31/10/2024 às 15h23min - Atualizada em 02/11/2024 às 00h01min
Pesquisa da Abrasel revela otimismo no setor de bares e restaurantes para o fim de 2024
Expectativas de vendas e contratações aumentam. Pesquisa também indica consequências das apostas online no comportamento de funcionários e consumidores
TATIANE FERREIRA
Wikicommons O setor de bares e restaurantes prevê um final de ano aquecido. De acordo com um levantamento da Abrasel, 78% dos empresários entrevistados projetam aumento nas vendas em relação ao mesmo período de 2023. Esse otimismo reflete a confiança em um maior fluxo de clientes com a chegada das festividades e das férias de fim de ano, além do aumento do poder de compra, impulsionado pelo pagamento do 13º salário.
As boas expectativas surgem em um momento oportuno, em que seis a cada dez bares e restaurantes (62%) ainda operam sem lucro, segundo a pesquisa. O setor enfrenta dificuldades devido à pressão da inflação e ao aumento dos custos operacionais, que comprometem a margem de lucro. Assim, a chegada do fim de ano representa uma chance para impulsionar o faturamento e reduzir prejuízos e dívidas acumuladas.
Alta na demanda impulsiona contratações Com a expectativa de aumento na demanda, as contratações em bares e restaurantes também ganham força. Segundo a pesquisa, 40% dos empresários pretendem ampliar o quadro de funcionários até dezembro. "Com mais colaboradores, os estabelecimentos estarão mais bem equipados para lidar com a alta de clientes e proporcionar uma experiência positiva, fundamental para fidelizar o consumidor que chega nesse período," afirma Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.
Para atrair novos talentos, os empresários estão adotando diversas estratégias. Cerca de 40% dos que planejam contratar afirmam que implementarão premiações por desempenho, criando um ambiente de competitividade saudável. Além disso, 26% deles estão investindo em cursos e treinamentos para capacitar suas equipes, enquanto 23% planejam oferecer salários acima da média do mercado para se destacar na atração de profissionais qualificados.
Otimismo marca fim de ano, mas apostas online preocupam empresários O levantamento realizado pela Abrasel também revela dados sobre o impacto das apostas online, conhecidas como “bets”, no setor de alimentação fora do lar. De acordo com a pesquisa, 44% dos empresários acreditam que as apostas online têm influência na gestão ou no resultado de seus negócios. Entre eles, 63% percebem mudanças no comportamento dos funcionários devido ao envolvimento com apostas esportivas, o que vem trazendo desafios para a gestão de equipes.
"O envolvimento com as bets tem gerado sérios impactos na vida dos funcionários, levando ao endividamento, faltas ao trabalho e problemas psicológicos que afetam suas relações interpessoais. Além de prejudicar o bem-estar mental dos colaboradores, isso também compromete diretamente a qualidade do serviço prestado, criando um ciclo vicioso que diminui a produtividade e gera insegurança financeira", afirma Solmucci.
Além dos impactos nas finanças e na saúde dos funcionários, 62% dos empresários também notam uma redução na frequência dos consumidores nos estabelecimentos. A maioria (60%) percebeu uma diminuição nas vendas desde que as bets foram liberadas no Brasil, e 86% relacionam essa queda aos hábitos de apostas online.
"Os serviços de apostas e jogos estão desviando cada vez mais receitas que poderiam ser direcionadas ao consumo na economia. Com o aumento da renda média no país, setores como comércio e serviços poderiam estar registrando resultados melhores. No entanto, quando as pessoas destinam seu dinheiro para as apostas, elas acabam reduzindo seu poder de compra, o que resulta em menos atividades de lazer, como frequentar bares e restaurantes", completa Solmucci.
Em setembro, a Abrasel assinou, junto a outras instituições representantes dos setores de comércio e serviços, um manifesto pedindo a regulamentação das propagandas e do acesso aos jogos de apostas online. O documento ainda aponta outras duas ações que podem ser implementadas imediatamente para conter o crescimento desenfreado das bets: o bloqueio de cartões de crédito para apostas e uma tributação maior na operação.
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TATIANE RAQUEL FERREIRA RIBEIRO
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