Cada vez mais brasileiros estão em busca de oportunidades de trabalho no exterior, motivados pela busca por qualidade de vida, avanço na carreira e estabilidade financeira. Paralelamente, companhias internacionais, especialmente nos Estados Unidos, têm aumentado a contratação de talentos vindos do Brasil, valorizando sua formação técnica e capacidade de adaptação a diferentes culturas.
Dados da plataforma TechFX revelam que 53,65% dos brasileiros que conseguiram emprego no exterior utilizaram o LinkedIn como principal ferramenta para se conectar com recrutadores. Indicações de conhecidos também se mostraram relevantes, sendo citadas por 22,92% dos entrevistados. Outras vias de contratação incluem agências de recrutamento (10,42%), plataformas de vagas (8,85%) e sites corporativos (4,17%).
O aumento do trabalho remoto também contribuiu para facilitar o acesso de profissionais brasileiros ao mercado global, permitindo que atuem para empresas estrangeiras sem a necessidade de mudança imediata de país. Essa modalidade não só viabiliza a construção de relações profissionais como também pode ser um caminho para futuras realocações.
No entanto, segundo Kayan Fernandes Almeida, executivo comercial com experiência em emissão de vistos e gestão de equipes internacionais, muitos brasileiros ainda enfrentam desafios ao buscar inserção no mercado global. Entre os principais obstáculos estão a falta de conhecimento sobre requisitos legais, como tipos de vistos e critérios de elegibilidade, além da barreira do idioma, que pode limitar o acesso a cargos mais altos.
“Embora muitos brasileiros tenham conhecimento do inglês, nem todos possuem o nível de fluência exigido para uma comunicação empresarial eficaz. Além disso, há o desafio da validação profissional, especialmente em áreas regulamentadas, como saúde ou engenharia, onde é necessário apresentar certificações ou realizar testes adicionais para atuar legalmente no exterior”, explica o especialista, que há 14 anos atua em áreas como investimentos, seguros e imigração.
Por outro lado, Almeida destaca que empresas norte-americanas têm buscado profissionais brasileiros devido à escassez de mão de obra qualificada em setores estratégicos. “O Brasil forma profissionais criativos, resilientes e com boa capacidade de resolver problemas complexos, habilidades muito valorizadas em ambientes de negócios dinâmicos como o norte-americano”.
“O brasileiro também é conhecido por sua flexibilidade cultural e facilidade de adaptação, o que facilita sua integração em equipes multiculturais. Além disso, muitos brasileiros trazem consigo uma mentalidade empreendedora, mesmo quando atuam como colaboradores, uma qualidade que é muito valorizada no mercado americano. Essa combinação de habilidades técnicas e emocionais torna o profissional brasileiro um diferencial competitivo no cenário internacional.”
Segundo o especialista, os profissionais do Brasil têm se destacado globalmente por suas habilidades técnicas e comportamentais, altamente valorizadas por empresas internacionais. Entre as áreas mais requisitadas estão tecnologia da informação (TI), engenharia, finanças e marketing.
“Outros fatores determinantes na contratação é o domínio de ferramentas digitais e metodologias ágeis, como Scrum, DevOps e Design Thinking, a experiência em ambientes de alta pressão e inovação, além do conhecimento em múltiplas linguagens de programação, softwares especializados e análise de dados, principalmente no setor de tecnologia”, ressalta.
Em relação às soft skills, Almeida afirma que “a adaptabilidade e flexibilidade, a boa comunicação interpessoal e trabalho em equipe, e o perfil proativo e orientado a resultados também são muito valorizados em outros países”.
Com o crescimento da demanda por brasileiros no exterior, consultorias especializadas têm se tornado peças-chave no processo de transição. Elas auxiliam desde a escolha do visto adequado até a adaptação do currículo e preparação para entrevistas.
“Em primeiro lugar, essas consultorias oferecem orientação estratégica sobre vistos de trabalho, como o H-1B (exige conhecimento especializado), o L-1 (Transferência Intracompanhia) ou o EB-2 NIW (permite que trabalhadores com habilidades e qualificações profissionais possam emigrar permanentemente para os EUA), ajudando o profissional a entender qual categoria melhor se encaixa no seu perfil e como estruturar a documentação de forma adequada”, explica Almeida.
O especialista ainda reforça que o suporte profissional pode fazer toda a diferença. “Enquanto profissionais que tentam o processo por conta própria podem enfrentar dificuldades e riscos que comprometem suas chances de sucesso, o suporte especializado pode garantir uma abordagem estruturada, reduzir erros e acelerar o processo com maior segurança”.
Em um cenário cada vez mais globalizado, os brasileiros continuam enxergando o mercado internacional como uma oportunidade de crescimento. “A busca por qualificação, networking e planejamento estratégico são fatores decisivos para quem deseja construir uma carreira fora do Brasil, seja atuando remotamente ou buscando realocação definitiva”, conclui Almeida.
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LETÍCIA VICTÓRIA DA SILVA PEREIRA
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