De consultas presenciais a diagnósticos remotos: como a telemedicina vem mudando vidas no Brasil

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17/07/2025 10h53 - Atualizado há 16 horas

De consultas presenciais a diagnósticos remotos: como a telemedicina vem mudando vidas no Brasil
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Com a chegada da telemedicina a regiões antes desassistidas, pacientes passaram a ter acesso a especialistas sem precisar sair de casa, e isso tem transformado histórias de vida por todo o país. Diovani Urbim, diretor da Vital Help, explica como essa ferramenta vem reduzindo distâncias, economizando tempo e, em muitos casos, salvando vidas.

 

O impacto nas regiões afastadas

A telemedicina tem revolucionado o modo de acesso a diagnósticos e tratamentos, especialmente em regiões com menos recursos. Ao permitir consultas a distância, ela elimina a necessidade de longos deslocamentos para centros urbanos, reduzindo custos e ampliando o contato com especialistas. Isso é especialmente importante em áreas rurais, comunidades isoladas e periferias urbanas, onde há escassez de profissionais de saúde.

Ele destaca que a ferramenta agiliza diagnósticos e melhora o acompanhamento de doenças crônicas, como também promove a educação em bem-estar e o fortalecimento do autocuidado. “Tem se mostrado essencial para democratizar o acesso à saúde, levando atendimento de qualidade a quem antes dependia de poucas alternativas”, completa.

 

Vínculos e cuidado

Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) comprovou que intervenções de telemedicina (TMI) são eficazes na redução de reinternações e da mortalidade de pacientes com insuficiência cardíaca (IC) em hospitais públicos de Belo Horizonte.

A pesquisa, oriunda da tese de doutorado de Edmar Geraldo Ribeiro, com coordenação da professora Deborah Carvalho Malta, envolveu 127 pacientes de seis hospitais da capital mineira. Os resultados, publicados no estudo "Effect of Telemedicine Interventions on Heart Failure Hospitalizations: A Randomized Trial", revelaram uma melhora significativa no controle da doença e na qualidade de vida dos pacientes.

Em 180 dias, apenas 26% do grupo que recebeu intervenções via telemedicina precisou de readmissão hospitalar por insuficiência cardíaca, em comparação com 46% do grupo de cuidado usual. A mortalidade por todas as causas também foi menor no grupo da telemedicina (30% contra 47% do grupo controle).

No cenário global, meta-análises apontam que a telemedicina pode reduzir hospitalizações por insuficiência cardíaca em 22% e a mortalidade em 16%. Esses dados são corroborados por uma revisão sistemática conduzida a partir de junho de 2016 e publicada no renomado Journal of the American College of Cardiology em 2017.

Segundo Diovani, experiências em hospitais pediátricos, por exemplo, mostram alto nível de satisfação tanto por parte dos pacientes quanto dos profissionais. “Temos visto uma atenção mais eficiente, empática e inclusiva, especialmente para pacientes crônicos, moradores de regiões remotas e pessoas com dificuldades de locomoção.”

 

Ganhos em tempo, dinheiro e sustentabilidade

A economia também é expressiva. De acordo com Diovani, estudos apontam que uma consulta online pode poupar, em média, 106 minutos por atendimento — e, em alguns casos, até quatro horas. “Financeiramente, indivíduos em tratamento economizam até 19,7% por consulta”, afirma. Ele destaca que um levantamento mostrou uma economia de R$ 12 milhões em apenas três meses ao substituir atendimentos presenciais por virtuais.

O serviço também traz ganhos ambientais: menos deslocamentos significam menos emissões de CO₂. E em experiências com o SUS, como no acompanhamento de pacientes diabéticos, observou-se redução de até 15% nos custos totais de cuidado, especialmente com transporte entre municípios.

 

Menos internações, mais vidas salvas

Um dos fatos que chama atenção é como a consulta online tem ajudado a diminuir o número de mortes. Diovani cita o caso de Tarumã (SP), onde a implementação de laudos de eletrocardiograma em até 10 minutos levou à queda de 22% nos óbitos por infarto agudo do miocárdio. “Ainda em Tarumã, o uso da telemedicina no manejo de doenças crônicas reduziu em 45% os óbitos por essas condições”, explica.

Em uma pesquisa nacional com pacientes de insuficiência cardíaca, um programa de monitoramento remoto e educação digital reduziu em 44% as reinternações e em 37% os eventos combinados de mortes ou novas internações. “É um resultado robusto. A telemedicina está fazendo a diferença onde mais importa: na preservação da vida.”

Diovani faz questão de lembrar que o potencial vai além do tratamento. “Pode ser usada para campanhas educativas, triagens populacionais e para engajar o paciente em seu próprio cuidado”, diz. No entanto, faz uma ressalva importante: “Vale lembrar que a telemedicina é uma ferramenta, não um substituto da atenção presencial. Ela deve ser integrada de forma inteligente ao sistema de saúde, respeitando a singularidade de cada paciente e valorizando o equilíbrio entre tecnologia, empatia e vínculo humano.”

Com isso, a Vital Help reforça que o futuro da saúde não está apenas em tecnologias sofisticadas, mas na combinação entre acesso, empatia e eficiência.


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JÚLIA SIDON SENNA CARVALHO
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