A “volta à chupeta” entre adultos virou meme nas redes, mas é muito mais do que uma moda: na neuropsicologia, é um pedido silencioso por regulagem emocional e segurança. O gesto ressoa circuitos de recompensa vinculados às primeiras vivências — e acende um alerta para possíveis consequências.
“É importante lembrar que o cérebro humano mantém circuitos de recompensa e regulação afetiva profundamente influenciados pelas primeiras experiências da vida. O ato de sugar, por exemplo, está ligado à ativação de áreas cerebrais que promovem sensação de segurança e bem-estar, o que pode explicar a escolha, ainda que inusitada, em momentos de vulnerabilidade emocional”, disse a neuropsicóloga Carol Mattos.
Em um cenário de estresse crônico, pressão social e inseguranças internas, comportamentos regressivos podem surgir como estratégias de enfrentamento. Para a profissional de saúde mental, mais do que julgar, o papel é compreender o significado subjetivo por trás dessa conduta e, se necessário, oferecer alternativas mais saudáveis de autorregulação.
Esse debate, que hoje movimenta as redes sociais, reforça a importância do olhar clínico qualificado, capaz de integrar ciência, empatia e compreensão profunda do funcionamento humano — um convite para que possamos enxergar comportamentos “estranhos” não como curiosidades isoladas, mas como sinais que merecem atenção, compreensão e, em alguns casos, cuidado especializado.
A neuropsicóloga acrescenta ainda que o ato de sugar ativa áreas cerebrais de recompensa e afetividade ligadas à sensação de bem-estar infantil: “Numa sociedade onde pressões crônicas e demandas incessantes minam o recurso à autoconsciência afetiva, esses comportamentos podem emergir como formas inconscientes de alívio — e exigem compreensão clínica.”
Embora ainda faltem estudos clínicos sobre adultos que recorrem à chupeta, o uso coletivo dessas práticas indica que, em contexto de estresse extremo ou regulação emocional deficiente, comportamentos regressivos podem mesmo se tornar ferramentas de enfrentamento (não recomendadas clinicamente).
O uso de chupeta na vida adulta, embora inusitado, não é apenas uma curiosidade viral — é, sobretudo, um chamado silencioso por cuidado e segurança. Avaliação psicológica que contextualize o comportamento é necessária para auxiliar o paciente de forma efetiva.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
SANDRA MARIA MARTINS
[email protected]