfrenta uma batalha pessoal em casa, tentando se reconectar com o homem que ela conheceu. Em meio a uma nação em celebração, eles navegam pelas consequências invisíveis da guerra e pelo desafio de manter o amor vivo. A história mistura a luta pessoal com a vibração de um musical, oferecendo uma visão nova e envolvente do impacto da guerra, do preço da fama e do poder do amor. "Nesse momento em que vivemos uma certa escuridão, temos que recorrer à luz da cultura para nos dar esperanças de dias melhores. Na tradição judaica, quando se realiza algo continuamente, pelo menos por três vezes, isso significa um fortalecimento espiritual. Assim, seguir com a Mostra de Cinema Israelense afirma nossa resiliência e vontade de trilhar esse caminho e mostrar que as manifestações culturais alimentam a nossa alma", afirma Bruno Szlak, curador da mostra. O encerramento da III Mostra de Cinema acontecerá de forma presencial no dia 27 de novembro, em São Paulo[JR1] . Será exibido o documentário “In the same boat”, que conta a história de árabes que arriscaram as próprias vidas para salvar civis no dia 7 de outubro. Outro destaque do evento é o espaço dedicado ao cineasta David Perlov, brasileiro que revolucionou a arte das telonas em Israel. Serão exibidas algumas de suas obras, como o “Em Jerusalém”, de 1963, considerado um dos filmes mais poéticos já produzidos no país; o “42:6”, uma biografia livre do líder David Ben-Gurion, consagrada figura nacional; e os seis capítulos dos “Diários”, registros pessoais de Perlov que testemunham a realidade de Israel. Diários é considerado uma mistura de filmes caseiros, documentário político e cinema-verité, o que lhe dá todas as características de uma obra única. Nascido no Rio de Janeiro, em 1930, David Perlov iniciou seu trabalho cinematográfico em 1952, ao se mudar para Paris. Ele trabalhou na Cinemateca Francesa junto do lendário fundador Henri Langlois, uma das figuras mais destacadas no desenvolvimento do cinema francês naquele período. Perlov conheceu cineastas como Roberto Rossellini, Georges Franju e o documentarista Joris Ivens, cujas obras serviram como influências seminais em seu trabalho. Em 1958, aos 28 anos, Perlov imigrou para Israel com sua esposa, Mira. Ao longo de sua vida, nunca se cansou de relatar o quão difícil era se integrar à sociedade local. Sob certos pontos de vista, ele sempre se via como um forasteiro ali, mas ao mesmo tempo como um residente entusiasta que estava comprometido com o lugar. Essa atitude deriva em grande parte do tratamento que ele recebia por parte do establishment, que muitas vezes colocava obstáculos em seu caminho e, até o fim, não sabia exatamente como lidar com ele. Isso, especialmente após dirigir o filme “42:6”, em 1969, que não agradou o establishment. Na verdade, é preciso lembrar que desde o filme “Em Jerusalém”, de 1963, que foi premiado em Veneza, o estilo realista e intimista de Perlov não ia ao encontro da então narrativa sionista predominante do período, permeada pelos modelos de filmes de propaganda ao estilo soviético. Mas, seu trabalho mais importante são os Diários, filmados entre 1973 e 1983 como uma resposta do cineasta brasileiro à falta de incentivo estatal para suas produções. No início, com uma câmera de 16mm, Perlov filma a sua vida e a vida cidade, alternando interiores e exteriores de seu apartamento no 3º andar de um prédio em Tel Aviv. Esta alternância entre público e privado estabeleceria um diálogo entre os momentos da família e o que acontecia em Israel no período. Em 2003, Perlov faleceu, aos 73 anos, dos quais grande parte com genuína e importante contribuição para o desenvolvimento do cinema israelense. Serviço 3ª Mostra de Cinema Israelense De 21 a 27 de novembro de 2024 Online e gratuito
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Denis Victor Dana
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