30/10/2024 às 17h24min - Atualizada em 31/10/2024 às 08h04min

A medicina em tempos de Inteligência Artificial

Por Dr. Jefferson Medeiros, médico, autor do livro “Comunicação: o remédio que a medicina não prescreve” e host do Jeff Podcast

BRUNA DE PAULA
Divulgação
Imagine que você está brincando com um robô. Ele pode fazer muitas coisas incríveis: andar, falar e até identificar quando algo está errado com você. Mas, será que ele consegue perceber quando você está triste? Será que sabe te abraçar quando você precisa? É nesse ponto que a medicina, mesmo com toda a tecnologia avançada, continua sendo muito mais do que apenas ciência.

Ao longo dos séculos, a medicina evoluiu imensamente. Passamos de diagnósticos baseados em observações simples para equipamentos ultrassofisticados, com Inteligência Artificial (IA), que analisa dados com uma precisão impressionante. Hoje, médicos têm à disposição ferramentas que permitem visualizar o interior do corpo humano e prever doenças antes mesmo que os sintomas apareçam. Mas, com toda essa evolução, surgiu um grande desafio: manter o coração da medicina vivo – a conexão humana.

Em muitos momentos, os médicos, ao longo de sua jornada, foram sendo “robotizados”. Eles precisam seguir protocolos rígidos e atender demandas legais que, muitas vezes, limitam a interação com o paciente. A famosa cena de uma consulta interrompida em segundos ilustra bem isso. Muitos pacientes mal conseguem expor seus sentimentos antes de serem interrompidos pelo próximo exame ou procedimento . E, no meio disso tudo, o que acontece com a empatia?

A Inteligência Artificial está aqui para ficar, e pode fazer maravilhas ao lado da ciência médica. Ela pode prever, diagnosticar e tratar doenças com uma eficiência que antes só podíamos sonhar. Porém, a IA nunca será capaz de substituir o olhar atento de um médico que entende o que está além dos exames. Porque, no fim das contas, não importa o quanto as máquinas evoluam, há algo que elas jamais poderão fazer: sentir.

A verdadeira força da medicina está na sua capacidade de ver o ser humano como um todo, de ouvir suas angústias e, muitas vezes, apenas estar presente. A presença do médico, seu toque, sua capacidade de ouvir e entender o que o paciente está passando é o que diferencia a medicina moderna da tecnologia pura .

É importante lembrar que, por mais avançada que seja a ciência, o cuidado que o paciente mais deseja não é apenas aquele que toca a doença, mas aquele que toca o coração . Nenhum algoritmo pode substituir o poder da mão humana ao diagnosticar, confortar e tratar. A empatia é o que mantém viva a face humana da medicina, mesmo em um mundo cada vez mais digital.

No fim, a medicina que verdadeiramente importa é aquela que vê o paciente como uma pessoa única, que escuta e responde às suas necessidades, com empatia e compaixão. E essa é a lição que, por mais que a tecnologia avance, nunca devemos esquecer.

Sobre Dr. Jefferson Medeiros
Dr. Jefferson Medeiros é médico especialista em oncologia de cabeça e pescoço e professor de clínica cirúrgica há 10 anos na Universidade Estadual do Amazonas. Com mais de 20 anos de profissão, tornou-se referência em sua especialidade e atualmente é mentor de médicos, palestrante e autor do livro “Comunicação: o remédio que a medicina não prescreve”. Mais informações: instagram.com/odrjeff
 
 

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Bruna de Paula Nascimento
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