Elas pegam pesado — e vão além: a força das mulheres na musculação e nos esportes
Plataformas como o Google mostram um aumento de mais de 200% na busca por treinos voltados para hipertrofia feminina
FERNANDA SENE
24/06/2025 11h31 - Atualizado há 3 dias
Freepik/Divulgação
Por muito tempo, o treinamento de força foi visto como território masculino. Barras, pesos e halteres ainda são, para muita gente, sinônimo de marombeiros ou atletas de elite. Mas essa realidade está mudando rapidamente. Mulheres de todas as idades, em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil, estão redescobrindo a musculação — não por vaidade: mas por sobrevivência, autonomia e saúde.
“Não se trata mais apenas de “perder barriga” ou “tonificar o corpo”. A musculação vem ganhando protagonismo como uma das estratégias mais eficazes para o envelhecimento saudável, o controle de doenças crônicas, a melhora do metabolismo e a manutenção da qualidade de vida feminina — especialmente a partir dos 40 anos”, observa Eduardo Netto, diretor técnico da Bodytech Company.
O protagonismo feminino vai além das academias. Mulheres de diferentes idades têm conquistado espaço em outras modalidades esportivas, desenvolvendo novas habilidades e ampliando sua presença em competições. Um exemplo dessa mudança foi registrado nas Olimpíadas de Paris, em 2024: pela primeira vez, 50% dos atletas participantes eram mulheres. Entre as modalidades com maior crescimento de interesse feminino está o skate, que apresentou um aumento de 48% no número de praticantes desde 2020.
Dados do estudo Women and Sports, realizado pelo IBOPE Repucom, reforçam esse avanço. Desde 2020, a prática de atividades físicas cresceu 30% no Brasil, o que representa quase 21 milhões de novos adeptos. As mulheres lideram essa movimentação: 60% dos novos praticantes são do público feminino. Os números indicam uma mudança de comportamento significativa, com impacto direto na saúde, na autonomia e na qualidade de vida.
A nova revolução feminina no exercício
Nos Estados Unidos, mais de 50% das usuárias de academias já ocupam as plataformas de levantamento de peso. No Brasl, segundo dados do IBGE, indicam que a prática de musculação entre mulheres cresceu nos últimos anos, e plataformas como o Google mostram um aumento de mais de 200% na busca por treinos voltados à hipertrofia feminina.
“Esse movimento acompanha uma mudança cultural: mulheres estão mais bem informadas, querem viver mais e melhor, e não aceitam mais envelhecer com perda de força, dores crônicas ou dependência”, ressalta o profissional de Educação Física.
Menos estética, mais ciência
Diversos estudos recentes reforçam que o treinamento com pesos é uma das melhores “vacinas” contra o envelhecimento precoce. De acordo com pesquisadores como a Dra. Stacy Sims (EUA), o treinamento de força:
• Melhora a densidade óssea, prevenindo a osteoporose.
• Preserva a massa muscular, evitando a perda funcional comum após os 50 anos (sarcopenia).
• Auxilia no controle da glicemia, do colesterol e da pressão arterial.
• Estimula a liberação de hormônios que impactam positivamente o humor, o sono e a cognição.
• Fortalece o sistema imunológico.
“Esses efeitos são especialmente importantes durante e após a menopausa, período em que muitas mulheres sofrem com ganho de peso, perda de massa magra, fadiga, insônia e alterações emocionais. A musculação atua diretamente nesses fatores, sendo cada vez mais recomendada por ginecologistas, endocrinologistas e geriatras”, enfatiza Netto.
Uma pauta de saúde pública
Ainda assim, a adesão feminina à musculação está longe do ideal. No Brasil, a maioria das mulheres com mais de 40 anos ainda é considerada fisicamente inativa. Nos Estados Unidos, 73% das mulheres não atingem os níveis mínimos recomendados de treino de força semanal, segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças).
Esses dados revelam uma oportunidade e um alerta: incluir o treino de força na rotina semanal pode ser tão importante quanto cuidar da alimentação ou visitar o médico. Trata-se de uma ferramenta poderosa para viver mais, com mais autonomia e menos doenças.
O exercício certo para o corpo e fase da vida
Não é preciso virar atleta ou passar horas na academia. “Com duas a três sessões por semana, bem orientadas, já é possível colher os benefícios. E os resultados vão muito além do espelho: mais disposição, menos dores, mais independência e uma relação mais positiva com o próprio corpo. Fortalecer-se é um ato de cuidado e, cada vez mais, um ato de consciência sobre o próprio futuro”, finaliza Netto.
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PATRICIA FERNANDA DE SENE
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