Entre homens em fuga, meninos que sonham estreia em São Paulo com apresentações gratuitas em dois espaços culturais da cidade

Espetáculo do Àkàsà Coletivo Artístico propõe um mergulho sensível sobre as construções das masculinidades, com referências às culturas populares e aos saberes de terreiro

Junior
15/08/2025 16h39 - Atualizado há 11 horas

Entre homens em fuga, meninos que sonham estreia em São Paulo com apresentações gratuitas em dois espaços
Foto por Thaiany Coimbra

Espetáculo do Àkàsà Coletivo Artístico propõe um mergulho sensível sobre as construções das masculinidades, com referências às culturas populares e aos saberes de terreiro

 

O Àkàsà Coletivo Artístico estreia em agosto o espetáculo Entre homens em fuga, meninos que sonham, que aprofunda a investigação do grupo sobre a construção das masculinidades e os impactos desse modelo sobre homens negros, periféricos e LGBTQIAPN+. A criação dá continuidade ao trabalho iniciado com FUGA, rotas de exaustão, e propõe uma reflexão sobre como padrões coloniais e violentos moldam o corpo, a sensibilidade e as relações desses sujeitos desde a infância.

A estreia acontece no dia 14 de agosto, no Centro de Referência da Dança, no centro de São Paulo, onde o espetáculo permanece em cartaz até o dia 17. Nos dias 23 e 24, a obra será apresentada no Espaço Cultural Adebankê, em Artur Alvim. A entrada é gratuita em todas as sessões.

A proposta do grupo parte da compreensão de que o modelo dominante de masculinidade, estruturado por lógicas coloniais e violentas, impacta não apenas os que estão ao redor, mas também os próprios homens que o reproduzem. A partir dessa visão, o coletivo direciona sua pesquisa para as raízes desse processo, com foco nas infâncias e nos atravessamentos que moldam desde cedo o comportamento masculino. Esse olhar resultou no projeto Meninos Também Podem e em ações formativas com instituições de ensino. O espetáculo integra o projeto Pau seco, florá, contemplado pelo 21º Programa VAI, e se propõe a aprofundar esse caminho por meio de uma dramaturgia que articula memória, sonho e escuta como ferramentas de reconstrução e diálogo.

A obra toma como ponto de partida a figura de Zé Pelintra, presente no imaginário popular brasileiro e ligada à malandragem, ao povo de rua e às religiões de matriz afro-brasileira. A partir dessa referência, o espetáculo propõe um encontro simbólico com personagens como as Mariás, as malandras e as pombagiras, criando uma cena que busca caminhos possíveis de diálogo entre homens e mulheres. A criação se desenvolve a partir de saberes ancestrais, populares e espirituais, explorando formas coletivas de repensar os modelos tradicionais de masculinidade.

Com direção e preparação corporal de Marcio Dantas, o trabalho tem concepção e performance de John Yuri, Bruno Faowmanma e Julia Amaro Medeiros. A criação dialoga com teatro, dança e performance, dissolvendo fronteiras entre linguagens. A trilha sonora original é assinada por Thiago Akobi, o figurino por Yuri Nascimento, a iluminação por Tati Santos e a produção geral por Renan Marangoni. A consultoria cênica é de Douglas Iesus.

A pesquisa que fundamenta o espetáculo se expandiu por meio de rodas de conversa com psicólogos, mestres de saberes populares e artistas. Esses encontros aprofundaram temas como infância, saúde mental, autocuidado, valores civilizatórios e religiosidade de matriz afro-brasileira. As reflexões geradas nesse processo permeiam diretamente a criação, unindo pensamento e prática cênica.

Entre homens em fuga, meninos que sonham se configura como uma experiência pautada na escuta, na memória e no sonho. A obra propõe uma travessia que parte da questão levantada em FUGA: se os modelos vigentes não atendem, como imaginar, em comunidade, outras possibilidades de existência?

Serviço | Espetáculo Entre homens em fuga, meninos que sonham
Duração: 40 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Entrada gratuita

Centro de Referência da Dança – CRD
Galeria Formosa, Baixos do Viaduto do Chá s/n
Praça Ramos de Azevedo – Centro Histórico de São Paulo, SP
Datas: 14, 15, 16 e 17 de agosto
Horários: quinta a sábado às 19h | domingo às 16h

Espaço Cultural Adebankê
Rua Durande, 175 – Artur Alvim, São Paulo – SP
Datas: 23 e 24 de agosto
Horários: sábado às 17h e 20h | domingo às 17h e 19h

Ficha técnica
Criação e performance: John Yuri, Bruno Faowmanma e Julia Amaro Medeiros
Direção e preparação corporal: Marcio Dantas
Consultoria cênica: Douglas Iesus
Trilha sonora: Thiago Akobi
Figurino: Yuri
Iluminação: Tati Santos
Produção geral: Renan Marangoni

Sobre Ákàsà Coletivo Artístico
 

O Ákàsà Coletivo Artístico começa a se desenhar no fim de 2022, durante o processo criativo do projeto “homens” na época. Em 2019 havíamos criado em conjunto com outras parcerias uma companhia de teatro que começou com a produção de peças para o público infantil, na segunda produção surgiu o projeto, Meninos Também Podem, dando início a uma reflexão sobre a educação infantil e sobre algumas diferenças e impactos na forma de educar e cuidar dos meninos, essa discussão já vinha de encontro com as pesquisas que Bruno Fowmanma e John Yuri haviam iniciado em seu trabalho de conclusão do curso de dança na Etec de Artes de São Paulo, e que ainda tinham vontade de revisitar. A peça Meninos Também Podem estreou da Galeria Olido e circulou por alguns espaços de cultura e espaços educacionais, promovendo também formações e rodas de conversa com os educadores.

 

A partir desse aprofundamento nos temas sobre a construção das masculinidades, os impactos da masculinidade tóxica em outros grupos, na sociedade e no corpo e psique dos próprios homens, tudo isso com todas as encruzilhadas em que a pesquisa nos levava, veio a necessidade de iniciar um projeto artístico voltado a trazer esse debate para o público adulto, nascendo assim o projeto, ‘homens’e esse projeto levou a um cruzo dos caminhos de alguns artistas. Os ensaios e pesquisas começaram e seguiram, com o aprofundamento e o amadurecimento foi se discutindo a necessidade de formular um novo coletivo, tudo isso foi colaborando para os temas da masculinidade, o corpo negro e as periferias serem os eixos de encontro desse novo coletivo, o coletivo ÀKÀSÀ surge promovendo já dois encontros entre artistas, parceiros e psicologos em duas rodas de conversa sobre esses eixos no ano de 2023.

 

O Àkàsà Coletivo Artístico surge no processo de refletir o amadurecimento dos artistas envolvidos nos eixos temáticos, refletindo agora também, mais assumidamente, um olhar para as culturas populares, o samba, as macumbas na busca de caminhos decoloniais de entendimento, reflexão e estética. O coletivo vem fazendo parcerias e tomando forma, pedindo licença para vir ‘em terra’ trazer em cena, em dança, e em poesia suas inquietações, encantos e elaborações sobre as mais diversas questões que nos atravessam quanto corpo-ser.


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EDIVALDO CLEMENTINO DA COSTA JUNIOR
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