Regras da Anvisa para o uso de semaglutida visam proteger a saúde dos olhos

Além de retenção da receita médica, bulas deverão informar sobre condição ocular rara que pode causar perda súbita de visão; o Dr. Matheus Silva explica a doença

SIG EIKMEIER
01/07/2025 11h14 - Atualizado há 1 dia

Regras da Anvisa para o uso de semaglutida visam proteger a saúde dos olhos
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Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, atualiza as regras para a comercialização de medicamentos que contêm semaglutida na composição. Presente em marcas como Ozempic, Rybelsus e Wegovy, a substância ativa é indicada no tratamento do diabetes do tipo 2, obesidade e sobrepeso.

A semaglutida imita a ação do hormônio GLP-1, produzido naturalmente pelo intestino e que atua no controle da glicose no sangue e no apetite, sinalizando ao cérebro a sensação de saciedade. Isso fez com que a substância fosse cada vez mais utilizada para a perda de peso.

No entanto, análises do Comitê de Avaliação de Risco em Farmacovigilância da Agência Europeia de Medicamentos identificaram a neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NOIA-NA), uma condição ocular grave, como possível evento adverso raro ao uso de semaglutida.

"A NOIA-NA ocorre quando os vasos sanguíneos que irrigam o nervo óptico ficam estreitados ou bloqueados, resultando em danos ao nervo", explica o Dr. Matheus Bedendo Rodrigues da Silva, oftalmologista do H.Olhos, Hospital de Olhos da rede Vision One.

"O principal sintoma é a perda súbita e indolor da visão em um olho, que pode ser temporária ou permanente. O paciente também pode enxergar de forma desfocada, principalmente na metade inferior do campo visual, ter dificuldade para reconhecer rostos ou identificar cores", complementa o médico.

A neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica é mais comum a partir dos 50 anos e, de acordo com o oftalmologista, "alguns fatores de risco são o diabetes descontrolado, a hipertensão, doenças cardíacas, apneia obstrutiva do sono ou colesterol elevado, que podem levar à redução do fluxo sanguíneo para o nervo óptico".

O Sistema VigMed, disponibilizado pela Anvisa e que recebe informações sobre efeitos adversos de medicamentos e vacinas no Brasil, registrou 52 notificações de suspeitas de distúrbios oculares relacionadas à semaglutida. Os dados também contribuíram para a criação de novas regras em relação ao uso da substância.

Uma delas é que, e que já está em vigor, é que todos os medicamentos com semaglutida ou substâncias que imitam a ação do hormônio natural GLP-1 em sua composição, terão retenção da receita médica. Além disso, a Anvisa determinou que as bulas deverão trazer informações sobre a possível reação adversa para a saúde ocular, mesmo que seja rara.

"É muito importante que, ao fazer uso desses remédios, a pessoa realize exames oftalmológicos regulares e fique atenta a qualquer sintoma que possa indicar problemas na visão, especialmente se fizer parte do grupo de risco para NOIA-NA", alerta o Dr. Matheus Silva. A recomendação da Anvisa é para que os profissionais, ao prescrever estes medicamentos, orientem seus pacientes sobre o risco para a saúde ocular e os sinais de alerta.


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