Pets Podem Prever a Morte? O Que a Ciência Explica Sobre Esse Tabu

Pets podem prever a morte? Entenda o que estudos mostram sobre o instinto de cães e gatos em situações de fim de vida, o vínculo emocional com tutores e a visão científica sobre o pressentimento animal.

PRISCILA GONZALEZ
22/09/2025 19h54 - Atualizado há 4 horas

Pets Podem Prever a Morte? O Que a Ciência Explica Sobre Esse Tabu
Marcelo Müller

Por Dr. Marcelo Müller – Médico-Veterinário, Mestre em Pesquisa Clínica e autor do livro “Meu Pet… Meu Mundo…”


O mistério do pressentimento animal

Ao longo da minha carreira como Médico-Veterinário, e também em histórias compartilhadas por tutores, uma pergunta delicada e recorrente aparece: “Meu pet pressentiu a morte?”. Cães e gatos, em muitos relatos, parecem mudar seu comportamento dias ou até horas antes de uma perda — seja a própria ou de um tutor.

Esse tema, cercado de emoção e mistério, tem despertado também o interesse da ciência. Afinal, seria apenas coincidência? Um instinto natural? Ou os pets realmente possuem uma percepção mais aguçada daquilo que está por vir?


Evidências científicas e relatos marcantes

Estudos internacionais sobre comportamento animal mostram que cães e gatos têm sentidos extremamente aguçados — principalmente olfato e audição. Eles conseguem detectar:

  • Alterações químicas no corpo humano: variações hormonais, metabólicas e até a presença de doenças graves, como câncer ou diabetes.

  • Mudanças sutis no comportamento: postura, respiração, ritmo do coração ou até variações emocionais do tutor.

  • Sinais ambientais imperceptíveis a nós: ruídos, cheiros e vibrações que podem indicar situações de risco.

Um exemplo clássico é o de cães treinados para identificar crises epilépticas ou hipoglicemia minutos antes de acontecerem. Isso mostra que, de fato, eles captam sinais invisíveis para nós.

E quando o assunto é morte, muitos tutores relatam pets que se deitam ao lado do tutor gravemente doente, ficam mais calmos e observadores, ou passam a “vigiar” a casa de forma diferente. Em hospitais e lares de idosos, há registros de gatos que se aproximam sempre de pacientes que, em poucas horas, viriam a falecer.


Ciência, instinto ou espiritualidade?

Do ponto de vista científico, ainda não há comprovação de que cães e gatos “sabem” da morte em termos de consciência abstrata. O que se considera mais provável é que:

  • Eles percebam sinais físicos e químicos da deterioração do organismo.

  • Captem mudanças emocionais do ambiente e dos tutores.

  • Reajam de acordo com seu instinto de proteção, empatia e vínculo social.

No entanto, o tema também transita no campo da espiritualidade e da sensibilidade emocional, onde muitos tutores acreditam que seus pets realmente pressentem o fim da vida de alguém querido.


O vínculo humano-animal em situações de luto

Independentemente da explicação científica, o que fica evidente é a profunda conexão entre tutores e pets. A etologia e a medicina veterinária reconhecem que cães e gatos podem vivenciar o luto animal — demonstrando tristeza, perda de apetite, apatia ou comportamento de busca após a morte de um tutor ou outro animal da casa.

Esse vínculo reforça que os pets não apenas participam da nossa rotina, mas também compartilham intensamente nossas emoções e momentos mais delicados.


Como apoiar cães e gatos diante da perda

Assim como nós, pets precisam de suporte ao enfrentar o luto. Algumas medidas que recomendo incluem:

  • Manter a rotina: horários fixos de alimentação, passeios e interação.

  • Atenção redobrada: oferecer mais carinho, companhia e estímulo positivo.

  • Enriquecimento ambiental: brinquedos, estímulos olfativos e atividades ajudam a reduzir a ansiedade.

  • Acompanhamento veterinário: em casos de perda de apetite ou comportamento depressivo, avaliar necessidade de suporte clínico.


Conclusão

Ainda que a ciência não comprove totalmente o pressentimento da morte pelos animais, as evidências sugerem que cães e gatos têm uma sensibilidade extraordinária para perceber mudanças físicas e emocionais. Esse tema, além de instigante, reforça a grandeza do vínculo humano-animal: uma relação baseada em amor, instinto, empatia e presença até os últimos momentos.

Quando um tutor se pergunta se seu pet pressentiu a morte, talvez a resposta esteja na própria intensidade desse laço — porque, no fim das contas, eles não apenas vivem ao nosso lado, mas sentem conosco.


Sobre o Autor

Dr. Marcelo Müller é Médico-Veterinário com mestrado em Pesquisa Clínica, especializado em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, bem-estar animal e atendimento veterinário domiciliar. Atua na promoção de saúde preventiva e integrativa, com foco no diagnóstico precoce, respeito à senciência animal e fortalecimento do vínculo entre pets e tutores. Autor do livro “Meu Pet… Meu Mundo…”.


Instagram: @marcelomullervet
Site: marcelomullervet.com.br
Bio: marcelomullervet.my.canva.site/

 


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PRISCILA GONZALEZ NAVIA PIRES DA SILVA
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FONTE: Marcelo Müller
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