Dia do Orgulho: gestação protagonizada por duas mulheres se torna cada vez mais comum no Brasil
Viabilizada pelo método ROPA, gravidez com a participação de casal feminino ganhou repercussão após ser a escolha da cantora Ludmilla e esposa
SUELI FERRER
27/06/2025 18h04 - Atualizado há 10 horas
Divulgação
No dia 28 de junho, é celebrado o Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, data que marca a luta por direitos, visibilidade e respeito à diversidade. Entre os temas que ganham destaque neste período está o direito de formar uma família. De 2021 a 2023, mais de 50 mil crianças foram registradas por casais homoafetivos no Brasil, segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-BR). Apesar de existirem mais possibilidades para se tornar mãe, casais femininos que desejam ter filhos biológicos já contam com a ajuda da medicina. Por meio do método ROPA, sigla para Recepção de Óvulos da Parceira, duas mulheres podem compartilhar ativamente o processo de gestação.
O procedimento ficou conhecido após ser escolhido pela cantora Ludmilla e sua esposa, a dançarina Brunna Gonçalves, que anunciaram o uso do método para realizar o sonho da maternidade. Mas muito além dos holofotes, o ROPA tem se tornado uma alternativa cada vez mais buscada por parceiras que desejam ter filhos com vínculo biológico de ambas.
"Mais que uma técnica, o ROPA é um gesto de amor e de representatividade. Quando duas mulheres compartilham a gestação, elas dividem não apenas o desejo de ter um filho, mas também o protagonismo nesse processo", ressalta o médico Luiz Fernando Pina, ginecologista especialista em reprodução humana, fundador do Baby Center Medicina Reprodutiva.
Ele conta que o método é possível graças à fertilização in vitro. “Nele, os óvulos de uma das parceiras são fertilizados em laboratório com sêmen de doador, e o embrião é transferido para o útero da outra mulher. Isso permite que uma seja mãe biológica e a outra, mãe gestacional”, esclarece e compartilha que as pacientes relatam ser uma vivência transformadora e única.
Além do impacto emocional, o método também levanta questões importantes sobre acesso igualitário à saúde reprodutiva no Brasil. Embora permitido pelas diretrizes do Conselho Federal de Medicina (CFM), o ROPA ainda é realizado apenas em clínicas particulares, o que limita o alcance a casais de maior poder aquisitivo.
“A saúde reprodutiva também é um direito, mas infelizmente alguns recursos são limitados. No mês do Orgulho, é essencial falar sobre acesso, acolhimento e políticas públicas que contemplem a diversidade de famílias que existem hoje no país”, alerta Dr. Pina.
Com o aumento da visibilidade e da procura por esse tipo de tratamento, o esperado é que datas como o 28 de junho sirvam não apenas para celebrar, mas também para promover avanços concretos em inclusão e acesso à saúde. “O amor também pode nascer em laboratório, com acolhimento, respeito e ciência. Que isso possa ser ampliado a cada vez mais pessoas!” finaliza o especialista.
Sobre Luiz Fernando Pina É médico ginecologista especializado em reprodução humana e endometriose. Pós-doutor em Reprodução Humana pela Harvard Medical School/USP e doutor em Ginecologia pela FMUSP, com especialização em pesquisa na Cleveland Clinic (EUA). É fundador da clínica Baby Center Medicina Reprodutiva e possui título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO 126/2013) e em Reprodução Humana pela FEBRASGO e SBRA. Mais informações em
fertilidade.babycenter.med.br.
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SUELI FERREIRA DE PAULA SILVA
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