Presença feminina cresce em órgãos de segurança, mas desafio contra a violência de gênero ainda é coletivo

ANA LOPES|AL9 COMUNICAçãO
02/06/2025 21h17 - Atualizado há 2 dias

Presença feminina cresce em órgãos de segurança, mas desafio contra a violência de gênero ainda é coletivo
Foto: G1
Por Adriana Ramalho

Nos últimos anos, a presença de mulheres em órgãos de segurança pública (delegadas, policiais militares, civis, federais e guardas municipais), tem aumentado significativamente, refletindo uma mudança gradual em espaços historicamente dominados por homens. Esse avanço representa uma conquista importante em termos de equidade de gênero, mas também levanta um alerta: além da representatividade, combater a violência contra as mulheres não é uma responsabilidade exclusiva dessas profissionais, é essencial fortalecer políticas de enfrentamento à violência contra mulheres em toda a sociedade.

 

Quanto mais mulheres na segurança, mais perspectivas de gênero.

De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a presença feminina nas corporações aumentou quase 40% na última década. Em alguns estados, já é possível encontrar mulheres liderando batalhões da PM, dirigindo investigações complexas e ocupando cargos de comando em delegacias especializadas no atendimento à mulher. O ingresso de mulheres em cargos de comando e investigação tem contribuído para uma abordagem mais sensível em casos de violência doméstica, assédio e feminicídio. 

Apesar dos avanços, o caminho ainda é longo. As mulheres representam apenas 13% do efetivo total das forças de segurança no país. Além disso, enfrentam desafios internos como o assédio, a desigualdade de oportunidades e a sobrecarga emocional de atuar em casos de violência doméstica e feminicídio – crimes que continuam crescendo em diversas regiões do Brasil.

Especialistas alertam que o combate à violência contra a mulher vai além do reforço policial. É uma questão estrutural que exige políticas públicas integradas, educação de base, ações preventivas nas comunidades e o envolvimento direto de homens, escolas, empresas e instituições religiosas.
Segundo o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam) 2025, divulgado pelo Ministério das Mulheres, o Brasil registrou 1.450 casos de feminicídio em 2024, representando uma média de quatro mulheres assassinadas por dia. Além disso, foram contabilizados 71.892 casos de estupro de mulheres no mesmo ano, o que equivale a 196 vítimas por dia.

Enquanto as mulheres conquistam espaços antes inacessíveis, a luta por uma sociedade mais segura e igualitária continua — e exige ação coletiva. A ascensão das mulheres nas forças de segurança é, sem dúvida, um avanço civilizatório. No entanto, a verdadeira transformação virá quando a violência contra a mulher deixar de ser tratada como um problema feminino e passar a ser enfrentada como uma urgência coletiva, que começa nas pequenas atitudes do dia a dia e exige o comprometimento de todos.

Adriana Ramalho bacharel em Direito, é Política (vereadora em SP 2016/2020), ativista social e palestrante sobre combate a violência doméstica, alienação parental, empreendedorismo feminino, e saúde mental.
 
Fonte: AL9 Comunicação

 

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ANA MARIA DE SOUZA LOPES
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