A verdade por trás da trend do rosto limpo

*Patrícia Rondon Gallina Menegassa

JULIA ESTEVAM
25/08/2025 16h57 - Atualizado há 4 horas

A verdade por trás da trend do rosto limpo
Rodrigo Leal

Nos feeds das redes sociais, um novo fenômeno chama atenção: celebridades e influenciadoras posando sem maquiagem, celebrando a pele “crua” como um ato de coragem. A imagem, aparentemente simples, abre um debate profundo. Afinal, a maquiagem pode ser uma aliada ou uma armadilha. Usada com moderação, valoriza traços, estimula a autoestima e até protege a pele. Mas o uso frequente, especialmente sem cuidados adequados, pode causar alergias, obstrução dos poros e envelhecimento precoce. Então, o que essa onda de “cara lavada” revela sobre a indústria da beleza, que sempre lucrou com o aperfeiçoamento estético e agora também vende a imagem de naturalidade?

A maquiagem acompanha a humanidade há milênios. No Egito Antigo, delineadores e pigmentos eram usados não só para embelezar, mas também para transmitir status e até como forma de proteção contra o sol e infecções. Na Europa do século XVIII, rostos excessivamente brancos e bochechas coradas denunciavam a aristocracia. De Cleópatra aos tapetes vermelhos de hoje, a maquiagem sempre foi mais do que estética: é símbolo cultural, ferramenta de expressão e, muitas vezes, de poder.

Hoje, esse poder se reflete também na economia. A indústria global da beleza movimenta centenas de bilhões de dólares por ano, e a maquiagem é uma de suas protagonistas. O setor se reinventa a cada temporada: do acabamento matte ao “glow” natural, do batom vermelho clássico às paletas de cores neutras, sempre em busca de criar novos desejos. Nos últimos anos, a fronteira entre maquiagem e skincare se estreitou, lançando bases com ácido hialurônico, corretivos com vitamina C, pós com fator de proteção solar, entre outros. A mensagem é clara: é possível cuidar e embelezar ao mesmo tempo.

Nesse contexto, esta nova tendência das redes sociais, de exibir fotos sem maquiagem, celebrando o rosto “limpo e real” levanta debates importantes: até que ponto a maquiagem é escolha genuína e até que ponto é exigência social? Para muitas mulheres, ela é um adereço prazeroso; para outras, ainda funciona como escudo para inseguranças.

A verdade é que, com ou sem maquiagem, o cuidado com a pele é essencial. Protetor solar diário, limpeza adequada e hidratação são a base de uma pele saudável, e não existe maquiagem que substitua isso. Quando a pele está bem cuidada, a maquiagem deixa de ser necessidade e se torna apenas mais uma forma de expressão. É quando passamos a usá-la por gosto, não por obrigação; por prazer, não por esconderijo.

Talvez essa trend de “cara lavada” diga menos sobre abandonar produtos e mais sobre ressignificar a relação com eles. Porque, no fim, o verdadeiro empoderamento está na liberdade de escolher, seja um batom vibrante ou o rosto nu, e se sentir bem nas duas versões.

* Patrícia Rondon Gallina Menegassa é Farmacêutica, Especialista em Farmácia Estética, Mestre em Ciências Farmacêuticas e professora da Uninter.

 


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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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