30/10/2024 às 09h16min - Atualizada em 31/10/2024 às 08h04min

De queimadas a burnout – os reflexos da falta de investimento no Serviço Público

Dia do Servidor

WAL SOUSA
Sindjus
*Por Costa Neto

No mês em que se comemora o Dia do Servidor Público, celebrado em 28 de outubro, é fundamental chamar a atenção para dois graves problemas que afetam o Brasil: o crescimento descontrolado das queimadas e o esgotamento físico e mental dos servidores. Ambos estão diretamente ligados à drástica redução no número de trabalhadores, refletindo o desmonte do serviço público e o abandono de uma estrutura essencial para proteção do cidadão e o meio do ambiente. 

A escassez de servidores nos órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental e combate a incêndios tem contribuído para o aumento das queimadas e desmatamentos ilegais. Em regiões como São Paulo, Goiás e Mato Grosso, incêndios florestais têm se tornado tragédias anunciadas, alimentados por uma falta de fiscalização e controle. 

A destruição causada pelos incêndios florestais afeta não só o meio ambiente, mas também a saúde da população, a economia local e a segurança alimentar, agravando problemas já existentes e criando novos desafios para o futuro.

Enquanto o meio ambiente é destruído, os servidores públicos do Poder Judiciário e do MPU também enfrentam uma crise silenciosa, mas igualmente devastadora: o burnout. Com a redução contínua no número de servidores e a ausência de concursos, os poucos profissionais que permanecem na ativa estão sobrecarregados.

No Judiciário e MPU, a situação é ainda pior, pois a demanda por justiça não diminui – só aumenta. A pressão para atender uma população que cresce a cada dia, em prazos cada vez mais curtos e processos cada vez mais complexos, tem levado a um verdadeiro esgotamento mental entre os servidores.

Nos últimos seis anos, o Brasil perdeu mais de 150 mil servidores públicos. O impacto disso é sentido em todos os setores, especialmente em áreas como saúde, educação, previdência e segurança. No Judiciário e MPU, o déficit é ainda mais acentuado, e a ausência de reposição de servidores tem adoecido toda a categoria. A pressão constante, aliada à falta de suporte, cria um ambiente insustentável. 

Quem sofre diretamente com isso é a população mais vulnerável, que depende dos serviços públicos para garantir seus direitos. Enquanto os servidores adoecem, o povo brasileiro paga o preço pelo desmantelamento do serviço público.

Este é o momento de reconhecer a importância desses profissionais e lutar por um futuro em que o serviço público seja valorizado, estruturado e forte. Se não houver uma mudança urgente, as consequências serão ainda mais graves para o país. O fortalecimento do serviço público é a única saída para garantir um futuro mais justo, seguro e sustentável para todos.

*Costa Neto é presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União (Sindjus-DF).

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WALQUENE SOUSA SILVA
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