Festival Visões Urbanas transforma São Paulo no centro da Dança Contemporânea
Com mais de 35 ações gratuitas, entre espetáculos e performances vindos do Japão, Colômbia, Canadá, Portugal, Bélgica, Espanha e Brasil, evento é um encontro artístico que tem a dança e a cidade como eixos centrais de sua curadoria
NOSSA SENHORA DA PAUTA ASSESSORIA DE COMUNICAçãO
04/06/2025 17h05 - Atualizado há 1 dia
Crédito Raquel Castro
Aberto às diversas tendências da dança e da performance contemporâneas, o Visões Urbanas – Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas chega à sua 16ª edição. Realizado pela Cia. Artesãos do Corpo, o evento acontece de 6 a 22 de junho, em nove espaços de São Paulo e com uma extensão em Campinas. As ações ocupam unidades do Sesc (Consolação e Santo Amaro), equipamentos culturais como a Biblioteca Mário de Andrade, o Arquivo Histórico Municipal, o Centro Cultural São Paulo, o CRD-SP, além de áreas públicas como o Parque Trianon e o Vale do Anhangabaú. Entre obras artísticas de companhias consolidadas e novos criadores, a 16ª edição do Visões Urbanas – Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas apresenta cerca de 35 atividades gratuitas, que possibilitam a aproximação de artistas e comunidade. A estrutura do festival também privilegia uma intensa programação de oficinas, montagens voltadas para as infâncias na mostra Urbaninhas, coprodução de três obras inéditas de artistas periféricos e a mostra internacional de videodança InShadow, em parceria com a VoArte, de Lisboa, Portugal. Para iniciar a maratona de dança pela cidade, o espetáculo CorpoConcreto, da Cia. Base, de São Paulo, sobe, literalmente, ao prédio da Biblioteca Mário de Andrade no dia 6 de junho, sexta-feira, às 16h30. Na obra, o grupo paulista experimenta as possibilidades da dança fora do chão, o movimento suspenso usando a cenografia da cidade como fundo. O desafio da gravidade em prédios onde dançarinas possibilitam a descoberta de figuras e formas infindáveis de dançar, demonstra uma preocupação crítica com a mecanização da vida industrial nos grandes centros urbanos. Uma viagem sensorial entre a dança, o espaço urbano, o movimento e a arquitetura. No mesmo dia e local acontecem outras apresentações do festival. Flapping (Colômbia-Canadá) dos artistas Margarita Maria Milagros e Juan Kiroga, será exibido às 17h15. Na sequência, às 17h30, é a vez de Ato, da Cia. Fragmento de Dança e às 18h15, a Marrafa Dance Company (Portugal-Bélgica) mostra o solo Ghost, de Luis Marafa. A programação do dia 6 de junho continua no Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, no Bom Retiro, com a apresentação, às 20h30, da peça de dança contemporânea Minguantes, dos bailarinos espanhóis Armando Martin e Ana Beatriz Pérez, da companhia La Guajira. O coreógrafo japonês Dai Matsuoka, dançarino da Cia. Sankai Juku, é a segunda atração da noite com a performance De-tale. Espetáculos inéditos no Brasil Criado pelos artistas e pesquisadores Ederson Lopes e Mirtes Calheiros, que assinam a curadoria, e realizado pela Cia. Artesãos do Corpo, o Visões Urbanas – Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas tem como proposta usar a dança como forma de recuperar a rua, resgatar os espaços públicos, provocar e criar estranhamentos e ser um alívio ao cenário cinza e tumultuado da cidade. Segundo eles, a edição 2025 do festival traz em sua programação criações que habitam o chão, o céu, as paredes, os espaços intervalares e os espaços simbólicos e históricos da cidade. “Os artistas compartilharão com o público suas inquietações, poesias e artes em forma de gestos, movimentos, manifestos e danças e questionarão sobre o real sentido do espaço público e sobre as formas da arte habitar e dialogar com a cidade e seus cidadãos. Quando movemos nossos corpos na cidade algo se modifica e transforma o entorno”, pontua Mirtes Calheiros. Com obras e artistas de São Paulo, Diadema e Belo Horizonte, além de Japão, Colômbia, Canadá, Portugal, Bélgica e Espanha, o festival traz em sua programação quatro espetáculos internacionais inéditos no Brasil. Dançarino da consagrada Cia. Sankai Juku, o coreógrafo e bailarino japonês Dai Matsuoka, apresenta a performance De-tale. Estreada na Kanagawa Arts Theater Exhibition 2017, a obra é um solo criado para misturar as emoções primitivas que os movimentos simples do corpo poderiam estimular com a intensidade da linguagem acumulada de butô. Reconhecida como uma das 10 melhores obras do ano em Portugal pelos prestigiados jornais Público e Expresso, Ghost, da Marrafa Dance Company (Portugal-Bélgica), é um solo de oito minutos de Luis Marafa em plena harmonia com a música de Bach. Em cena, um homem recém-nascido emerge, deixando para trás a escuridão do passado. Vestido com cores renovadas, ele personifica a transformação e o renascimento. Também fazem suas estreias no Brasil as obras Minguantes, dos bailarinos espanhóis Armando Martin e Ana Beatriz Pérez, da companhia La Guajira, que mergulha no universo temporal de dois indivíduos que envelhecem e Flapping (Colômbia-Canadá) dos artistas Margarita María Milagros e Juan Kiroga, inspirada na ação de voo de um pássaro a partir de diferentes padrões rítmicos de sapateado. Pluralidade Com temas urgentes e atuais, as obras presentes na programação trazem para o espaço urbano debates sobre a invisibilização de corpos, a política e o diálogo com outras linguagens artísticas, como a performance e as artes visuais. É o caso de Duo para 2 Perdidos, da Cia Dual (SP), que aborda a relação entre dois mundos corporais distintos em choque e diálogo a partir de suas singularidades. Baseado no universo do texto teatral Dois Perdidos Numa Noite Suja, de Plínio Marcos, o espetáculo com Hélio Feitosa e Ivan Bernardelli lança olhares para um vocabulário corporal que evidencia contrastes. A representação das mulheres nas artes cênicas e nos bastidores emerge como uma força crítica e criativa que desafia estruturas patriarcais, dá voz às experiências femininas e promove a equidade de gênero. No espetáculo In(tensões), da Cia. Palácio das Artes, de Belo Horizonte (MG), o elenco masculino atua sob a direção do elenco feminino revisitando as obras de repertório da companhia. A partir dessa configuração, a obra se reinventa e se adapta aos espaços de apresentações. Já Ato, da Cia Fragmento de Dança (SP) e direção de Vanessa Macedo, é inspirado na forma como as pessoas se organizam em atos e manifestações políticas. Os gestos são os disparadores de uma construção que se complexifica na insistência, na repetição, no ritmo e nos corpos que se organizam como se fossem um quadro vivo. Inspirados pela série de fotos Esculturas do Inconsciente, do fotógrafo Tatewaki Nio, que capturam paisagens suspensas no tempo, aparentemente desocupadas, repletas de sombras, de sobras, de texturas atemporais e de inacabamentos, a Cia. Artesãos do Corpo apresenta Estranhos seres nebulosos e ilusórios. Dançar a cidade No espetáculo Fantasias Brasileiras, do coletivo paulistano Pérfida Iguana, uma comissão, formada por artistas de diferentes formações e gerações da dança, busca exumar na rua danças do histórico Balé IV Centenário que tematizaram o Brasil nos anos 50. A partir do encontro entre os personagens shakespearianos Ophelia e Hamlet, a montagem Ophelia [Te]ctônica & Hamlet em Necropolis, da Taanteatro Companhia (SP), evoca questionamentos existenciais e éticos. O hipertexto da performance associa fragmentos de Shakespeare e Heiner Müller, falados ao vivo e em off, com glossolalias, sonoridades sinfônicas e eletroacústicas com a linguagem corporal. A improvisação e o contato físico como meio de comunicação são o ponto de partida de Só se for Agora, do Núcleo Improvisação em Contato (SP). Na obra, os bailarinos revelam o invisível por meio da dança e na relação entre corpo, espaço, poesia e música. Trilhares, da Cia. Damas em Trânsito e os Bucaneiros (SP) é uma performance itinerante de dança que ocupa diferentes espaços do Centro Cultural São Paulo. Como em um passeio pelos espaços do CCSP, o público é levado pela dramaturgia espacial que fala sobre as qualidades dos encontros, cumplicidades, afetos, tensões e desejos. Incentivo para jovens artistas periféricos O Visões Urbanas – Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas abre espaço para que artistas, que desenvolvem suas pesquisas em espaços e territórios fora do centro, compartilhem suas potências criativas e trajetórias singulares por meio de coproduções. A ideia é abrir o diálogo, à escuta e ao reconhecimento de narrativas que muitas vezes são invisibilizadas. Em 2025, o festival selecionou três espetáculos, que fazem suas aberturas de processos criativos. O solo de Lucimeire Monteiro Ìrìn Àjò – Corpo em Travessia, investiga os atravessamentos entre corpo, cidade e espiritualidade afro-brasileira, partindo da metáfora da jornada como movimento ancestral, rito e decisão. Sonhado pelas investigações de Erico Santos, Caboclinho é um trabalho que pulsa ao ritmo das infâncias encantadas. O processo de pesquisa, inspirado nos caboclinhos da Jurema Sagrada, é guiado pela história de um caboclinho que nasce na mata, se perde na fumaça do concreto e reencontra sua força ancestral ao lembrar quem é. Dudu, do Revide – Núcleo de Dança e Performance, é um solo da artista Ana Musidora sobre a metamorfose, o processo de enraizamento da semente de jatobá. Dança para crianças Seguindo a tradição de uma programação dedicada às infâncias, a 16ª edição do festival não poderia ser diferente e traz quatro espetáculos dentro da mostra Urbaninhas. Zzzzzzonas de Ação, da Plataforma Panelinhas (SP) é uma dança-instalação, um diálogo entre composição coreográfica e improvisação, que faz a praia visitar a cidade por alguns instantes. Espetáculo de dança do Núcleo Pé de Zamba (SP), para crianças e seus acompanhantes, Cor-Ação se inspira na beleza e na alegria causadas pela presença das cores nas manifestações culturais brasileiras. Com música ao vivo autoral, o espetáculo mergulha nas qualidades e funções que as cores podem ter sobre as pessoas e sobre suas vidas. A importância do respeito, da amizade e da solidariedade norteia a montagem Vamos!, da Cia de Danças de Diadema (SP). Por meio de movimentos expressivos, o espetáculo celebra a empatia desinteressada, aquela que surge simplesmente por sermos humanos. Jacking Baile: Performance é uma iniciativa da companhia Nós D’água de Dança (SP), que propõe uma imersão na cultura House por meio da dança e da música. A performance valoriza a ancestralidade negra e convida o público a participar ativamente, compartilhando a pista com dançarinos e músicos em uma experiência coletiva e vibrante. Entre corpos e ideias Além das apresentações que ocupam os espaços urbanos com dança, o Visões Urbanas – Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas também propõe encontros que estimulam o pensamento, a criação e o movimento. Uma série de atividades formativas integram a programação como espaços de troca entre artistas, público e pesquisadores. A edição 2025 aposta em oficinas com a proposta de reunir vozes de diferentes origens e trajetórias para compartilhar experiências e refletir coletivamente sobre questões estéticas, sociais e políticas que atravessam a dança contemporânea no contexto urbano. Os espanhóis Armando Martén e Ana Beatriz Pérez ministram a oficina Corpo Paisagem – Dança Afro Cubana, enquanto o japonês Dai Matsuoka conduz uma aula de Dança Butô e Luis Marrafa, de Portugal, aborda a dança contemporânea no encontro Flow. Radicado no Brasil desde 1994 Toshi Tanaka aplica a oficina Performance Fugaku e Mirtes Calheiros e Ederson Lopes, curadores do Visões Urbanas, conduzem, respectivamente, as aulas práticas Dança-Teatro e Poéticas da Presença – Dança-Teatro. Destaque da grade de ações formativas, a oficina Dança e Audiodescrição, com Livia Mota, do Ver com Palavras, é uma proposta que vem ganhando destaque junto com a preocupação de artistas e instituições sobre as questões de acessibilidade e democratização da arte. Durante o Visões Urbanas – Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas, será realizada a Mostra Internacional de Videodança InShadow, que apresenta um panorama da produção contemporânea nesta linguagem. Nesta edição, serão exibidas as sete videodanças premiadas no festival realizado em Lisboa, Portugal, em 2024. Em uma seleção poética, potente e vertiginosa, as obras – vindas de diferentes partes do mundo – traduzem emoções e sensações por meio de movimentos, enquadramentos, coreografias e narrativas construídas com o corpo e a câmera. O programa inclui as seguintes obras: Pendulum, de Anna Boekelder (Bélgica); Coreomania: Hora de Ponta, de Rodrigo Pereira Esteves (Portugal); Epilogue (Extinction), de Yi Hng Tan e Leonard Yee (Singapura); Together, de Ísak Hinriksson (Islândia); The War of the Birds and the Beasts, de Yuldus Bakhtiozina (Rússia); APXH (Beginning), de Maja Zimmerlin (Suíça); e Olhares, de Alexia Fernandes (Portugal), que serão exibidas em dois dias: um na ADEVA – Associação de Deficientes Visuais e Amigos, com recurso de audiodescrição, e outro na Biblioteca Mário de Andrade. Extensão na cidade de Campinas Em 2025, o Festival Visões Urbanas expande seu alcance com uma extensão especial na cidade de Campinas, reforçando seu compromisso com a descentralização da dança contemporânea. A programação leva ao público campineiro os espetáculos Duo para 2 Perdidos, da Cia Dual e Vamos!, da Cia de Danças de Diadema, promovendo o encontro entre artistas e novas paisagens urbanas. A ação amplia a visibilidade de companhias paulistas e convida a cidade a viver a dança em diálogo com o espaço público. Sobre o Festival Visões Urbanas Iniciativa da Cia. Artesãos do Corpo criada pelos artistas e pesquisadores Ederson Lopes e Mirtes Calheiros. Desde sua primeira edição em 2006, o festival tem promovido o encontro entre dança contemporânea e espaços urbanos, transformando ruas, praças e edifícios de São Paulo em palcos para performances que dialogam com a cidade e seus habitantes. Ao longo de suas edições, o Visões Urbanas já contou com a participação de artistas de diversos estados do Brasil e de países como Portugal, Espanha, França, Argentina, Uruguai, Colômbia, Turquia, México, Estados Unidos, Cuba, Alemanha, Bélgica, Itália, Japão, Moçambique e Ucrânia. O festival integra a rede CQD – Cidades que Dançam, conectando São Paulo a outras cidades ao redor do mundo que compartilham a proposta de levar a dança para o espaço público. Em 2025, o Visões Urbanas chega à sua 16ª edição, reafirmando seu compromisso com a democratização da arte e a valorização da diversidade cultural nas paisagens urbanas. Serviço: VISÕES URBANAS – FESTIVAL INTERNACIONAL DE DANÇA EM PAISAGENS URBANAS 6 a 22 de junho Programação completa e informações no site visoesurbanas.com.br e na página do Instagram @festivalvisoesurbanas Locais das apresentações e ações formativas: Biblioteca Mário de Andrade – Rua da Consolação, 94 – República, São Paulo. Arquivo Histórico Municipal – Praça Cel. Fernando Prestes, 152 – Bom Retiro, São Paulo. Sesc Consolação – Rua Dr. Vila Nova, 245 – Villa Buarque, São Paulo. Sesc Santo Amaro – Rua Amador Bueno, 505 – Santo Amaro, São Paulo. Centro de Referência da Dança [CRD SP] – Galeria Formosa Baixos do Viaduto do Chá s/nº, Praça Ramos de Azevedo – Centro Histórico, São Paulo. Centro Cultural São Paulo – Rua Vergueiro, 1000 – Liberdade, São Paulo. Parque Trianon – Avenida Paulista, 1700 – Cerqueira César – São Paulo. Estúdio Artesãos do Corpo – Rua Martim Francisco, 661 sobreloja – Santa Cecília, São Paulo. ADEVA – Associação de Deficientes Visuais e Amigos – Rua Dr. Tirso Martins, 211 – Vila Mariana, São Paulo. Sesc Campinas – Rua Dom José I, 270/333 – Bonfim, Campinas. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
FREDERICO PAULA JUNIOR
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