11/09/2024 às 10h23min - Atualizada em 12/09/2024 às 08h03min

"Gangorra climática" e queimadas: entenda os riscos e as estratégias de prevenção para crises respiratórias

Por Dr. Gustavo Guimarães, Médico Pneumologista Pediátrico e Diretor Técnico do Plano Brasil Saúde

Ana Paula Lima Soares
Divulgação

Setembro/2024 - Em uma preocupante reviravolta climática, São Paulo foi recentemente classificada como a cidade com a pior qualidade do ar entre grandes metrópoles globais, de acordo com a renomada agência suíça IQAir. O índice, que monitora a qualidade do ar em tempo real em cerca de 100 grandes cidades ao redor do mundo, evidencia a gravidade da crise ambiental enfrentada pela capital paulista.

No período de agosto até a primeira semana de setembro, a Secretaria Municipal da Saúde registrou 1.523 notificações de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 76 óbitos relacionados a questões respiratórias. Esta estatística não é meramente um número frio, mas um reflexo cruel das condições ambientais adversas que estamos enfrentando.

A oscilação extrema das temperaturas, um efeito direto das mudanças climáticas, têm perturbado a rotina e a saúde dos paulistanos. Este padrão de "gangorra" climática desafia nosso conforto, mas também coloca em risco a saúde respiratória, especialmente de crianças, idosos e pessoas com condições preexistentes.

Por que a “gangorra climática” é preocupante?

As variações bruscas de temperatura têm um impacto direto no sistema respiratório. O frio extremo e o calor intenso forçam o corpo a ajustar-se rapidamente, o que pode agravar condições respiratórias preexistentes e predispor os indivíduos a novas infecções e complicações. A poluição do ar, que atinge níveis críticos em São Paulo, também contribui para a piora da qualidade respiratória, aumentando a carga sobre o sistema respiratório e favorecendo a ocorrência de crises.

Queimadas no Brasil: uma ameaça à saúde respiratória

Este ano, a temporada de queimadas no Brasil se revelou particularmente severa, afetando ao menos onze estados. A fumaça gerada por esses incêndios é uma mistura de fuligem, monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis – uma receita tóxica que pode prejudicar gravemente as vias aéreas. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a inalação dessa fumaça pode causar problemas respiratórios intensos, como tosse persistente, falta de ar e agravamento de condições como asma e bronquite. As crianças e os idosos, com seus sistemas respiratórios mais vulneráveis, estão particularmente em risco.

Grupos de Risco e Medidas de Prevenção

Quem está mais exposto? Crianças e idosos são os mais afetados por crises respiratórias associadas à poluição e queimadas. Doenças como asma e bronquite crônica são responsáveis por uma significativa parcela das internações infantis no Brasil e afeta cerca de 10 a 15% da população. Pessoas com condições respiratórias crônicas, problemas cardíacos e imunológicos também enfrentam riscos aumentados.

Como se proteger? Aqui estão algumas estratégias essenciais para proteger suas vias aéreas e minimizar os impactos adversos das flutuações climáticas e da poluição:

  1. Higiene Nasal Regular: Mantenha suas vias aéreas limpas realizando a lavagem nasal pelo menos duas vezes ao dia. Isso ajuda a remover vírus, bactérias e poluentes. Em climas secos, aumente a frequência da lavagem para combater a secura e a irritação.
  2. Umidificação do Ambiente: Use umidificadores em ambientes com baixa umidade para manter a umidade relativa do ar em torno de 60%. Evite o uso excessivo, pois umidade elevada também pode ser prejudicial. Ajuste o umidificador principalmente para as noites, garantindo um ambiente mais confortável para dormir.
  3. Hidratação Adequada: Beba pelo menos 2 litros de água diariamente para manter as mucosas respiratórias bem hidratadas. A boa hidratação é fundamental para o funcionamento saudável das vias aéreas.
  4. Evitar Ambientes Poluídos: Reduza o tempo em locais com alta poluição, fumaça, poeira ou onde se fuma. Se possível, permaneça em ambientes bem ventilados e com boa qualidade do ar.
  5. Vacinação em Dia: Mantenha suas vacinas atualizadas, incluindo as contra gripe, pneumonia e outras doenças virais. A vacinação pode prevenir infecções respiratórias que podem ser exacerbadas por mudanças climáticas e poluição.
  6. Higiene das Mãos e Proteção: Lave as mãos frequentemente para evitar a propagação de vírus e bactérias. Evite contato próximo com pessoas resfriadas e, quando necessário, use máscara para proteger-se de agentes infecciosos.

A interação entre mudanças climáticas e poluição, agravada pelas queimadas, representa uma ameaça crescente para a saúde respiratória. As flutuações extremas de temperatura e a poluição atmosférica são fatores que podem desencadear crises respiratórias, especialmente em indivíduos com condições pré-existentes. 

Adotar medidas preventivas é fundamental para proteger a saúde respiratória e enfrentar os desafios impostos pelos fatores ambientais. Essas ações ajudam a minimizar os impactos negativos de poluentes, alérgenos e outras ameaças. A conscientização sobre os riscos e a preparação adequada são essenciais para melhorar a qualidade de vida e manter a saúde respiratória em boas condições.

 

 


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ANA PAULA LIMA SOARES
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