Ricardo Pacheco
Doenças ocupacionais - 742 mil afastamentos em 2024 e risco de 1milhão de incapacitados até 2029 Notificações cresceram 37% desde a reforma de 2017, benefícios por saúde mental explodiram 134%, e apenas 1% das enfermidades ocupacionais chega ao registro — o alerta de um problema urgente e profundamente invisível no Brasil O Observatório de SST do MPT/OIT projeta que, até 2024, o Brasil registrou cerca de 742 200 acidentes de trabalho, chegando a quase 778 mil quando consideradas notificações tardias.
O que escapa ainda mais à atenção pública é que só 1% desse total foi reconhecido como doença ocupacional, enquanto 75% permanecem subnotificados, soterrados pelo medo, desconhecimento ou falhas no diagnóstico.
Desde a reforma trabalhista de 2017, o País viu um aumento de 37% nas notificações, mas isso apenas raspa a superfície de um problema que se mantém invisível.
“É um desastre humano e econômico. Cada afastamento registrado é o ápice de um colapso emocional, corporal e salarial, mas a maioria dos casos sequer entra no radar oficial”, alerta Dr. Ricardo Pacheco, gestor em saúde, empresário, mentor, palestrante e presidente da ABRESST (Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho).
Uma crise de longa duração com custos astronômicos Desde 2012, quase 8,8 milhões de acidentes foram confirmados no trabalho, resultando em 32 mil mortes. Nesse mesmo período, o INSS concedeu 2,6 milhões de benefícios por incapacidade temporária, gerando um gasto de R$ 173 bilhões.
O SUS, por meio do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), também registrou 3,5 milhões de agravos, com um crescimento de mais de 50% entre 2022 e 2024 — reflexo de problemas como LER/DORT, câncer ocupacional e transtornos mentais.
A explosão foi maior ainda no campo emocional: os benefícios por transtornos mentais saltaram de 201 mil em 2022 para 472 mil em 2024, um assustador aumento de 134%.
Mantida essa tendência, o Brasil poderá atingir 1 milhão de incapacitações permanentes até 2029, com prejuízos da ordem de R$ 468 bilhões por ano (equivalente a cerca de 4% do PIB).
Para o médico e gestor em saúde, é um tsunami que impacta no desempenho do País: “O que temos aqui não é estatística: é tragédia sequestrando vidas, famílias e produtividade nacional”, alerta.
Causas claras, consequências devastadoras No cerne do problema estão lesões por esforço repetitivo, doenças osteomusculares e transtornos mentais. Fraturas em 2024 ultrapassaram 84 mil casos (+20% em um ano), e amputações chegaram a 4,6 mil (+6%).
Essas ocorrências expõem jornadas desumanas, ergonomia mal planejada, cobrança excessiva e ausência de suporte psicossocial — construindo um ambiente corporativo que adoece.
Para o especialista, todos perdem: “Perder um colaborador custa em média R$ 30 mil à empresa - e isso sem contar reputação, moral e clima interno”, destaca Dr. Ricardo.
Prevenção como pilar estratégico A recente atualização da NR‑1 incluiu a obrigatoriedade de avaliação dos riscos psicossociais, o que pode ser um divisor de águas. Mas apenas virar letra de lei não basta: é preciso que empresas implantem planos robustos de ergonomia, pausas planejadas, suporte emocional, adaptação de jornada e monitoramento contínuo.
O papel do médico do trabalho precisa ser elevado - não mais um executor de atestados, mas sim um gestor, mentor e influenciador estratégico dentro da organização.
“Prevenir custa menos que curar - e rende muito mais. É o tipo de estratégia que fortalece pessoas, reputação e resultados”, conclui o presidente da ABRESST.
Transformação já Os caminhos estão claros: reconhecer a saúde do trabalhador como ativo estratégico, implantar ações consistentes, conectar indicadores de saúde a metas de produtividade e investir em líderes e médicos do trabalho capazes de transformar ambientes.
“Quem cuida, constrói futuro. E faz isso com inteligência, propósito e humanidade”, finaliza Dr. Ricardo Pacheco.
Sobre o Dr. Ricardo Pacheco Dr. Ricardo Pacheco é médico do trabalho, gestor em saúde e empresário, formado pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos. Iniciou sua trajetória com foco na saúde ocupacional e, ao longo dos anos, expandiu sua atuação para a promoção da saúde integral.
Em 2001, fundou sua primeira empresa de saúde, que posteriormente consolidando-se como uma plataforma de referência no setor.
Desde 2002, integra a ABRESST (Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança do Trabalho), assumindo a Diretoria de Ética e Legislação em 2008. Nessa posição, foi ouvinte na Câmara Técnica de Medicina do Trabalho, representando a entidade, e desenvolveu projetos importantes, como a implantação do Selo de Qualidade ABRESST e o apoio direto à presidência.
Em 2019, tornou-se presidente da entidade, cargo que ocupa pelo terceiro mandato consecutivo, expandindo significativamente o impacto da entidade, que hoje assiste mais de 4 milhões de trabalhadores.
Dr. Ricardo teve papel essencial na revisão e criação de Normas Regulamentadoras (NRs), como o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) da NR-01, além da inclusão de riscos psicossociais nas normativas. Também participou da criação da NR-38, voltada à segurança dos trabalhadores na limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
Durante a pandemia da covid-19, liderou protocolos de segurança para grandes produções audiovisuais e promoveu eventos online pela ABRESST, orientando empresas e trabalhadores sobre boas práticas em SST. Ativamente presente nos principais congressos do setor, foi um dos responsáveis pela retomada da 25ª edição do COBRASEMT, um dos mais importantes eventos da área.
Recentemente, participou do G20 no Brasil, abordando questões como estresse térmico e saúde ocupacional.
Reconhecido por sua expertise, colabora com entidades como ANAMT e ABERGO e frequentemente participa de veículos de comunicação para divulgar temas relacionados à saúde e segurança do trabalho. Seu compromisso com inovação e resultados faz dele um dos grandes nomes da saúde ocupacional no Brasil.
Dr. Ricardo Pacheco, CRM-SP 87570 I RQE 22.683.
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SANDRA MARIA DA CUNHA
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