Felicidade Interna Bruta (FIB) no Brasil: País adota índice de bem-estar em 2025

Fernando de Noronha (PE) será a primeira região a ter o FIB implementado, com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos moradores do arquipélago

Fernanda Ribeiro
24/06/2025 16h23 - Atualizado há 12 horas

Felicidade Interna Bruta (FIB) no Brasil: País adota índice de bem-estar em 2025
Foto: Divulgação / Freepik

Após vários meses de conversas, visitas e trocas de informações, o índice de Felicidade Interna Bruta (FIB) chega ao Brasil, por meio de um acordo selado recentemente entre a Aguama Ambiental, empresa brasileira especializada em sustentabilidade e turismo regenerativo, e o governo do Butão. O arquipélago de Fernando de Noronha, pertencente a Pernambuco, será o primeiro território do país a aplicar oficialmente a metodologia.
 

As tratativas começaram no ano passado, quando Dasho Karma Ura, ministro do Butão, veio ao Brasil participar de um evento sobre sustentabilidade e turismo promovido na região. “Durante a vinda dele ao Brasil, surgiu a ideia de implementar o FIB em Fernando de Noronha, uma região tão importante para o mundo sob o ponto de vista ambiental e sustentável e que precisa de várias melhorias para exercer com excelência sua vocação para o turismo. E nada como a felicidade para alcançar essa finalidade”, ressalta Caio Queiroz, CEO da Aguama, empresa pioneira a trabalhar o FIB no Brasil.
 

A iniciativa visa não apenas gerar um diagnóstico profundo sobre o bem-estar da população local, mas também oferecer um modelo inspirador para outras cidades brasileiras e latino-americanas que desejam alinhar suas políticas públicas a indicadores de felicidade, sustentabilidade e saúde integral.
 

A Aguama Ambiental viabiliza a implementação em Fernando de Noronha e conta também com a parceria da Renata Rocha, fundadora do YOUniversality, plataforma que há mais de dez anos promove jornadas de conhecimento entre o Brasil e o Butão. Renata mantém uma relação estreita com o governo butanês e tem atuado como ponte para trocas institucionais, culturais e espirituais entre os dois países.
 

“O Butão tem muito a ensinar ao mundo sobre bem-estar coletivo, propósito de vida e equilíbrio com a natureza. Trazer esse conhecimento para o Brasil, começando por Noronha, é um passo histórico na construção de um novo paradigma de desenvolvimento”, afirma Renata.
 

Em contrapartida, a Aguama Ambiental vai desenvolver um aplicativo dessa metodologia com Inteligência Artificial para facilitar o trabalho de operacionalização do FIB no Butão. “Eles estão trabalhando vários projetos por lá, como a Mindfulness City, por exemplo, uma cidade que funcionará sob os preceitos do FIB. A ideia é ajudá-los no desenvolvimento sustentável por meio do aplicativo”, explica Caio.
 

Expectativas positivas
 

Para analisar essa parceria, Karma Ura cita o poema “Mundo Grande”, do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade. “ ‘Tenho apenas duas mãos, e o sentimento do mundo’. O FIB é um exemplo de como segurar em uma única mão o Butão e o Brasil, unidos por uma ideia amplamente compartilhada pela humanidade. Ele será reconhecido como um anseio coletivo – dos brasileiros ou butaneses – porque fala à verdadeira aspiração dos seres humanos em sua breve existência”.
 

Na visão do ministro do Butão, “qualquer ideia e prática que nos liberte gradualmente das crises ecológicas, das condições materiais de vida desiguais, da falta de realização interior e da divisão social é intrinsecamente valiosa, pois essas coisas desviam e dissipam as energias e a consciência humanas, em vez de nos levar ao bem-estar e à felicidade”.
 

Karma Ura evita nutrir grandes expectativas - é uma de suas filosofias de vida - mas tem boas esperanças sobre o caminho positivo desse projeto. “Espero seguirmos juntos por um caminho criativo e sábio, aprendendo uns com os outros ao longo do trajeto. A equipe de pesquisa do Centre of Bhutan & GNH Studies (CBS) certamente aprenderá coisas fascinantes com a terra e o povo incríveis do Brasil”, afirma.
 

Fases do FIB no Brasil
 

A implementação do FIB em Fernando de Noronha terá início ainda neste ano e contará com diversas fases que durarão vários anos, com a implementação de projetos contínuos com foco em felicidade.
 

O primeiro momento envolverá a “tropicalização” do questionário do FIB, adequando-o para a realidade brasileira. “Uma equipe do Butão passará 15 dias em Fernando de Noronha para trocar informações e dar início ao trabalho junto com a Aguama. Acredito que não haverá grandes dificuldades, pois o Butão já está trabalhando com a implementação do FIB em Portugal”, ressalta o CEO.
 

Após essa adaptação, o questionário será aplicado com cerca de mil moradores do arquipélago para entender um pouco mais sobre seu modo de vida e o que precisa ser melhorado. “Ele conta com nove categorias, que contemplam áreas como serviço público, saúde, moradia, meio ambiente, acessibilidade, custo de vida, entre outros”, descreve Caio.

O resultado dessa pesquisa de campo, que deve durar em torno de três meses, deve ser apresentado em setembro, durante o Festival de Sustentabilidade e Turismo que acontecerá em Noronha. “Vamos construir uma base de dados importante, com informações confiáveis, que irá ajudar na gestão pública e na elaboração de projetos, tanto públicos quanto da iniciativa privada, para sanar os gargalos”, reforça.
 

Para Caio, a aplicação do FIB é fundamental nos dias atuais. “Hoje em dia vivemos em um mundo no qual a maioria dos países só se preocupa em controlar o PIB, que envolve a riqueza que eles produzem. No entanto, em paralelo a isso, a humanidade está adoecendo, com problemas como depressão, ansiedade e outras mazelas que foram aceleradas depois da pandemia, que levou muita gente a refletir sobre a vida e reavaliar seus hábitos”.
 

O CEO da Aguama ressalta ainda que o ser humano precisa resgatar sua humanidade em um momento no qual a tecnologia orquestra grandes avanços. “É preciso cuidar de nós, do próximo, do meio ambiente. Tudo isso engloba a felicidade, que tem a sustentabilidade - econômica, social ou ambiental - como principal meio. Precisamos inserir valores como respeito, além de nutrir um capitalismo consciente, de volta à sociedade”, conclui.


 


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FERNANDA CRISTINA RIBEIRO
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