Que passado cabe num território que insiste em permanecer? Nem sempre a resposta está na ponta da língua. Muitas vezes, ela se esconde na sutileza de um olhar, de um gesto ou até mesmo guardada no silêncio. É nesse caminho que nasce o documentário Sutil, curta-metragem que celebra a memória e a ancestralidade da Colônia Sutil, uma das comunidades quilombolas mais antigas do Paraná.
Localizada na zona rural de Ponta Grossa, às margens da Rodovia Dep. João Chade (PR 151), a Colônia Sutil teve suas terras doadas em 1854 a duas mulheres descendentes de escravizados. Ao longo das décadas, entretanto, parte significativa desse território foi tomada por grileiros, restando hoje uma área bem menor do que a herdada originalmente.
Em meio a histórias de luta e resistência, a comunidade segue ativa e mobilizada em busca do reconhecimento de suas terras, condição essencial para garantir melhores perspectivas de sustento e sobrevivência. É nesse cenário que Sutil, com cerca de 20 minutos de duração, dá voz aos moradores mais velhos — guardiões da memória local — e também aos jovens que retornam para se reconectar às suas raízes.
Dirigido e produzido por Tiago Silva, o filme contou com consultoria de Ligiane Ferreira, descendente da comunidade, cuja presença foi fundamental para assegurar que o relato fosse conduzido de forma respeitosa e comprometida com a realidade quilombola. A produção ainda teve colaboração direta dos próprios moradores: a presidente da associação local, Neivair Gonçalves de Jesus, e o jovem Mairon Ferreira, que integrou a equipe de filmagem e apoio logístico.
Estreia gratuita em Ponta Grossa
Depois de ser realizado no coração da comunidade, o filme ganha sua primeira exibição pública no dia 24 de outubro, às 19h30, em uma sessão especial no CinePG, cinema público recém-inaugurado no Centro de Cultura de Ponta Grossa, que tem se consolidado como espaço dedicado à difusão do audiovisual independente.
A estreia deve contar com a presença dos moradores da Colônia Sutil e como contrapartida será seguida de um breve debate sobre a importância dos quilombos na construção da identidade brasileira. Mais do que um registro histórico, a sessão se apresenta como um encontro de gerações, onde memória, resistência e futuro se cruzam na tela.
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TIAGO DA SILVA
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