Curiosidades sobre produtos alimentícios, ingredientes e embalagem, explicações sobre origens, nomenclaturas, processos industriais e informações sobre a relação da ciência e tecnologia de alimentos com a segurança alimentar são os pilares do projeto Comer Com Ciência, lançado nessa terça-feira (15), na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e véspera do Dia Mundial da Alimentação.
Liderado pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o projeto visa levar informações técnicas e científicas ao maior número de pessoas, estimulando-as a fazer escolhas alimentares com mais coerência e consciência, através de curadoria e produção de conteúdo para redes sociais, exposições em feiras de alimentos e bebidas, organização e promoção de eventos e palestras com profissionais de referência no setor e comunicadores.
O objetivo é comunicar de forma direta, clara e imparcial a realidade e a importância do processamento de alimentos em todos os ambientes, destacando exemplos de produtos alimentícios e sua relação com a saúde e reforçando a credibilidade da pesquisa científica e dos órgãos certificadores e reguladores nas áreas de alimentos, bebidas, ingredientes e embalagem.
“Estamos mudando o foco da disseminação do conhecimento para além do público técnico”, ressaltou o coordenador da Plataforma de Inovação Tecnológica (PITec) do Ital, Luis Madi, durante o lançamento no evento Comer Com Ciência Experience, no Tropical Food Innovation Lab, ecossistema de inovação para o desenvolvimento de alimentos e bebidas sustentáveis sediado no Ital. “Fizemos muita pesquisa bibliográfica sobre o comportamento do consumidor, o contexto que vivemos e cases na área”, completou Rafaela Dias, estrategista do Hub Criah, que integra o projeto.
Esse comprometimento dos atores envolvidos é fundamental para o fortalecimento do Comer Com Ciência em meio a um contexto em que “quase todo mundo produz, compartilha e consome conteúdo”, segundo a especialista em comunicação e estratégias digitais, Sandra Turchi. “Muita gente fala o que não deve ou propaga de forma inadequada”, complementou, lembrando que aproximadamente 80% dos brasileiros estão nas redes e conectados em média nove horas por dia.
Garantia da alimentação no futuro
O coordenador do projeto chamou a atenção para a projeção de aumento da demanda global por alimentos em 35% até 2030, exigindo 40% mais energia e 50% mais água, conforme apresentou o Insper Agro Global em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA) no Grupo de Trabalho de Agricultura do G20, em junho deste ano.
Esse mesmo trabalho apontou que o Brasil é protagonista na produção e exportação de alimentos, sendo fundamental na garantia do abastecimento da população, e ao mesmo tempo a América Latina teve maior prevalência de insegurança alimentar moderada e severa considerando a média global. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a insegurança é uma “situação em que as pessoas não têm acesso a quantidades suficientes de alimentos seguros e nutritivos para o crescimento e desenvolvimento normais e uma vida ativa e saudável”.
“Alimento do futuro é aquele que eu consigo aproveitar tudo, sendo seguro, nutritivo e o mais sustentável possível”, completou a diretora geral do Ital, Eloísa Garcia, que também é pesquisadora responsável pelo CCD Circula, Centro de Ciência para o Desenvolvimento ligado à Fapesp dedicado a soluções para os resíduos pós-consumo de embalagens e produtos.
Para garantir o desenvolvimento da próxima geração de alimentos, o CEO do FoodTech Hub Latam e gestor do Tropical, Paulo Silveira, destacou a força da atuação internacional em rede, que está acontecendo em diversas regiões do mundo e de forma diferenciada no ecossistema sediado no Ital, que dá toda a sustentação do conhecimento. “O ecossistema de inovação é um modelo nem sempre simples, mas mais eficiente”, afirmou.
Experiências para ampliar horizontes
Visando uma maior familiaridade com os temas abrangidos pelo projeto, profissionais ligados às áreas de alimentação e comunicação participaram de interações relacionadas à ciência e tecnologia de alimentos com foco na segurança, na sustentabilidade, no processamento e na saudabilidade.
Além de uma experiência gastronômica com o chef Luis Nicolette, da Cargill, aprenderam origens e conceitos com as pesquisadoras Eloísa Garcia, diretora geral do Ital, Claire Sarantópoulos, diretora de Ciência e Tecnologia, Patrícia Blumer Zacarchenco, que atua no Centro de Tecnologia de Laticínios e Bactérias Lácticas (Tecnolat), e Maria Teresa Bertoldo Pacheco, que atua no Centro de Ciência e Qualidade de Alimentos (CCQA) e lidera a Plataforma Biotecnológica Integrada de Ingredientes Saudáveis (PBIS), Núcleo de Pesquisa Orientado a Problemas de SP ligado à Fapesp liderado pelo Ital.
“Achei bem interessantes as apresentações, em especial sobre os alimentos funcionais, que são alimentos do futuro”, opinou a nutricionista Laiz Saragiotto, influenciadora e fundadora do podcast Chá com Elas.
Primeiros passos
A semente do projeto foi plantada há seis meses, em parceria com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag), quando entrou no ar o perfil @comercomcienciaoficial no Instagram. Criado em 15 de abril com estilo de comunicação acessível, informativo, dinâmico e envolvente, o perfil publicou 53 conteúdos e conquistou uma média de 140 seguidores por mês de forma orgânica.
Com taxa de engajamento acima da média para perfis com até 5 mil seguidores, os 26 Reels publicados ultrapassaram 19,6 mil visualizações. Técnicas de processamento mais simples do que se imagina, o que faz um engenheiro de alimentos e mitos e fatos sobre alimentos industrializados estão entre os assuntos que mais interessaram o público.
No mesmo período houve publicação periódica de artigos ligados ao Comer Com Ciência no LinkedIn @ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos, que atingiu este mês a marca de 35 mil seguidores. Dentre os temas abordados que mais chamaram a atenção do público estão a multidisciplinaridade da ciência dos alimentos, o papel dos alimentos processados na prevenção de deficiências nutricionais e como a pesquisa científica impacta cada refeição.
Sobre o Ital
Localizado em Campinas/SP, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) realiza pesquisa, desenvolvimento, assistência tecnológica e difusão do conhecimento nas áreas de embalagem e de processamento, conservação e segurança de alimentos e bebidas.
Fundado em 1963, vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, o Ital possui unidades técnicas especializadas em carnes, produtos de panificação, cereais, chocolates, balas, confeitos, laticínios, frutas, hortaliças e embalagens, sendo certificado na ISO 9001 com parte dos ensaios acreditados na ISO/IEC 17025.
Por meio do Centro de Inovação em Proteína Vegetal, do Núcleo de Inovação Tecnológica e da Plataforma de Inovação Tecnológica, o Ital estimula alianças estratégicas para inovação e projetos de cooperação. Possui ainda Programa de Pós-Graduação aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Outras informações estão disponíveis no site http://www.ital.agricultura.sp.gov.br.
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MAIKO DA CUNHA MAGALHAES
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