22/10/2024 às 15h02min - Atualizada em 23/10/2024 às 00h02min

Proibição do celular nas escolas: uma reflexão necessária

KASANE COMUNICAÇÃO
Divulgação / Colégio Integrado
Em um mundo cada vez mais digital, o debate sobre a presença do celular nas escolas se torna cada vez mais relevante. Com a proposta do governo de proibir o uso de aparelhos celulares em todas as instituições de ensino do país, tanto públicas quanto privadas, surge a oportunidade de refletirmos sobre o impacto dessa medida na educação dos nossos jovens. Pesquisa divulgada no mês de agosto deste ano, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, e que ouviu 3 mil gestores de escolas públicas e privadas, urbanas e rurais, apontou que 60% das escolas de ensino fundamental e médio no Brasil têm regras para o uso de celulares e permitem o uso do aparelho apenas em horários e locais específicos. A pesquisa mostra também que 28% das escolas proíbem completamente o uso do celular.

É crucial reconhecermos que o uso excessivo do celular tem afetado a capacidade de concentração e interação dos alunos em sala de aula. Quando os estudantes estão distraídos por suas telas, perdemos a clareza sobre suas dificuldades reais de aprendizado. O celular, em muitas situações, se torna um obstáculo à absorção do conteúdo e ao diálogo significativo entre professor e aluno. Proibir o uso do aparelho nas escolas pode, de fato, promover um ambiente mais propício à aprendizagem, onde a interação e a concentração são priorizadas.

No entanto, é fundamental que essa medida não seja apenas uma imposição, mas parte de um processo cultural mais amplo. Precisamos implementar uma nova forma de pensar sobre o uso do celular na educação. Existem momentos em que a tecnologia pode ser benéfica, e a escola deve ser responsável por ensinar quando e como utilizá-la de forma adequada. O desafio, portanto, é cultivar uma cultura de respeito ao momento da aula e à importância da interação humana.

É importante ouvir a comunidade escolar — pais, alunos e professores — e estabelecer um diálogo horizontal. Contudo, reconhecemos que qualquer mudança significativa pode ser impopular no início, mesmo que traga benefícios a longo prazo. Quando anunciamos, por exemplo, uma aula que utilizará a tecnologia, estamos mostrando que o celular tem seu lugar, mas não pode ser a norma durante todo o processo educativo.

Um ponto a ser destacado é a questão da fiscalização. Como podemos garantir que as normas serão seguidas? Proibir o celular é um passo, mas é preciso também pensar nas consequências e em como orientar os alunos a entenderem a importância dessa regra. Medidas educativas e de conscientização devem ser priorizadas para que possamos realmente transformar o cenário atual.

A proposta de banir os celulares nas escolas deve ser encarada como uma oportunidade para reequilibrar o ambiente escolar, promover interações significativas e preparar nossos alunos para um futuro, em que saibam utilizar a tecnologia de forma consciente e responsável. Devemos, portanto, caminhar juntos nessa direção, respeitando as nuances de cada realidade e formando uma geração que valoriza as relações humanas e a concentração.

Felipe Cavichiolo é diretor e professor do Colégio Integrado
 

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CAROLINA OLIVEIRA DE ASSIS
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