Experiências traumáticas na infância elevam risco de transtornos mentais, aponta estudo
Pesquisa realizada pela USP reforça a urgência de cuidados precoces e destaca a importância de iniciativas como a do Iafas que oferece, sem custo algum, atendimentos especializados a crianças, jovens e adultos com algum tipo de transtorno mental
KASANE COMUNICAÇÃO
09/07/2025 09h49 - Atualizado há 12 horas
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Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade de Bath, no Reino Unido, alerta que experiências traumáticas vividas na infância estão diretamente associadas ao desenvolvimento de transtornos mentais na adolescência. Publicado em fevereiro na revista The Lancet Global Health, o estudo revelou que aproximadamente 30% dos diagnósticos de transtornos psiquiátricos entre adolescentes estão relacionados a traumas precoces. A análise foi feita com 4.229 adolescentes da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004, projeto que acompanha indivíduos desde o nascimento para avaliar impactos de fatores de risco ao longo da vida. Um dos fatores que motivaram a pesquisa é o fato de que a adolescência é um período crítico para o desenvolvimento da saúde mental do indivíduo, pois muitos transtornos psiquiátricos surgem ou se agravam, uma vez que a exposição a traumas na infância pode aumentar substancialmente o risco de transtornos mentais ao longo da vida. Além disso, esses traumas podem afetar e modificar o funcionamento de estruturas cerebrais envolvidas na regulação do humor, da memória, da cognição, do planejamento e do controle dos impulsos. Outros aspectos adicionais devem ser considerados, pois é nessa fase que ocorre o desenvolvimento e amadurecimento emocional, bem como a capacidade de resolução de problemas. Os transtornos psiquiátricos como ansiedade, alterações de humor, déficit de atenção e hiperatividade, além de transtornos de conduta e de oposição, foram avaliados aos 11, 15 e 18 anos, por meio do relato dos pais e responsáveis, somado também ao dos próprios adolescentes. Os pesquisadores analisaram a exposição a 12 tipos de trauma, entre eles acidente grave, incêndio, desastres naturais, ataque ou ameaça, abuso físico ou sexual, violência doméstica e morte dos pais. Aos 18 anos, 81,2% dos adolescentes já haviam vivenciado alguma situação traumática. Além disso, essas experiências foram responsáveis por 30,6% dos transtornos psiquiátricos nessa faixa etária. Trazendo para Goiás, a prevalência de transtornos mentais em crianças e adolescentes sugere que entre 10% e 20% da população jovem apresenta algum tipo de transtorno mental. Fatores como desigualdade social, violência doméstica, negligência, dificuldade de acesso a serviços de saúde mental e evasão escolar tornam as crianças e os adolescentes particularmente vulneráveis, já que, segundo a literatura médica, ambientes violentos e inseguros são fortes gatilhos para traumas emocionais duradouros, que incidem principalmente na vida adulta. Iniciativas de acolhimento e tratamento fazem a diferença Uma iniciativa do Instituto de Assistência Familiar e Amparo Social dos Trabalhadores do Setor de Serviços (Iafas) vem mudando a realidade de crianças, adolescentes e adultos, oferecendo atendimentos especializados para auxiliar na melhoria e evolução deste cenário. Voltado para os trabalhadores cadastrados no instituto e seus dependentes, o benefício reforça a importância do cuidado humanizado e da inclusão como práticas permanentes, sem custo algum àqueles que necessitam. Fundado em 2017, o Iafas, organização sem fins lucrativos, atua como um elo entre empresas dos segmentos de limpeza, conservação e segurança privada e seus trabalhadores. A psicóloga do Iafas, Laryssa Borges, destaca a importância da adoção de estratégias que priorizem a identificação precoce de sinais de sofrimento emocional, ainda na infância se possível, para que o tratamento seja iniciado o quanto antes. “Atrasos na fala, mudanças bruscas de humor, queda no rendimento escolar, desafios na interação social e em aceitação de regras, questionamento de autoridade, resistência emocional e sensorial a toque/texturas, sensibilidade ao som/luz e perda de habilidades já adquiridas, dentre outros, são alguns dos sinais que pais, professores e familiares devem observar atentamente. Atuar desde cedo, com acompanhamento psicológico e terapêutico é essencial, uma vez que esses pacientes são mais vulneráveis a desenvolver ansiedade e depressão, melhorando assim a qualidade de vida, desenvolvendo ao máximo seu potencial”, enfatiza. Atendimento especializado e contínuo Atualmente, o instituto oferece 60 sessões semanais de terapia comportamental, terapia ocupacional e psicoterapia para 17 crianças e jovens de até 16 anos, somando cerca de 240 atendimentos por mês, conforme a necessidade de cada paciente. A equipe é composta duas psicopedagogas e uma psicóloga, que atuam de forma integrada, ajustando os planos terapêuticos conforme a evolução de cada criança. Já para os adultos, o Iafas possui o benefício desde 2019, com números que ultrapassam 2 mil atendimentos. Atualmente, 26 pacientes são acompanhados por psicólogos preparados, em sessões com duração de uma hora e que acontece na sede da instituição, no Setor Sul, em Goiânia. “Embora esses transtornos exijam cuidado contínuo ao longo da vida, é possível, em casos de progresso significativo, reduzir gradualmente a frequência das terapias. É fundamental que o tratamento comece o quanto antes. Quanto mais cedo conseguimos intervir, maiores são as chances de desenvolvimento, de melhora na convivência familiar e no desempenho escolar. Infelizmente, muitas crianças passam anos sem qualquer acompanhamento, e isso compromete não só o presente, mas o futuro delas. Lidar com as dificuldades de maneira mais humanizada e acolhedora é o que oferecemos a essas famílias”, reforça a psicóloga. Sobre o Iafas O Iafas é uma organização sem fins lucrativos, com o propósito de conectar trabalhadores e empresas em busca de mão de obra qualificada. O instituto, que atua como intermediário entre trabalhadores e empregadores, cadastra currículos para vagas de emprego nos segmentos de limpeza, conservação e de segurança privada em Goiás que estão com déficit de profissionais, oferece também benefícios como cestas básicas para alunos que concluírem os treinamentos, além de contar com uma farmácia própria com preços acessíveis para trabalhadores e seus familiares, distribuição de material escolar, dentre outros benefícios. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
CAROLINA OLIVEIRA DE ASSIS
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