Palhaçadas Paulistanas, com a Cia Asfalto de Poesia

18 anos de riso, crítica e resistência nos territórios da cidade

GUSTAVO FERREIRA | ASSIMéTRICA
13/08/2025 12h46 - Atualizado há 9 horas

Palhaçadas Paulistanas, com a Cia Asfalto de Poesia
Cris Leonel | Hello Fotoarte

Em 2025, a Cia Asfalto de Poesia completa 18 anos de trajetória e comemora sua história com o projeto "Palhaçadas Paulistanas", uma ação cultural que cruza arte, memória, política e território a partir da linguagem da palhaçaria feita por mulheres. Contemplado pelo edital de Fomento ao Circo da Cidade de São Paulo, o projeto realiza uma intensa itinerância gratuita por cinco regiões da capital — norte, sul, leste, oeste e centro —, oferecendo ao público uma programação diversificada com 25 apresentações, 5 oficinas de formação e rodas de conversa.

Em tempos em que o riso é também um gesto de enfrentamento, a Cia propõe uma travessia simbólica e concreta pela cidade, promovendo encontros potentes entre artistas e comunidades, entre saberes populares e práticas cênicas. O projeto nasce do desejo de celebrar o percurso do grupo, mas também de reafirmar o lugar da palhaça como figura política e crítica, que provoca, escancara, escuta e acolhe.

 A Cia Asfalto de Poesia: trajetória, pesquisa e identidade

Fundada por mulheres artistas com formação em instituições como a UNESP, Doutores da Alegria e Fundação das Artes de São Caetano, a Cia Asfalto de Poesia se destaca por articular o circo e o teatro, a palhaçaria clássica e as urgências contemporâneas em sua pesquisa cênica. Ao longo de quase duas décadas, o grupo acumulou importantes criações autorais e circulações por escolas, festivais, bibliotecas, SESCs, espaços culturais e ruas da cidade.

Formada por Maria Silvia do Nascimento, Amanda Massaro e Marcela Sampaio, a Cia desenvolve uma abordagem crítica, feminista e afetiva da arte circense e do circo-teatro. Seus espetáculos são marcados por uma dramaturgia própria, pesquisa de máscaras cômicas e a valorização de referências da comicidade brasileira – de Dercy Gonçalves a Molière, passando pelos Trapalhões, Genet, Suassuna e pelo teatro popular.

“A palhaça é uma figura política. Ela desafia o autoritarismo, rompe padrões e reivindica o direito de estar presente, viva e cômica. Esse projeto é um manifesto em movimento.”
Maria Silvia do Nascimento, atriz, diretora e pesquisadora

“A gente quer ver palhaça em todo lugar. Rindo, provocando, ensinando e aprendendo com o público. O projeto é um presente para os territórios e uma devolutiva da nossa história com a cidade.”
Amanda Massaro, atriz e arte-educadora

“A arte da palhaçaria me ensinou que podemos rir até das tragédias, mas sem esquecer de enfrentá-las. Levar essa linguagem para escolas e centros culturais é ocupar espaços com poesia e resistência.”
Marcela Sampaio, educadora e pesquisadora do corpo popular

Ações do projeto

“Palhaçadas Paulistanas” propõe uma circulação pensada para dialogar com diferentes públicos e territórios. A programação contempla três espetáculos, todos protagonizados por mulheres palhaças, além de oficinas abertas ao público e rodas de conversa que aprofundam a experiência estética.

 Os espetáculos:

“O Pequeno Circo das Atrapalhadas” (dir. Fernando Neves):
Uma fábula tragicômica sobre três palhaças trancadas em um circo fantasma que enfrentam memórias de um patrão autoritário. Com dramaturgia inspirada em Brecht, Genet e Suassuna, o espetáculo mistura circo-teatro, crítica social, músicas originais e números convidados.

“Futebol de Palhaças”

 Voltado ao público infantojuvenil, aborda com humor e delicadeza a proibição histórica do futebol feminino no Brasil e a luta das mulheres por visibilidade e direitos. Uma metáfora sobre coletividade, resistência e pertencimento — com palhaças em campo, arbitrando a cena.

“Vendo Tudo” (dir. Rhena de Faria):
Espetáculo solo e inédito de Maria Silvia do Nascimento. A palhaça Clowndette Maria é uma vendedora ambulante que vende produtos imaginários e questiona o valor das coisas, do trabalho e da vida. Uma crítica bem-humorada ao hiperconsumo, ao capitalismo de dados e à precarização das existências.

 Oficinas e rodas de conversa

As oficinas de palhaçaria e circo-teatro propõem uma vivência introdutória à comicidade, máscaras, corpo cômico e improvisação. São abertas ao público de todas as idades, com ou sem experiência. As rodas de conversa acontecem ao final de cada apresentação, promovendo escuta e troca de experiências com o público.

Todas as atividades são gratuitas e acessíveis, respeitando os diferentes contextos das regiões por onde o projeto irá circular. As ações serão registradas em vídeo e fotografia e integradas ao acervo do Centro de Memória do Circo, contribuindo para a preservação da memória da palhaçaria paulistana contemporânea.

Riso como ato de presença

Mais que uma circulação artística, “Palhaçadas Paulistanas” é um gesto político de encontro com os territórios da cidade. O riso não é visto apenas como entretenimento, mas como força de resistência, canal de escuta e possibilidade de pertencer.

O projeto se propõe a ocupar os espaços públicos com arte viva, feita por corpos dissidentes, femininos, populares e insurgentes. A cidade é tratada como picadeiro múltiplo, onde cada apresentação é também um manifesto e cada gargalhada, um sopro de liberdade.

“É nas margens, nas quadras de escola, nos centros culturais de bairro que a palhaça encontra sua potência plena. Não é só rir da vida. É rir com ela — e com quem tem sido historicamente silenciado.”
Coletivo Asfalto de Poesia

 A programação será divulgada nas redes sociais da companhia.
@ciaasfaltodepoesia

 

Palhaçadas Paulistanas:
Riso é resistência. Riso é escuta. Riso é encontro.

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GUSTAVO FERREIRA GALDINO DOS SANTOS
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