Eles querem apenas seu dinheiro; não se iluda com o golpe do prêmio inesperado
Por Adrianus Warmenhoven, especialista em segurança cibernética da NordVPN
NB PRESS
01/08/2025 14h22 - Atualizado há 1 dia
NordVPN
Vivemos em uma era de hiperconectividade, onde a internet redefine nossas relações sociais e profissionais. Nesse cenário, cresce a ameaça sorrateira que se aproveita da confiança e da esperança humana: os golpes de prêmios falsos. Esses esquemas enganam vítimas com promessas de prêmios milionários em sorteios que elas nunca participaram. Longe de serem apenas incômodos, representam uma ameaça real à segurança financeira e à privacidade pessoal. No Brasil, os golpes com promessas de prêmios inexistentes já se tornaram rotina no universo digital. Em 2023, mais de 55 mil brasileiros caíram nesse tipo de fraude, segundo levantamento da PSafe. Os criminosos atraíram as vítimas com promessas de sorteios milionários, brindes de grandes marcas e até carros de luxo — tudo falso. O prejuízo estimado ultrapassou R$ 45 milhões apenas naquele ano. Em 2023, consumidores perderam US$ 301 milhões em golpes desse tipo, com uma média de US$ 907 por vítima, segundo a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC). Em 2024, esses golpes representavam mais de 38% de todas as fraudes reportadas no país. A fraude com falsos prêmios já ocupa o segundo lugar entre os golpes mais comuns no país, de acordo com o relatório mais recente da Serasa Experian. Só perde para fraudes com cartões de crédito. O esquema mais comum envolve links compartilhados via WhatsApp ou redes sociais, que simulam promoções oficiais de empresas conhecidas. Esses links direcionam o usuário para páginas que solicitam dados pessoais ou cobram uma taxa para liberar o suposto prêmio. Os golpistas usam gatilhos emocionais e criam um ambiente de urgência para convencer a vítima a agir sem pensar. Isso se soma ao uso de nomes de celebridades, logotipos reais e domínios falsificados — como "promoçõesnatura.vip" ou “ganheprêmiosoficial.com” — para tornar o golpe mais crível. Os dados apontam que esse tipo de golpe cresceu especialmente em campanhas falsas envolvendo iPhones, geladeiras e até sorteios ligados a influenciadores digitais. O público mais afetado tem entre 40 e 65 anos, mas os jovens hiperconectados também estão no radar dos criminosos. Eles clicam rapidamente em links suspeitos, sem checar a veracidade da oferta. Como funciona o golpe
As ações exploram um traço humano básico: o desejo por sorte inesperada. Criminosos criam histórias sobre carros de luxo, viagens paradisíacas e prêmios em dinheiro para gerar um pico de euforia. A resposta emocional desativa o senso crítico, facilitando o convencimento para o pagamento de taxas falsas como "impostos", "custos legais" ou "tarifas de processamento".
O que torna esses golpes ainda mais perigosos é a aparência de legitimidade. Os criminosos usam números de telefone falsificados, documentos com logotipos oficiais e sites clonados. Com dados vazados ou coletados em redes sociais, conseguem criar narrativas altamente personalizadas. Imagine receber uma ligação que menciona sua cidade natal ou parentes próximos. Os detalhes deixam o golpe mais convincente.
E eles evoluíram. Esqueça os e-mails mal escritos do passado. Hoje, os golpistas operam com profissionalismo. Criam sites com certificados de segurança SSL, enviam e-mails quase perfeitos e até utilizam vozes clonadas com IA para simular autoridades confiáveis.
Também criam senso de urgência: “Pague em 24 horas ou perderá o prêmio!”. Usam normas sociais, como a dificuldade em desligar uma ligação educada, para prolongar o contato. As táticas são calculadas com base em ciência comportamental e testadas repetidamente.
Além do prejuízo financeiro, a vergonha impede muitas vítimas de denunciarem. Isso gera subnotificação, o que alimenta a falsa percepção de que golpes são raros ou evitáveis. A verdade é que ninguém está imune — nem aposentados, nem jovens conectados, nem especialistas em segurança digital.
Cada golpe bem-sucedido financia redes criminosas maiores, muitas vezes ligadas a organizações internacionais. O dinheiro é reinvestido em fraudes ainda mais sofisticadas, criando um ciclo contínuo de exploração.
Como se proteger
A defesa começa com a atenção aos sinais. Se você recebeu uma notificação de prêmio sem ter participado de nada, desconfie. Pedidos de pagamento antecipado também são um sinal de alerta. E nunca ceda à pressão por decisões rápidas.
Sempre verifique por conta própria a veracidade do prêmio, buscando canais oficiais (nunca os informados pelo suposto emissor). Observe com atenção erros sutis em links e e-mails, como “PayPa1.com” em vez de “PayPal.com”. Ative autenticação em dois fatores e utilize ferramentas de proteção digital, como VPNs, para dificultar o rastreamento dos seus dados pessoais.
A luta contra golpes exige ação conjunta. Governos devem endurecer regras contra chamadas automáticas e tecnologias de falsificação. Bancos precisam reforçar controles sobre transações suspeitas, enquanto empresas de tecnologia devem melhorar a detecção automática de fraudes com IA.
A educação digital é a arma mais poderosa. Campanhas públicas devem mostrar que os golpes exploram emoções, não ignorância. Escolas e empresas precisam incluir letramento digital em seus programas, capacitando cidadãos a reconhecer riscos online.
Em tempos de promessas fáceis, o ditado nunca foi tão atual: “Se parece bom demais para ser verdade, provavelmente não é”. Golpistas se aproveitam da esperança, mas com informação, cautela e ação, podemos desmontar essas ilusões. A segurança não vem da sorte, vem da vigilância informada.
*Adrianus Warmenhoven é especialista em cibersegurança da NordVPN, com foco em análise de ameaças e proteção ao consumidor, empresa especializada em soluções de privacidade, segurança e rede privada virtual (VPN).
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DEBORAH EVELYN SOSA FECINI
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