As Parcerias Público-Privadas (PPPs) com foco em educação se multiplicam por todo o Brasil. Só entre janeiro e agosto deste ano, foram anunciados 65 novos projetos no setor, contra 12 registrados em todo o ano passado, de acordo com o relatório iRadarPPP. Enquanto as iniciativas aparecem como uma solução para os desafios do Poder Público em lidar com o orçamento, todos os planos em andamento são exclusivamente voltados à parte estrutural. Para especialistas, porém, é preciso ir além da infraestrutura e trazer valor agregado para os alunos.
Dados da consultoria Radar PPP apontam que há em vigor neste ano no Brasil, ao todo, 122 PPPs, ao considerar iniciativas de educação em modelagem, consulta pública ou até mesmo as que estão paralisadas. Desse total, 110 envolvem creches, ensino infantil ou fundamental. O tema ganhou ainda mais protagonismo há pouco mais de 4 meses, quando um chamamento público foi promovido pela Caixa Econômica Federal para selecionar municípios interessados em desenvolver parcerias em educação infantil.
Para Thiago Zola, mestre em Educação e Head de Produtos da Mind Lab, trata-se de uma oportunidade rara de investir na educação complementar dos alunos. “O desenvolvimento socioemocional e cognitivo dos alunos precisa ser a bola da vez. É claro que o olhar para a infraestrutura também é fundamental, afinal, não fazemos bons estudantes com estrutura precária. Mas é preciso ajudá-los no crescimento pessoal e temos ferramentas capazes de agregar nesse aspecto”, afirma.
A importância do desenvolvimento desde a primeira infância é tema de estudos internacionais. James J. Heckman, professor emérito de economia “Henry Schultz” da Universidade de Chicago, ganhador do Prêmio Nobel de Economia e especialista em economia do desenvolvimento humano, é responsável por um estudo que revela a importância da atenção às crianças até 6 anos, período de maior potencial para criar habilidades como a atenção, motivação, autocontrole e sociabilidade. A análise do programa “Perry Preschool”, de Heckman, mostra um retorno sobre o investimento de 7 a 10% ao ano com base no aumento da escolaridade e do desempenho profissional, além da redução dos custos em temas como reforço escolar, saúde e gastos do sistema de justiça penal, por exemplo.
Zola ressalta que não se trata de uma “revolução curricular”, mas sim um ganho essencial nas práticas escolares. “Vejo as didáticas socioemocionais como um complemento fundamental no desenvolvimento humano e que precisa ser posto em prática de Norte a Sul do Brasil. É uma forma de preparar melhor os alunos para os desafios da vida, especialmente nos primeiros anos, quando se dá a formação”, observa.
Diversos estados brasileiros estão em movimentação de projetos de PPPs, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A tendência é que o tema continue ganhando força, de acordo com o especialista. “Por isso, chamo a atenção para a urgência em incluirmos os projetos de desenvolvimento socioemocional no centro da discussão, algo que irá impactar positivamente milhões de estudantes e que trará um retorno imensurável para as próximas décadas”, conclui.
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ALAN OLIVEIRA DA SILVA
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