Novos tratamentos elevam sobrevida de pessoas com câncer de pulmão, mas prevenção ainda é a maior defesa contra a doença
Pesquisas na seção ‘Pergunte ao Especialista’ da Doctoralia apontam preocupação das pessoas com relação ao tabagismo e dúvidas sobre exames e sintomas
DANIEL RELA
20/08/2025 14h54 - Atualizado há 19 horas
Divulgação Doctoralia
O câncer de pulmão é o tipo de tumor que mais mata no mundo, com cerca de 2,4 milhões de casos e 1,8 milhão de óbitos por ano. Globalmente, responde por quase 25% das mortes por câncer, de acordo com dados publicados em 2024 pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc), da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o cenário segue preocupante. A doença é responsável por mais de 30 mil mortes/ano – a maior taxa de mortalidade entre todos os cânceres, segundo dados do Atlas de Mortalidade por Câncer (2023). De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pulmão é o 4º mais comum em homens e o 5º em mulheres, e mais de 32 mil novos casos devem ser diagnosticados em 2025. Globalmente, 85% dos casos estão ligados ao tabagismo, segundo a OMS. A preocupação em torno doença pode ser percebida em dados fornecidos pela Doctoralia, maior plataforma de saúde do mundo e líder em agendamento online de consultas no Brasil. Ao longo de 2024, foram mais de 15 mil buscas por informações sobre câncer de pulmão na seção ‘Pergunte ao especialista’, onde as pessoas podem tirar dúvidas com médicos. A boa notícia é que a combinação entre hábitos preventivos e os avanços revolucionários no tratamento oferece novas perspectivas no combate à doença. “O tratamento do câncer de pulmão apresenta nos últimos anos um avanço nunca alcançado. Hoje conseguimos entender melhor a biologia de cada subtipo de neoplasia e assim definir um tratamento específico para cada caso”, afirma Fernando Chicoski, oncologista clínico. Terapia reduz em 46% risco de avanço do tumor Um novo tratamento para um tipo agressivo de câncer de pulmão mostrou uma melhora significativa na sobrevida - tempo de vida após o diagnóstico - de pacientes com a doença, com uma redução de 46% no risco de morte ou avanço da doença. Os resultados do estudo foram apresentados na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) 2025, principal evento científico da área, realizada no final de maio, em Chicago, nos Estados Unidos. O ensaio clínico de fase 3 - que avalia a eficácia e a segurança de uma terapia - demonstrou que a combinação de um medicamento chamado lurbinectedina com a imunoterapia atezolizumabe superou o tratamento padrão atual em termos de sobrevida e controle do câncer de pulmão de pequenas células. Esse tipo de tumor é responsável por cerca de 15% dos cânceres de pulmão e, na maioria das vezes, é diagnosticado já em fase avançada. Segundo Chicoski, hoje é de extrema importância que, diante da suspeita diagnóstica de câncer de pulmão, o paciente deve ser avaliado por um oncologista que coordene todos os procedimentos diagnósticos e definição da estratégia terapêutica: quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e cirurgia. “O tratamento é individual para cada paciente. Cada modalidade de tratamento para a neoplasia certa, para o paciente certo e no momento certo”, afirma. Descobrir a doença ainda é desafio Apesar do novo cenário, especialistas ressaltam que o cigarro ainda é o grande vilão no câncer de pulmão e lembram que a recomendação de sociedades científicas é que pessoas com mais de 50 anos fumantes ou que tenham parado de fumar há menos de 15 anos devem passar por uma tomografia anual de baixa dose. Apesar da recomendação, pesquisadores estimam que somente 10% da população-alvo faça esse rastreamento. O próprio Ministério da Saúde e o Inca ainda não recomendam esse rastreamento oficialmente e vêm estudando incorporar essa diretriz. Um problema conhecido e um desafio inesperado O tabagismo (incluindo vapes) ainda é o principal fator de risco, associado a cerca de 80% dos casos no Brasil. No entanto, cresce o número de diagnósticos em não fumantes, o que muda completamente a percepção de risco. Entre as possíveis causas estão: - Fator genético (histórico familiar)
- Exposição à poluição do ar;
- Exposição ocupacional, como: amianto, sílica, fumaça de carvão, fumaça de diesel;
- Doenças pulmonares crônicas como: bronquite crônica e fibrose pulmonar.
- Alterações genéticas adquiridas.
Nos últimos anos, tem crescido os casos em mulheres e em pessoas sem histórico de tabagismo. Isso muda a percepção de risco e mostra que o câncer de pulmão não é uma doença exclusiva de fumantes.
Não ignore os sintomas
Tosse persistente, dor no peito, falta de ar, presença de sangue no escarro, perda de peso e apetite, além de fadiga intensa devem ser investigados mesmo que o paciente nunca tenha fumado. O segredo é não normalizar sintomas duradouros. Quando o câncer de pulmão é diagnosticado em fases iniciais, as chances de tratamento curativo aumentam de forma significativa. Porém, ainda melhor é o diagnóstico quando este câncer ainda não gerou sintomas, ou seja, com exame de rastreamento.
“Pessoas com histórico de tabagismo, ativo ou passivo, ou com os outros fatores de risco para câncer de pulmão, devem fazer uma avaliação médica, seja com um clínico geral, pneumologista ou oncologista. Conforme o caso, o exame de tomografia computadorizada de baixa dose pode ser indicado para rastreamento”, orienta o oncologista Fernando Chicoski.
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