Divulgação Por Ronaldo Oliveira A recente alta da Selic, que bateu a casa de 10,75%, não foi surpresa para ninguém com um olhar mais atento para o mercado.
Instabilidade nas contas públicas e dificuldade na atração de investimentos externos foram alguns dos fatores que motivaram o crescimento dos juros, basicamente como uma tentativa de conter uma possível expansão da inflação e isso mesmo com os recentes bons resultados do PIB brasileiro.
O resultado, por sua vez, mantém o Brasil nas primeiras posições de um ranking nada atraente: com a Selic a 10,75% e inflação girando em torno de 4,10%, nosso país ocupa a segunda posição entre as maiores taxas de juros reais do mundo, atrás apenas da Rússia e bem a frente da Turquia, terceira colocada.
Mas quais são os efeitos da alta da Selic no mercado de crédito? Para responder essa pergunta precisamos lembrar que a taxa básica de juros, definida pelo Banco Central, funciona como um regulador da economia, afetando diretamente o custo do crédito e o comportamento de investidores, consumidores e das empresas.
Com a alta, o cenário de crédito tende a ficar mais conservador, restritivo e o impacto é sentido tanto por quem empresta quanto por quem toma crédito. Sim, estamos falando de uma reação em cadeia!
Vamos pensar em um exemplo: quem cria uma operação de crédito tradicional no varejo, capta de um lado o dinheiro/capital e, na outra ponta, empresta para o consumidor a partir de diferentes modalidades (cartão de loja, crédito, empréstimo, etc.).
Nessa estrutura, a captação é diretamente atrelada a taxa de juros + eventuais proteções do banco contra a inadimplência dos consumidores.
Assim, quando a Selic fica mais alta, o custo de captação também aumenta e o crédito, por consequência, fica mais caro para o consumidor – que passa a consumir potencialmente menos e tem mais riscos de se tornar inadimplente dentro de uma economia com o "freio de mão puxado" e que vive os efeitos da inflação.
Bancarização e crédito com capital próprio: alternativas promissoras para o varejo Em tempos de juros elevados, novas soluções como a bancarização se colocam, cada vez mais, como oportunidades interessantes para um varejo que já está democratizando o acesso ao crédito e encontra na oferta de serviços financeiros com capital próprio, um caminho para aumentar suas fontes de receita, ao mesmo tempo em que se blindam das oscilações econômicas do país.
Isso ocorre porque, ao disponibilizarem crédito de modo direto aos seus clientes e com seus próprios recursos, as empresas do varejo eliminam de cara a necessidade de captação externa e sofrem muito menos dos impactos da Selic – pois é o varejista que definirá, com independência, suas políticas de concessão.
Nesse contexto de maior liberdade, ele pode manter as taxas de juros estáveis e, ainda que diminua no curto prazo sua rentabilidade, a operação de crédito é preservada, favorecendo a atração e fidelização de clientes.
E, mesmo quando o varejista opta por aumentar as taxas de juros, ainda assim, ele pode oferecer condições mais competitivas em comparação com os bancos tradicionais mais impactados pelas flutuações dos juros.
Finalmente, graças a um maior controle sobre os dados de seus clientes, o varejista ganha ainda o poder de personalizar seus produtos financeiros, criando diferentes modalidades de crédito de acordo com o perfil dos consumidores e avaliando o risco de cada concessão detalhadamente, fato que traz benefícios diretos no controle da inadimplência.
Com tudo isso, dá pra gente afirmar que, em um cenário macroeconômico de austeridade e alta dos juros, a bancarização mostra ainda mais sua força e diferencial competitivo, tanto para empresas que desejam investir na oferta de serviços financeiros para crescer, quanto para consumidores que buscam no crédito uma via para concretizar sonhos.
*Ronaldo Oliveira é Founder e CEO da Giro.Tech.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
STEPHANIE FERREIRA
[email protected]