Condomínios ainda podem proibir pets?
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JOãO COSTA
05/09/2025 19h02 - Atualizado há 10 horas
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Síndica Juliana Moreira esclarece o que diz a lei e aponta caminhos para equilibrar direitos e boa convivência
Com o crescente número de animais de estimação — o Brasil é o 3° país em número de pets em casa — a presença de pets em condomínios esbarra em dúvidas entre moradores e síndicos. Juliana Moreira, especialista em gestão condominial, comenta os limites legais e os desafios práticos dessa convivência, sempre respeitando a norma e promovendo o bem-estar coletivo.
Ao que se sabe, a proibição total é ilegal. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu que é vedado às convenções condominiais proibirem genericamente animais domésticos, a menos que haja comprovação concreta de risco à segurança, higiene e sossego dos demais moradores. Faz-se valer também o artigo 1.228 do Código Civil (“direito de usar e fruir da propriedade”) e o artigo 19 da Lei dos Condomínios (4.591/64), que resguardam o direito de cada condômino à sua unidade.
O que o condomínio pode fazer? Embora não possa proibir pets, o condomínio tem legitimidade para estabelecer regras de convivência, como:
- Uso obrigatório de coleira, focinheira ou guia em elevadores e corredores;
- Definição de horários ou rotas para circulação dos animais;
- Limites de barulho, higiene e cuidados com excrementos;
- Multas em casos de perturbação, agressividade ou negligência.
Essas normas devem constar no regimento interno e ser aprovadas em assembleia, desde que não sejam abusivas ou discriminatórias.
Juliana Moreira orienta: bom senso, regras claras e diálogo. “Impedir totalmente a presença de pets dentro das unidades privadas é ilegal e fere o direito de propriedade. O condomínio só pode agir quando há risco, seja de barulho excessivo, sujeira ou agressividade. A regra é conviver com equilíbrio”, afirma Juliana.
Ela também recomenda:
- Ter um regimento interno claro, que especifique onde o pet pode circular, com quais equipamentos e em quais horários;
- Promover comunicação ativa com os moradores, com avisos em murais, aplicativos e grupos sobre regras e penalidades;
- Aplicar punições graduais, com advertência, multa e, se necessário, exigência de medidas corretivas.
“O síndico precisa agir como mediador, garantindo os direitos dos tutores, mas também protegendo o sossego de quem não convive bem com animais. Com diálogo, é possível chegar ao meio-termo”, completa.
O condomínio pode agir com mais rigor em casos específicos, como:
- Latidos persistentes em horários inapropriados;
- Acúmulo de sujeira ou mau cheiro;
- Agressividade que represente risco a outros moradores ou animais.
De acordo com a profissional, o condomínio pode aplicar multas, exigir adestramento, limitar circulação e, em último caso, recorrer ao Judiciário para garantir a segurança coletiva.
Segundo Juliana Moreira, os caminhos para uma convivência harmoniosa exige boas práticas como:
- Criar regras claras e acessíveis no regimento interno;
- Realizar assembleias e comunicar decisões de forma transparente;
- Fiscalizar com moderação e bom senso;
- Educar constantemente os moradores, incentivando responsabilidade e empatia.
“Com regras bem definidas e participação ativa dos moradores, é possível garantir um ambiente seguro, respeitoso e acolhedor para todos com ou sem pets”, finaliza Juliana.
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JOÃO LUCIANO SILVA DA COSTA
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