Hormônios e humor: como o desequilíbrio endócrino pode afetar saúde mental, cotidiano e relacionamentos

Arquivo Pessoal/Divulgação

Sentir-se constantemente cansado, irritado ou com alterações de humor pode ser mais do que consequência da correria moderna. Para o médico endocrinologista e metabologista Dr. Rafael Fantin, muitos desses sintomas têm relação direta com o funcionamento do sistema endócrino.

“Os hormônios são mensageiros fundamentais para o controle do organismo, inclusive do cérebro. Quando estão em equilíbrio, favorecem motivação, disposição, clareza mental e sono reparador. Mas quando sofrem alterações, podem desencadear fadiga, irritabilidade, distúrbios do sono e até quadros depressivos”, explica.

Quando o corpo dá sinais

O estresse cotidiano pode, sim, provocar alterações emocionais temporárias. Mas, segundo Fantin, a diferença central está na persistência e no contexto dos sintomas. “Se com descanso, férias e ajustes de estilo de vida não há melhora significativa, é hora de investigar causas hormonais”, afirma.
Entre os sinais mais comuns de desequilíbrio estão:

• Ganho de peso, queda de cabelo e pele ressecada (tireoide)
• Acúmulo de gordura abdominal e perda de massa muscular (testosterona)
• TPM intensa, ciclos irregulares e fogachos (estrogênio e progesterona)

Hormônios que influenciam o humor

O especialista destaca que praticamente todos os hormônios interferem, em algum nível, nos neurotransmissores responsáveis pela comunicação entre neurônios.

• Cortisol: em excesso, aumenta a ansiedade e dificulta a tomada de decisões.
  Melatonina: regula o sono; sua falta deixa a mente mais irritada e vulnerável à depressão.
• Estrogênio: estimula serotonina e dopamina, trazendo leveza e ânimo; quando cai, abre espaço para tristeza e irritabilidade.
• Progesterona: tem efeito ansiolítico; em queda, favorece impulsividade e insônia.
• Testosterona: sustenta energia, motivação e libido; sua deficiência gera apatia e fadiga.
• Insulina, grelina e leptina: ao regular energia e saciedade, também impactam o foco e o humor.

Mulheres, homens e fases da vida

Embora tanto homens quanto mulheres produzam todos os hormônios sexuais, as oscilações femininas tornam as variações de humor mais evidentes.
Na adolescência, gravidez e menopausa, as mulheres experimentam flutuações intensas que podem gerar instabilidade emocional, irritabilidade ou sensibilidade acentuada. Já os homens, por terem níveis de testosterona mais constantes, sentem quedas graduais, geralmente associadas ao envelhecimento.

Prevenção e estilo de vida

Segundo o médico, é possível antecipar alguns desequilíbrios e minimizar seus impactos. Avaliações periódicas, observação de sintomas e exames específicos ajudam a mapear alterações de cortisol, melatonina e hormônios sexuais. “Intervenções precoces, inclusive ajustes nutricionais, podem reduzir consequências futuras”, destaca Fantin.

E há um aliado poderoso e acessível: o exercício físico. A prática regular aumenta serotonina, dopamina e endorfina, reduz o excesso de cortisol e melhora a sensibilidade à insulina. “O resultado é mais equilíbrio emocional, clareza mental e qualidade de vida”, afirma o especialista.

A recomendação do médico é clara: antes de buscar soluções isoladas, invista em sono adequado, alimentação equilibrada, atividade física e gestão do estresse. “Se, mesmo assim, sintomas como irritabilidade, fadiga e alterações de humor persistirem, é o momento de procurar ajuda médica para investigar a saúde hormonal”, conclui.

Acompanhe o trabalho do Dr. Rafael Fantin nas redes sociais: @dr.rafaelfantin | institutorafaelfantin.com.br 

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MARIA JULIA HENRIQUES NASCIMENTO
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